Roupas para cães: usar ou não?

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Animais com doenças de pele não devem usar roupas, pois diminui a oxigenação da pele

Roupas, laços, sapatos e afins. Seu pet mal chegou em casa e já tem um guarda-roupa completo à disposição. Que os peludos ficam graciosos com esses acessórios, não há dúvidas. Mas será que tantos apetrechos atrapalham os animais ou, ainda, fazem mal à saúde deles?

Uso liberado
Segundo Rodrigo Lamas Lopes, médico veterinário da Clínica Veterinária Tatuapé, o uso de roupas é relativo. “Em animais sadios não há proibição. A restrição fica por conta daqueles que sofrem com doenças de pele, como a dermatite, pois o acessório diminuia oxigenação da pele e pode piorar o problema.” Se o seu pet se enquadra nessa condição, a roupinha deve ser utilizada esporadicamente, apenas para rápidos passeios, e retirada assim que chegar em casa. Além disso, o especialista aconselha a verificar se a pelagem está totalmente seca antes de colocar a vestimenta. Os animais de pelagem curta podem usar e abusar das peças, desde que mantenham a escovação em dia, para não correr risco de se formarem nós, e o donoesteja atento ao comportamento do pet. Sinais como inquietação ou imobilidade demonstram desconforto, nesses casos, aceite o fato de que seu peludo não gosta de roupas.

Combinação perigosa
O esteticista animal Jonathan Skolimoski, de Santos-SP, alerta quanto ao risco do uso pouco comedido de roupas e acessórios em cães de pelagem longa. “Com intenção de demonstrar afeto, os donos pecam pelo exagero. A roupa deve ser utilizada em alguns momentos, como em passeios ou festas, não todos os dias. Quando isso acontece, a pelagem fica repleta de nós”, ressalta. Poucos estabelecimentos são especializados no chamado “desembolo” dos nós e acabam por tosar completamente o animal. A partir desse momento começa a descaracterização, pois, quando raspados, os fios têm sua estrutura alterada.
“Cães da raça Maltês, por exemplo, que têm em sua essência pelos lisos e brilhantes, podem ficar com a pelagem armada e até ondulada”,explica o esteticista. Skolimoski afirma ainda que oschamados “cães de neve”, como o Husky Siberiano e o Samoieda, já contam com proteção natural contra o frio. “São animais que têm três camadas de pelos, suficiente para que sobrevivam a um inverno rigoroso. Se a intenção ao utilizar roupas é aquecer o bicho, não hápor que se preocupar. Eles ficam muito bem sem elas”, garante.
O ideal é que o animal tenha acesso a ambientes fechados durante a noite, evitando correntes de ar e intempéries. Quando estiverem dentro de casa, controle a temperatura para o espaço ficar aconchegante.

Cães mais sensíveis
Outro problema muito comum é a alergia a tecidos, uma questão que independe da época do ano ou da temperatura local. E, nesse quesito, cães de pele rosada têm maior probabilidade de apresentar o transtorno, pois são mais sensíveis. Lopes conta que é alta a incidência de alergia ao algodão, que vem acompanhada de uma série de sintomas, como coceira, pápulas (áreas avermelhadas e redondas) e, em casos mais raros, inchaço de lábios, olhos, orelhas eaté sufocamento. Caso isso aconteça com seu pet, a sugestão é tirar a roupa do animal e levá-lo imediatamente a um médico veterinário de confiança.
A alergia pode vir também devido ao uso de químicas na hora da lavagem das roupinhas do animal de estimação. É comum cachorros sofrerem com determinados produtos de limpeza, entre eles sabão em pó, cândida e cloro. Por isso, o melhor é que as roupas dos pets sejam lavadas com sabão neutro ou até sabão de coco.

Calçados que protegem
Ao contrário do que muitos pensam, os sapatinhos não são acessórios prejudiciais e podem até ser recomendados por veterinários em algumas situações, como, por exemplo, após cirurgias nas patas ou dedos, pois evitam que o animal lamba as cicatrizes ou que as bactérias tenham acesso ao local, impedindo infecções.
Outra grande utilidade dos sapatinhos é a proteção contra o chão extremamente quente. Em dias de muito calor, um simples passeio no parque ou mesmo nas calçadas pode causar sérios ferimentos e queimaduras nas almofadas das patas (coxins). “Cortes, queimaduras, descolamento da pele dos coxins, bolhas e feridas podem resultar em infecções, e a cicatrização costuma ser lenta, em razão da constante pressão colocada na pata quando o cão anda ou fica em pé”, explica Lopes. O especialista sugere que todos os acessórios sejam apresentados aos poucos para os bichos e que eles sejam acostumados a utilizá-los desde filhotes. “A técnica de reforço positivo é a melhor forma para acostumar um cão. A dica é associar o fato de colocar roupa com uma recompensa agradável, como passear ou ganhar brinquedos e petiscos”, ensina.