Grávidas, puérperas e lactantes podem se vacinar contra Covid? Poucos ensaios e falta de informação levam médicos a reconsiderar possibilidade de vacinação para este grupo

2015-04-10_190211

Grávidas, puérperas e lactantes podem se vacinar contra Covid?
Poucos ensaios e falta der informação levam médicos a reconsiderar possibilidade de vacinação para este grupo

Mulheres grávidas são normalmente excluídas dos primeiros ensaios clínicos de novos medicamentos e vacinas. Até o momento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já publicou recomendações sobre as vacinas oferecidas pela Pfizer-BioNTech e Moderna, e não aconselha que grávidas sejam vacinadas. Mas o alerta se baseia exclusivamente na falta de dados, e não em evidências de que tomar a injeção possa causar prejuízos à saúde da gestante e do bebê.
Ainda assim, quando uma mulher grávida tem um alto risco inevitável de exposição ao coronavírus, como no caso de uma profissional de saúde, ou tem comorbidades, a OMS diz que “a vacinação pode ser considerada se discutida com seu médico”.
No Brasil, o Ministério da Saúde lembra que “a segurança e eficácia das vacinas não foram avaliadas nos grupos de gestantes, puérperas e lactantes”. A pasta recomenda que para as mulheres, pertencentes a um dos grupos prioritários, que se apresentem nestas condições, a vacinação poderá ser realizada após avaliação cautelosa dos riscos e benefícios e com decisão compartilhada, entre a mulher e o médico prescritor.

O que dizem os dados?
Até agora, não há muitos dados. Os testes de gravidez ainda não foram iniciados para as vacinas que foram autorizadas para uso, embora haja dados de segurança reconfortantes e eficácia muito alta. Não há nenhuma indicação de que a vacina ofereça qualquer risco para mulheres grávidas e lactantes; na prática, os estudos ainda não foram feitos com esse grupo.

O que os países estão fazendo?
Países ao redor do mundo estão adotando abordagens diferentes quando se trata de vacinar mulheres durante a gravidez. Alguns, como o Reino Unido, estão oferecendo recomendações semelhantes à OMS.
Outros países, como Israel, estão incluindo mulheres grávidas com fatores de risco de alta morbidade entre aquelas que têm acesso prioritário às vacinas contra covid-19, não vendo nenhum risco para elas ou seus fetos. Em contraste, a Índia anunciou que mulheres grávidas e lactantes não devem receber as injeções até estudos adicionais.

Quando os dados provavelmente estarão disponíveis?
Os dados de ensaios clínicos que envolvem mulheres grávidas podem demorar meses ou anos. Há também um punhado de mulheres que engravidaram no meio do estudo e serão monitoradas durante a gravidez. No entanto, dados preliminares sobre como o coronavírus pode afetar mulheres grávidas oferecem informações divergentes.
Nos EUA, os Centros de Controle de Doenças (CDC) afirmam que pacientes grávidas correm maior risco de doenças graves e morte se contraírem a covid-19. Em contraste, as evidências atuais do Reino Unido sugerem que as mulheres grávidas não correm maior risco de adoecer gravemente do que outros adultos saudáveis se desenvolverem coronavírus. A maioria das mulheres grávidas apresenta apenas sintomas leves ou moderados.

E o que as mulheres grávidas devem fazer?
Para muitos médicos, a mera sugestão de uma infecção grave é preocupante. As vacinas da Moderna e da Pfizer (nenhuma delas já disponível no Brasil), que usam um minúsculo fragmento do código genético do vírus, não são vacinas viva, que é o único tipo de vacina contra-indicada na gravidez porque tem um vírus atenuado, como é o caso das vacinas contra poliomielite ou varicela. Por isso, médicos têm encorajado pacientes grávidas que trabalham na linha de frente nos Estados Unidos, e com risco máximo de contrair o vírus, a considerar a possibilidade de tomar a vacina.
Recomenda-se considerar pelo menos três aspectos principais: o risco de exposição, o risco de doença grave e o benefício da vacina em comparação com outras medidas preventivas.

E as mães que estão amamentando?
Há um consenso geral entre os especialistas de que não há razão para mulheres que amamentam não serem vacinadas contra a covid-19. De acordo com a OMS, não há, ainda, nenhuma evidência de que mulheres lactantes ou seus bebês correm risco elevado de covid-19 grave. A entidade recomenda que, se a mulher que amamenta fizer parte de um grupo prioritário recomendado para vacinação, “a vacinação pode ser oferecida”.

E a vacina afeta a fertilidade?
Quando se trata de mulheres que estão tentando engravidar, os especialistas analisaram as evidências iniciais e disseram que não há necessidade de evitar a gravidez após a vacinação.