Moradores e comerciantes chocados com a drogadição e violência diária na praça Centenário

2015-04-10_190211
Mesmo com a ação esporádica da BM, como desta segunda-feira, em que abordou dez jovens usuários de drogas ao lado da escola, a rotina dos moradores e comerciantes é tumultuada pela ação dos usuários, prostituição e assaltantes que aterrorizam a todos, no centro da cidade.

População relata uso de drogas e casos de violência física por parte de usuários, amedrontando
moradores, transeuntes e alunos da escola Estadual Bento Gonçalves

Abandonada, reduto de dependentes químicos e usado livremente para prostituição de menores é a realidade da praça Centenário, localizada no Centro da cidade.
O medo e a sensação de insegurança impossibilita que famílias utilizem o espaço para lazer.
A vendedora Solange que mora na rua Maceió, a poucos metros da praça, que também está na proximidade do terminal de ônibus confirma que o tráfico de drogas é intenso também durante o dia.
“Num final de tarde eu me deparei com um cara descendo pela escadaria, com um revólver automático na mão. Eu tive sorte porque ele não me abordou”, lembra. Esse foi apenas um episódio de perigo presenciado pela vendedora. A criminalidade no local é latente em diversas modalidades e o policiamento, segundo relato de moradores, quase não existe.
“Numa ocasião eu presenciei a cena em que algumas pessoas estavam agarrando um rapaz e tirando suas roupas. Eu, de imediato chamei a polícia, que agiu rápido, conseguindo cercar a praça e prender os envolvidos, mas hoje, já não adianta denunciar. Não temos policiamento, e as batidas policiais não ocorrem mais”, lamenta.
A rua Maceió _ que passa em frente à escola Bento – tem iluminação deficiente, facilitando a prostituição e ação de criminosos. Ao anoitecer, garotas de programa disputam espaço e clientes. Solange lembra do dia que foi confundida com uma prostituta ao chegar em seu prédio que é de esquina com a Marechal Floriano e de frente a uma casa de prostituição..
“Numa noite eu estava chegando em casa em torno das 22 horas e um homem me chamou para entrar no carro. A vontade que eu tinha era de bater nele. Quando anoitece é muito perigoso de estar nessa rua”, conta.
Nas dependências da praça é possível acessar o wi fi, porém, são poucas as pessoas que se encorajam de ficar no local. Raimundo Oliveira (nome fictício), diz que diariamente utiliza a internet na praça, mas que é obrigado a dividir o espaço com drogados, conforme ele mesmo afirma. “A segurança é precária, só tem drogados. A droga é liberada e as pessoas não frequentam muito o local por conta dessa situação”, protesta.

Comerciantes na mira
A utilização da praça por dependente químicos e a consequente violência nas proximidades assusta e revolta comerciantes, que afirmam ter que encerrar antes o expediente, em virtude da violência. O funcionário de um bar, localizado na esquina da praça Centenário, diz que lá a ação de dependentes químicos é liberada.
“Não tem policiamento de dia e nem de noite. Saímos às 19 horas e todos os dias eles ficam fumando. Ninguém fica na parada do terminal de ônibus porque o cheiro da maconha é forte. Eles fumam até mesmo nas escadarias”, afirma.
O comerciante Pedro, proprietário de uma loja próxima ao bar já foi assaltado este ano, e, acuado com a violência, colocou câmeras de monitotramento. Mas como constatou, pouco resolveu.
“Eu fui assaltado este ano e também no ano passado. Estamos fechando às 18 horas justamente por conta do perigo. Eu já sofri assalto à mão armada, fiz ocorrência, mostrei as imagens da câmera, mas nada aconteceu. Eu já havia sido alvo de criminosos no ano passado também”, conta.
Castro diz, em tom de lamentação, que se houvesse policiamento efetivo, diminuiria o riscosde assalto. “Se houvesse a ação da polícia, como deveria ter, não seria assim. Quando eu precisei eles não estavam. Nessa praça gira muita coisa, crack, maconha, todo tipo de droga. Eu moro aqui há 20 anos e tenho medo de passar aí, não vou na praça. Só uma pessoa desinformada caminha livremente nesse local. É preciso evitar. É muito perigoso”, alerta.

