Rússia aprova regulamentação da primeira vacina

2015-04-10_190211

O presidente Vladimir Putin disse, na terça-feira, 11, que a Rússia se tornou o primeiro país do mundo a aprovar a regulamentação para uma vacina contra a covid-19, após menos de dois meses de testes em humanos.

Putin afirmou que a vacina, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, é segura e que até mesmo foi administrada em uma de suas filhas. “Sei que funciona de maneira bastante eficaz, forma uma forte imunidade e, repito, passou em todos os testes necessários”, disse Putin. O presidente espera que o país comece a produzir a vacina em larga escala em breve. O ministro da Saúde russo, Mikhail Murashko, já havia anunciado que a imunização deve começar em outubro. A partir da aprovação pelo Ministério da Saúde do país, inicia-se um estudo maior envolvendo milhares de participantes, conhecido como fase 3. Esses ensaios, que exigem uma certa taxa de participantes que contraem o vírus para observar o efeito da vacina, são normalmente considerados precursores essenciais para que um imunizante receba aprovação regulatória. Os profissionais de saúde russos que tratam pacientes com covid-19 terão a chance de se voluntariar para serem os primeiros vacinados, juntamente com professores, logo após a aprovação do imunizante.

De acordo com Kirill Dmitriev, CEO do Fundo Russo de Investimentos Diretos, o país já recebeu pedidos de mais de 20 países para 1 bilhão de doses do seu imunizante. Em uma audiência no Congresso neste mês, Anthony S. Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, disse que seria problemático se os países disponibilizassem uma vacina antes de testes extensivos. “Espero que os chineses e os russos estejam realmente testando a vacina antes de administrá-la a qualquer pessoa, porque as alegações de ter uma vacina pronta para distribuir antes de fazer o teste, eu acho, são problemáticas”, disse Fauci. A candidata russa até agora foi testada em pequenos ensaios clínicos iniciais projetados para encontrar a dose certa e avaliar a segurança. O imunizante foi administrado em cientistas que o desenvolveram, em autoexperimentação que é incomum na ciência moderna, em 50 membros do exército russo e alguns outros voluntários.

A maior parte do que os cientistas externos sabem sobre a vacina vem de fontes indiretas e não de estudos médicos publicados pelos pesquisadores russos. Dmitriev reconheceu que, embora isso possa ser incomum em outros lugares, a Rússia é tradicionalmente reservada em seus esforços científicos. Mas, segundo ele, os resultados das fases 1 e 2 serão divulgados até ao final deste mês.
Dmitriev disse que sua confiança pessoal na vacina da Rússia era tão alta que ele, sua esposa e seus pais, ambos com mais de 70 anos, foram cobaias. Ele informou que apenas sua esposa relatou uma febre leve na primeira noite após a imunização. A OMS informou que está discutindo com as autoridades de saúde russas o processo para uma possível pré-qualificação para a vacina contra a covid-19.