Próxima safra vai ser prejudicada por causa das poucas horas de frio no inverno, afirma produtor de uvas

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O vereador e produtor agrícola Onécimo Pauletti tem uma propriedade de seis hectares em Monte Belo do Sul, onde planta diversas variedades de uva, entre elas a chardonnay e outras “comum” para suco, vinho tinto e branco e espumante. Anualmente, sua safra tem produção de 90 a 100 mil kg de uva (neste ano chegou a 95 mil kg), sendo que 40% é vinífera e 60% para suco. Pauletti já trabalha para a próxima safra, mas teme que os resultados não sejam tão bons. “Este clima já um sinal de que não vai ter uma safra cheia. Pode até que seja boa, mas igual a do ano passado não vai ser”, lamenta.
“As parreiras já estão começando a brotar, principalmente as da uva que dão mais cedo. O problema é que se fizer frio e der geada, ela pode até brotar depois, mas sem a fruta”, projeta, afirmando que esse é o seu maior medo.
O agricultor conta que aposta também nas uvas comuns, que costumam brotar mais tarde, para não ter prejuízo total da produção. No entanto, se queixa da falta de incentivo do Governo Federal. “Uma das saídas seria o seguro agrícola, mas para cobrir o caso de geada ele é muito caro e fica inviável para o produtor porque tem pouco retorno. Além do mais, a gente trabalha muito e as vezes não cobre nem o preço do custo. O governo deveria dar mais subsídios e inventivo para a gente. Se assim fosse, a gente trabalharia ainda mais”. Pai de dois filhos, Pauletti diz que um deles faz faculdade e mora na cidade, e o mais novo ajuda, mas não pretende seguir os passos do pai.
“Sem incentivo, o agricultor acaba abandonando tudo e indo para a cidade. Percebo que meus filhos não têm vontade de seguir aqui. No futuro, se não mudar, não vai mais ter comida para colocar na mesa”.
O vereador também saliente que a burocracia atinge negativamente a vida do agricultor. “É muita exigência, nota eletrônica, a gente não tá muito por dentro de como vai fazer. A internet é cara. Se querem exigir da gente, têm que dar condições,dar internet, curso para a gente saber usar, a gente não sabe., não é da nossa era”, comenta.
Apesar do descontentamento, Pauletti segue com a sua produção. Neste inverno, por exemplo, realizou ao menos mil enxertos. “É um método antigo, direto no parreiral. Demora dois anos para começar a brotar. É um trabalho que pouca gente faz, e se contrata alguém para fazer é muito caro, então eu mesmo faço. É necessário porque tem uva que precisa ser renovada a cada 10, 15 anos”, explica.
As uvas de Pauletti são comercializadas para vinícolas, mas ele diz que guarda um pouco para a produção de vinho colonial para consumo próprio. “Aqui na colônia todo mundo faz um pouco de vinho para consumir nas refeições”, finaliza.

Enxertia ajuda na defesa contra pragas

A enxertia é uma prática antiga que é utilizada em quase todas regiões vitícolas do mundo. Protege contra a filoxera, uma praga limitante ao desenvolvimento de cultivares de Vitis vinifera. Os porta-enxertos ainda podem ser usados para adaptação de condições climáticas e adaptação a diferentes tipos de solo. Os porta-enxertos induzem maior vigor, precocidade de produção e maior produtividade às copas em relação ao pé-franco.
É fundamental na escolha do porta-enxerto o objetivo da exploração. Para a produção de uvas de mesa, de uvas para vinho de consumo corrente (comuns) e de uvas para suco, é recomendável a utilização de porta-enxertos vigorosos. Quando o objetivo é a produção de uvas de alta qualidade para a produção de vinhos finos ou produção antecipada de uvas de mesa, devem ser preferidos os porta-enxertos de baixo vigor.
As principais vantagens do uso da enxertia são: a) maior desenvolvimento inicial das plantas, o que proporciona maiores colheitas nos primeiros anos de produção; b) maior vigor geral das plantas, assegurando maior produtividade do vinhedo; e, c) produção de cachos e bagas de maior tamanho, características de qualidade essenciais na produção de uvas de mesa. As principais vantagens de uso do pé-franco são a facilidade para produzir as mudas e a maior longevidade do parreiral.