Profissionais alertam para os riscos do CrossFit sem acompanhamento especializado

2015-04-10_190211
Natália buscou uma atividade física que não fosse monótona

Muitas pessoas escutam falar sobre o CrossFit e os rápidos resultados que são obtidos na modalidade. Combinando exercícios que se assemelham aos realizados no Exército (subir em cordas, virar pneus, carregar objetos pesados, remar, etc.), o programa funcional de força e condicionamento tem como finalidade melhorar as capacidades físicas do praticante. No entanto, a prática ganhou as manchetes nacionais há um ano e meio, quando um homem morreu em uma academia brasiliense depois do treino, ao sofrer uma parada cardiorrespiratória. O assunto abriu a possibilidade do questionamento de quais os possíveis malefícios do CrossFit.
Segundo a Personal Trainer, Mestre em Ciências do Movimento Humano e Especialista em Atividade Física e Saúde, Reabilitação e Quiropraxia, Aline Rodrigues, o fundador da prática, o norte-americano Greg Glassman, reuniu um série de movimentos já existentes em forma mais dinâmica e adaptou a determinado tempo de realização, utilizando a randomização e circuitos de curta duração e alta intensidade. “De fato essa abordagem veio trazer algo de novo ao mundo fitness , o fator competição. Nessa modalidade é possível que as pessoas se superem. De certa forma há de se reconhecer o banho de ‘novidade’ que o CrossFit derrubou sobre o que já vinha sendo praticado em academias e clubes . As pessoas já estavam ficando saturadas de atividades nas quais o mais importante é acertar a coreografia a educar e corrigir as pessoas na aprendizagem do movimento”, explica.
Para a profissional, o que realmente preocupa na modalidade é que os praticantes exagerem na prática. “O CrossFit está na moda e essa frase por si só denota perigo. Isso porque existe uma tendência não só de exagerar na dose como também de menosprezar as bases sólidas de construção de padrões de movimentos funcionais, onde aspectos como controle motor estabilidade e mobilidade jamais podem ser desconsiderados . A lógica de treinar ‘para suar’ não é suficiente”, alerta Aline.
“Um movimento mal executado repetido diversas vezes acaba por desconstruir e adulterar a sequência de ativação muscular ideal, potencializando assim o risco real de uma lesão músculo-esquelética”.
Segundo a profissional, o problema não é o treinamento intenso, mas na dose. “O erro de dosagem pode ser diagnosticado como rabdomiolise, uma condição grave que consiste na degradação do músculo e na consequente liberação de substâncias celulares para a corrente sanguínea através de dose exagerada de treino. Isso é, quando o corpo extrapola a condição de reparar a lesão se tornando desequilibrado”, orienta. Os sintomas incluem dores musculares , náuseas , fraqueza, inchaço nos músculos e em caso extremos insuficiência renal aguda e até óbito .
Entretanto, os malefícios não estão somente associados ao Crossfit. “São sintomas associados a qualquer modalidade esportiva que leve o atleta para a fase posterior à exaustão. E é aí que entramos na questão ‘profissional capacitado’. E quando falo isso não me refiro apenas em um motivador de treino mas um profissional que realmente entenda de bases metabólicas e de individualidade e especificidade de treinamento”, comenta. A especialista aconselha uma avaliação diagnóstica com profissional capacitado antes de começar a treinar Crossfit ou qualquer modalidade, para prevenir lesões e maximizar a performance desejada.

Há mais de um ano
Aline atende pacientes que praticam a modalidade. Entre eles, Alex Schenato, que tem acompanhamento da profissional há seis meses, mas está no CrossFit há mais de um ano. Segundo ele, com a terapia, a amplitude de alguns movimentos melhorou muito. “Movimentos que não conseguia fazer, já consigo. A postura está muito melhor, me sinto de cabeça erguida o tempo todo. O corpo que estava sempre tensionado está mais leve, musculatura mais solta, o que ajuda no dia a dia e na prática de exercícios físicos”, conta.
“Como praticante de crossfit, a terapia ajudou na melhora postural na execução de alguns movimentos e ganhei amplitude em outros que até então não conseguia fazer, as tensões pós treino estão menores”

Se apaixonou
Assim como Alex, Natália começou no CrossFit há um ano. Ela estava em busca de uma atividade física que não fosse monótona. “Marquei uma aula e me apaixonei. As aulas são incríveis, os professores excelentes e o box completo com todos os equipamentos. Meu corpo mudou muito rápido, consegui resultado em pouco tempo. Eu tinha medo de ficar com o corpo muito grande por causa do levantamento de peso, mas foi ao contrário, pois perdi medidas e consegui definir mais o corpo. Também mudei a minha alimentação, hoje ingiro muito pouco carboidrato e mais proteínas”.
Para ela, a modalidade ajudou a fortalecer o joelho, mas ela enfatiza que procurou um médico antes de iniciar a prática.
“Tenho um pequeno problema no joelho que me impedia de fazer algumas atividades, então fui a um médica antes de iniciar. Recomendo o CrossFit para quem quer se desafiar a buscar o melhor de si, mudar o estilo de vida, ter mais disposição e qualidade de vida melhor”.