“O desperdício mata as empresas aos poucos”

2015-04-10_190211

Média de desperdício nas empresas da região é de 10%, diz professor da UCS no CIC-BG

 

Os índices de desperdício numa organização podem matá-la aos poucos, advertiu o professor da UCS Ademar Galelli, em palestra-almoço proferida nesta segunda-feira, no Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG).
Segundo ele, estima-se que as empresas da região tenham uma margem média de desperdício – seja de matéria-prima, energia, tempo, mão de obra, recursos, estoque, etc – de, no mínimo, 10%, acarretando em perdas bilionárias todos os anos. Significa que, caso utilizarmos o exemplo do PIB na área de atuação da UCS, de R$ 50 bilhões, o desperdício seria responsável por gerar perdas de R$ 5 bilhões.
Conforme o segmento econômico, os índices podem ser ainda mais preocupantes, como os 42% registrados no setor da construção civil, conforme uma pesquisa acadêmica em Caxias do Sul, ou os 30% na área da agricultura, segundo a Embrapa. “Assim como as pessoas, as empresas também adoecem e vão preparando sua morte devagarinho”, disse Galelli, professor nos Programas de Pós-Graduação em Administração e Engenharia de Produção da UCS.
Para que a situação não chegue ao extremo, várias ações podem ser aplicadas para identificar os desperdícios, desde uma simples reunião de brainstorm, passando pelo diagrama de Ishikawa até chegar ao conjunto de prática conhecido como Seis Sigma. As empresas também devem procurar utilizar o clico PDCA – “essência básica da melhoria contínua” – para planejar, executar, avaliar e melhorar, exercer a liderança para comprometer a equipe e também investir em qualidade. “Não existe custo zero para a qualidade. Se treinamento e qualificação custam caro, experimente a ignorância”, disse o palestrante, doutor em Engenharia de Produção pela Marquette University (EUA).
Para Galelli, essas ações acabam não só retomando a força competitiva das empresas, mas favorecendo toda a sociedade. “As empresas são entidades fundamentais para uma sociedade, porque tem geração de valor, empregabilidade, especialização do trabalho. Uma empresa que não dá lucro está prestando um desserviço à sociedade”, comentou.

Esfera pública também deve combater desperdício
O presidente do CIC-BG, Elton Paulo Gialdi, afirmou que é preciso combater a cultura do desperdício para tornar as empresas mais eficientes e lucrativas, mas que a prática também deve ser adotada pelos órgãos públicos. “Precisamos exigir que nossos representantes na esfera pública façam o mesmo, administrando com eficiência os recursos públicos e acabando com a corrupção que consome de forma inadequada o dinheiro que é fruto do nosso trabalho”.

 

Ademar Galelli, professor da UCS
Elton Paulo Gialdi, presidente do CIC-BG