Morador de rua e HIV positivo continua sem assistência do Creas, apesar de promessa

2015-04-10_190211

Entidade havia prometido que ajudaria o andarilho, mas diz que em duas ações durante o dia o rapaz não foi encontrado

O morador de rua Julio Cesar Correa de 38 anos, continua sem assistência e morando na varanda de uma casa na rua 13 de Maio. Em reportagem veiculada em maio na Gazeta, ele afirmou ser portador de HIV. A assistente social e coordenadora do Creas, Silvana Romagna, havia prometido uma ação para tentar retirar o rapaz da rua. Após três semanas da reportagem, a equipe da Gazeta voltou a contatar Silvana, que disse ter tentado encontrar o andarilho, mas que sua equipe não teria conseguido.
“O problema é que não temos equipes de abordagem à noite. Fomos duas vezes até o local durante o dia, mas não o encontramos. E quando estamos fora do horário precisamos usar nossos próprios carros”, explica. Silvana disse, no entanto, que o Creas tentaria novamente estabelecer contato com o rapaz. “O Creas vai tentar insistir, colocar um carro de noite, e avisar o secretário da situação. Mas ele também tem que se ajudar, e não esperar apenas que alguém vá atrás dele”, diz. Ainda segundo a assiste social é possível viabilizar a documentação que o rapaz precisa e entrar em contato coma família.
Nesta semana a equipe de reportagem passou algumas vezes pelo local, encontrando o rapaz após às 18 horas. Ele não quis gravar entrevista, mas afirmou que ainda não foi procurado por ninguém e que sobrevive com a comida que recolhe das lixeiras da cidade, e contando com doações de roupas da população.

Entenda o caso:
Em maio deste ano a Gazeta publicou uma reportagem sobre os moradores de rua em Bento Gonçalves. Foi constatado que são mais de 70 pessoas morando em situação de rua na cidade. No trabalho de reportagem Correa, que conforme ele mesmo disse, vive nas ruas de Bento há mais de 3 meses e é um portador do vírus HIV.Na conversa que durou pouco mais de 20 minutos, o sem teto, de aparência frágil, desabafou sobre a falta de um albergue na cidade e disse que estava sem tomar o coquetel (remédios para combater a doença) há pelo menos 3 meses porque, segundo ele, não tem os documentos necessários para conseguir os remédios.
“Minha imunidade deve estar lá nos pés, e acredito que eu esteja com a carga viral bem elevada. Eu preciso desses remédios”, disse na época. Na ocasião ele ainda desabafou sobre a cidade.
“As pessoas te olham e julgam, mas ninguém senta aqui para conversar. Falta um albergue aqui em Bento, porque com certeza é necessário. E tenho certeza que se tivéssemos acesso a cursos gratuitos teríamos a chance de mostrar que somos trabalhadores sim”, desabafou.