Nova terapia contra o câncer promete mudar o tratamento

2015-04-10_190211
No Brasil a aprovação de tratamento deve demorar mais tempo

Na última quarta-feira (12), foi aprovada pelo painel da FDA, uma agência americana que regulamenta alimentos e medicamentos, a primeira terapia 100% individual contra o câncer nos Estados Unidos. O tratamento altera as células do paciente. Com este aval, é possível projetar uma nova era na medicina, que pode inclusive afetar o Brasil.
Os benefícios da terapia superam seus riscos e recomendou sua aprovação para o tratamento de leucemia linfoblástica aguda de células B resistente ao tratamento ou com recidiva em crianças e jovens com idade entre 3 e 25 anos. Esse é o câncer mais comum diagnosticado em crianças, que representa aproximadamente 25% dos diagnósticos da doença em pacientes com menos de 15 anos. No entanto, o tratamento beneficiaria apenas os 15% dos casos nos quais a doença não responde ou volta.
A terapia foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia e posteriormente licenciada para a empresa Novartis. Ela envolve a remoção de milhares de células T, um tipo de glóbulo branco, do paciente, por um centro médico aprovado. Em seguida, essas células são congeladas e enviadas a uma fábrica da farmacêutica onde o processo de modificação é realizado por meio de uma técnica de engenharia genética que emprega uma forma inativa de HIV, o vírus causador da aids, para levar o novo material genético às células e reprograma-las.
Esse processo “turbina” as células T para que elas se liguem à proteína CD-19, presente na superfície de quase todas as células B – componente natural do sistema imunológico que se torna maligno na leucemia – e as ataquem. As células T geneticamente modificadas, chamadas receptoras de antígeno quimérico, são aplicadas na corrente sanguínea dos pacientes, onde se multiplicam e começam a combater o câncer. Uma única célula é capaz de destruir até 100.000 células cancerígenas.
Muitos pacientes faleceram antes do tratamento ficar pronto porque a re-engenharia dessas células demorava cerca de quatro meses, mas a Novartis afirmou que esse período foi reduzido para apenas 22 dias.
Os efeitos colaterais continuam sendo graves, como febre, pressão sanguínea no limite e congestionamento pulmonar . Mesmo assim, uma única dose da terapia apresentou possível cura para pacientes que estavam sem esperanças.
Se aprovado, tratamento será inicialmente disponibilizado em cerca de 30 centros treinados nos Estados Unidos. No Brasil, a aprovação deverá demorar mais tempo.