Programa de qualificação de viveiristas alavanca produção nacional de mudas de videira

2015-04-10_190211

Ações previstas no Programa Mudas de Qualidade, coordenado pela Embrapa Uva e Vinho, resultaram em aumento de 22% de vinhedos formados a partir de mudas comerciais desde 2012 quando foi iniciado no Sul do Brasil. No mesmo período, observou-se redução nas importações de mudas em 9%. Além disso, o Cadastro Vitícola registrou pela primeira vez, desde o início dos levantamentos, decréscimo de 13% da produção de mudas na propriedade e do plantio de mudas em pé-franco (quando o produtor não utiliza porta-enxerto e apenas planta a variedade copa retirada das plantas do próprio vinhedo).
Apenas no Rio Grande do Sul, maior estado produtor de uvas, a comercialização dos cinco viveiristas acompanhados pelo programa triplicou desde 2012 e, este ano, eles somaram mais de um milhão de mudas produzidas. “Cabe destacar que a renovação de vinhedos e a formação de novas áreas é um processo lento na fruticultura, porém os dados já apontam uma sensível melhora de indicadores estagnados há anos,” conta Daniel Grohs, engenheiro-agrônomo da Embrapa Uva e Vinho (RS) à frente do Programa Mudas de Qualidade, que reúne instituições públicas e privadas. Ele também ressalta que a redução das importações é um indicador relevante, pois mostra que especialmente o setor vinícola está valorizando a tecnologia nacional.
Isso foi possível graças ao protocolo de produção estabelecido pelo programa que resultou em mudas de qualidade superior. Para apoiar sua adoção, uma ampla rede de transferência foi utilizada para sensibilizar produtores sobre os benefícios do plantio de mudas obtidas nos viveiros credenciados pelo programa. As recomendações técnicas subsidiaram a elaboração de um padrão que está sendo regulamentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o setor. O sucesso da estratégia fez aumentar o número de viveiros credenciados, que já são dez no Brasil, e, apenas no Rio Grande do Sul, promoveu aumento de 6% ao ano na comercialização de mudas, desde a implantação do programa.
Os trabalhos desenvolvidos pela equipe de pesquisa permitiram estabelecer recomendações técnicas a serem observadas nas etapas da produção de mudas. Além disso, o programa forneceu material básico (mudas) com qualidade fitossanitária, genética e agronômica para formação das plantas matrizes − aquelas plantas doadoras dos propágulos utilizados na produção da muda.
“Em 2012, os viveiristas produziam mudas sem saber se iam conseguir vendê-las. Hoje, para adquirir mudas junto aos viveiros participantes do projeto, o viticultor precisa fazer reserva com, pelo menos, 12 meses de antecedência,” conta Grohs. “Para um setor no qual a tradição é a informalidade na produção da muda, em que se faz a muda a partir de plantas existentes na propriedade ou em vizinhos, esses dados são de grande importância”, avalia.