Fossa Séptica Biodigestora é uma tecnologia da Embrapa para a área rural

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O tratameto de esgoto doméstico, que evita contaminação do solo e de manaciais de água tem manual gratuito
Em 2001, um pesquisador da Embrapa pensou que poderia haver uma forma simples e barata de melhorar a vida dos moradores de áreas rurais.
– Ele queria auxiliar as pessoas que sofriam com o grave problema da falta de saneamento e que, sem banheiro, ficavam expostas à contaminação por doenças veiculadas pela urina, fezes e água contaminada, como hepatite, cólera, salmonelose e verminoses.
– Dr Antonio Novaes, médico veterinário, era profundo conhecedor dos processos microbianos anaeróbios que ocorriam no trato digestório de ruminantes.
– Um dia, ele teve um “insight” de que esse conhecimento poderia ser aplicado ao tratamento de esgoto doméstico!
– Com uma alta percepção e capacidade de dar saltos tecnológicos, o pesquisador desenvolveu a Fossa Séptica Biodigestora, que imita os diferentes processos digestórios existentes em um ruminante!
– Desde a sua concepção, a Fossa Séptica Biodigestora foi instalada pela Embrapa e parceiros, em cerca de 12 mil unidades em 260 municípios em todo o Brasil.
– Premiada, é uma tecnologia social de fácil instalação e custo acessível, que permite tratar o esgoto doméstico, de forma eficiente, em propriedades rurais e áreas isoladas.
– A Fossa Séptica também vence barreiras quanto ao reúso agrícola do esgoto que, tratado, viabiliza, além da água, a ciclagem de nutrientes minerais e matéria orgânica, na forma de um “adubo”.
– Em um Brasil onde cerca de 17 milhões de pessoas ainda sofrem com a contaminação por doenças, por falta de saneamento básico,
a Fossa Séptica Biodigestora do Dr Novaes, simples e acessível, representa esperança.
Em comemoração aos seus 49 anos, a Embrapa acaba de lançar a publicação gratuita para download: “20 anos do Saneamento Rural na Embrapa Instrumentação: do Básico ao Ambiental”, que traz as histórias da união entre pessoas e tecnologias simples e acessíveis para levar mais qualidade de vida aos moradores do campo e de áreas isoladas. Acesse em: https://bit.ly/3vQskd3

A estrutura da fossa séptica

Captando os dejetos direto do vaso sanitário, sua instalação dá para um conjunto de três caixas d’água, que preferencialmente devem ser em fibra de vidro ou cimento, pois estarão enterradas, e com estes materiais o controle térmico é maior.

Na primeira das três caixas, onde os dejetos são depositados diretamente da casa através de uma instalação em PVC, costuma haver uma solução de 10 litros de esterco de boi fresco para cada 10 litros d’água.

O propósito deste composto é fazer a chamada biodigestão. No primeiro momento, os dejetos sólidos se assentam no fundo da caixa, no processo de decantação.

Os dejetos humanos são abundantes em diversos compostos. O propósito das soluções químicas biodigestoras é justamente processar estes materiais, pois nelas há outras bactérias que se alimentam do material atirado na fossa.

Este processo leva o nome de fermentação química, onde a parte mais bruta dos compostos é consumida, liberando gases e diminuindo a toxicidade do material físico que resta.

Na medida em que a primeira caixa começa a transbordar, o líquido flui para a segunda, transportando os gases, que são liberados através de instalações na caixa, nessa fase os compostos orgânicos oferecem muito menos toxicidade, e estão enriquecidos com nitrogênio, fósforo, potássio e outros subprodutos do processo de fermentação.

Na terceira caixa fica depositada a solução final do processo, que costuma conter água limpa e dejetos sólidos enriquecidos, que podem muito bem ser usados como adubo.

Mas caso o proprietário prefira, poderá adicionar um filtro extra e usar uma base de areia para facilitar a absorção do líquido.

Com o uso de esterco de boi, o processo leva em média 120 dias, tendo capacidade média para o lançamento de 50 Litros diários de esgoto.

Apesar da efetividade, em determinadas áreas e em certos volumes de lançamento pode acabar havendo pouca viabilidade, como nas áreas urbanas sem saneamento público. Ocasionalmente as fossas podem acabar tendo problemas de entupimento de acordo com o volume lançado, além do processo, como um todo, ser um tanto lento.

Como alternativa, biorremediadores, que selecionam uma cultura de bactérias inofensivas ao homem, podem ser mais efetivas, rápidas e causar menos transtornos.

Os biorremediadores para fossa séptica

Essa solução é composta de um conjunto de bactérias que se alimentam das partículas dos dejetos lançados no esgoto. Elas metabolizam, imobilizam e absorvem gorduras, proteínas e açúcares através de processos aeróbicos (baseados na respiração das bactérias biorremediadoras como forma de alimentação) e anaeróbicos.