Posicionamento da BM
O capitão do 3º Batalhão de Policiamento em áreas Turísticas (3ºBpat), Diego Caetano, admitiu que houve um aumento no consumo de drogas no local e que a Brigada militar tem feito abordagens, constatando situação de posse de entorpecentes. Segundo ele, as abordagens são importantes para reduzir o número de usuários na praça, mas, mesmo assim, os usuários migram para outros lugares, e acabam retornando.
Outra preocupação, apontada pelo capitão, é a proximidade com um educandário.
“Na escola Bento, também recebemos denúncia de alunos que fazem uso de drogas e depois entram na escola. É uma situação complexa, mas de conhecimento de todos, e a BM tem realizado abordagens diariamente, visando combater o consumo e traficância” garante.

População evita frequentar a praça por medo de usuários de drogas e casos de estupro

O sonho da revitalização
A aposentada Judith aposta que a revitalização resolveria o problema da violência. Para ela, é uma alternativa para que a população possa frequentar o local de forma segura.
“Uma iluminação dá mais segurança para que as pessoas circulem, inibindo situações de risco. Acho que poderia ser uma alternativa de recuperação, aliada à outras ações necessárias para que isso ocorra. Alguns desses jovens estão nessa situação porque não têm outras alternativas de lazer, cultura e esporte”, comenta.
A aposentada, que mora na região há mais de 30 anos, diz que com uma ação para ocupar o local, também poderia ajudar a inibir o tráfico.
“Se a gente não ocupa o espaço, alguém ocupa. Porque não ocupar juntos? Muitos projetos similares poderiam servir de exemplo aos órgãos competentes para fazer isso. Basta ter vontade de fato de resolver a situação. Os moradores dos arredores, os passageiros dos ônibus urbanos e toda a população seriam beneficiados”, afirma.
O sonho da aposentada é o mesmo dos outros moradores e t comerciantes: caminhar livremente pelo espaço. “Acho que se a praça fosse limpa, revitalizada, com atividades esportivas e culturais constantes, muitas pessoas poderiam se apropriar de forma sadia deste espaço público, inclusive os jovens que já frequentam o local, que poderiam ser incluídos nas atividades”, acredita.

A praça que já foi do livro e perdeu uma biblioteca

Em 2011 a praça Centenário, hoje, utilizada hoje por dependentes químicos, foi o grande palco da 26ª edição da Feira do Livro. Na época 21 livrarias fizeram parte do evento, transformando o espaço num local de leitura.
Na época, a mudança de local da feira havia agradado a maioria da população, por ser um espaço amplo, arborizado e no centro da cidade.
Com dinheiro na conta da CEF e projeto aprovado pelo Ministério da Educação, o projeto de uma biblioiteca, que humanizaria a praça, foi engavetado pela administração Pasin e o dinheiro voltou à Brasília.

A ação voluntária

Na contramão de problemas envolvendo drogas e a violência urbana, o Lar da Caridade, realiza doações de alimentos e roupas para moradores de rua. Erci Grapiglia, diretora da Casa da Amizade, que há anos concretiza este trabalho voluntário, acredita que com ajuda da população, é possível ajudar os necessitados.
“No Lar da Caridade permitimos que as pessoas tomem banho, vestimos com roupas, calçados, fizemos um socorro para os moradores de rua”, explica.
Ela acredita que o problema da praça Centenário poderia ser resolvido com uma ação efetiva de segurança.“Alguém tem que olhar para esse lugar, e criando ações na praça diminuiria essa questão da droga. É preciso ter segurança maior e uma vigilância”, afirma.

Policiais abordaram dez jovens com maconha e R$ 30,00 na tarde desta segunda-feira, 24.

Prisão na praça do “Breu”

Na tarde desta segunda-feira, 24, policiais do POE (Pelotão de Operações Especiais) abordaram cerca de 10 indivíduos que estavam em atitude suspeita na Praça Centenário, conhecida pelos policiais, como Praça do Breu. Na revista pessoal, os policiais encontraram uma quantia de maconha fracionada e R$ 30,00 com um jovem de 20 anos.
O jovem foi encaminhado à Delegacia de Polícia para prestar depoimento e logo foi liberado. Os policiais relatam que recebem diversas denúncias informando sobre meliantes que rodam o local para vender drogas à usuários.