FIERGS faz defesa da indústria em encontro no CIC-BG

2015-04-10_190211
Palestra-almoço recebeu representantes da FIERGS no CIC-BG

A industrialização e a participação em mercados globais são analisados como fundamentais para o desenvolvimento brasileiro. Os dois fatores fazem parte da Plataforma de Compromissos para um Brasil Industrial, apresentada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), no Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG) em reunião-almoço na sexta-feira, 05 de julho.
Chegar, no entanto, a esses objetivos, é uma longa jornada que passa desde a modernização do serviço público e a realização da reforma tributária ao aceleramento de privatizações e à extinção do piso regional. “O que gera emprego e salário alto é atividade econômica”, disse a empresários locais o economista chefe da Fiergs, André Nunes de Nunes, durante a palestra Indústria Gaúcha em Movimento.
A indústria, disse Nunes, gera R$ 2,32 para cada R$ 1 que recebe de investimento e é responsável por 111,7 bilhões de dólares em exportações. Emprega, segundo o Ministério do Trabalho, 9,6 milhões de trabalhadores e contribui com 32% da arrecadação da União em tributos federais.
Por sua defesa e ampliação, a Fiergs elaborou a Plataforma de Compromissos para um Brasil Industrial, baseada em cinco eixos – Segurança jurídica, desburocratização, simplificação e eficiência administrativa/tributária do setor público; Infraestrutura e Logística; Adequação do tamanho e peso do setor público, estabilidade macroeconômica e financiamento; Inserção externa e novas tecnologias; e Empreendedorismo, indústria e sociedade.
O documento foi elaborado a partir das eleições de 2018, de forma colaborativa entre um grupo de mais de 10 empresários gaúchos, de vários setores e regiões do Estado – entre os quais, a bento-gonçalvense Maristela Longhi, vice-presidente do Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul
No Eixo 1, a Fiergs defende uma rápida modernização tributária, pois, em média, o país edita 555 normas tributárias por dia. “O setor público tem sido um vento contra a indústria. Sem reforma tributária é muito difícil produzir”, comentou Nunes. Para sair desse cenário, é necessário, além da reforma, facilitar as PPPs, ampliar o prazo de recolhimento de impostos federais e simplificar o ICMS no Estado, por exemplo, defende o documento.
Atualmente, o Brasil ocupa a 108ª colocação entre 137 nações num ranking de infraestrutura. A fim de melhorar este retrospecto, presente no Eixo 2 – Infraestrutura e Logística -, o documento da Fiergs defende o avanço nas privatizações, a concessão de rodovias e a diversificação dos modais de transporte, entre outras ações. “E chamo atenção para o fornecimento de energia. Se o país voltar a crescer por mais de quatro anos a um média 3%, a gente vai ter problema com a oferta de energia”, alertou Nunes.
Quanto ao Eixo 3, referente à adequação do setor público, a Fiergs diz que a dívida pública no país é muito alta. “O endividamento bruto total do setor público, segundo o FMI, foi de 84% do PIB em 2017, enquanto a média dos países emergentes foi de 54%”, comparou Nunes. Portanto, reforça, é impreterível a aprovação da reforma da previdência – cujo déficit em 2017 foi de R$ 292,4 bilhões -, além de uma reforma administrativa, deixando a estrutura do Estado mais enxuta. “Todos se adequaram à crise, de famílias a empresas, menos o setor público”, disse. Como item positivo na pauta, cita a extinção da exigência de plebiscito para a privatização de empresas públicas no Rio Grande do Sul.
No quarto eixo – Inserção externa e novas tecnologias -, o que atrapalha o país é a baixa capacidade de geração de conhecimento, inovando pouco e registrando poucas patentes. Para melhorar a performance, o documento prega acordos comerciais com países relevantes e simplificação no acesso a crédito para inovação. E, finalmente, no quinto eixo – Empreendedorismo, indústria e sociedade -, Nunes disse que os Estados que mantêm piso regional são os que menos crescem. “Aumento de salário ocorre quando existe aumento da atividade econômica, e não no canetaço. A indústria é importante, tem que extinguir o piso regional no RS, temos que fazer programas via Fiergs em escolas e chegar nas crianças para dizer que a indústria gera riqueza, não é fazer concurso público, é trabalhar numa empresa, abrir seu negócio, avançar na educação para um Brasil mais empreendedor”, destacou Nunes.

Articulação política para melhorar desempenho da indústria
A reunião-almoço também contou com um breve relato dos trabalhos do Conselho de Articulação Parlamentar (COAP) da Fiergs, que atua na defesa dos interesses da indústria, por meio de influência nas decisões do Congresso Nacional e da Assembleia Legislativa.
O grupo é formado por 24 conselheiros – sendo dois de Bento Gonçalves, os empresários Carlos Bertuol e Maristela Cusin Longhi – e visa, também, prestar informações de caráter técnico-empresarial e acompanhar a tramitação dos projetos de lei de interesse do setor industrial. O órgão atua de maneira bem próxima à Frente Parlamentar da Indústria Gaúcha, formada por 23 deputados e cujo um dos trabalhos tem como base, justamente, a Plataforma de Compromissos para um Brasil Industrial. “O papel do COAP, através da Frente, é capacitar os parlamentares com dados técnicos para entender nossas dificuldades e oportunidades”, disse o vice-coordenador do COAP, João Freire.
O empresário bento-gonçalvense Carlos Bertuol, vice-presidente regional do Ciergs, disse que Bento Gonçalves foi o segundo município a receber a palestra Indústria Gaúcha em Movimento. “Em Bento Gonçalves, a indústria representa 60% da economia. Apesar de fortes, diversificadas e modernas, nossas empresas enfrentam as mesmas dificuldades que todos os industriais sofrem no Brasil, e que são bem conhecidas: alta carga tributária, burocracia e infraestrutura deficiente” lembrou.

CIC-BG apoia atuação política da Fiergs
Em seu discurso de boas-vindas aos representantes da Fiergs, o presidente do CIC-BG, Elton Paulo Gialdi, enalteceu o trabalho da entidade, que busca por meio da atuação política uma forma de ver atendidos seus pleitos. “Entendemos que a articulação política é o caminho para avançarmos nas questões estruturais que tanto carecemos”, opinou Gialdi.
Para ele, por muito tempo a classe empresarial se absteve de participar das questões políticas, e essa omissão cobrou um preço caro nos últimos anos. “Entendemos que é pela política que se desenvolvem não somente o setor empresarial, mas as sociedades”, disse, citando que conquistas como a ampliação do ramal ferroviário de Garibaldi a Bento há 100 anos ou a rótula no antes problemático trevo da Telasul vieram por meio da união e articulação política.
Gialdi também destacou recente audiência com o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, em Brasília, juntamente com importantes representantes políticos, entre eles o Senador Luis Carlos Heinze, o Deputado Federal Ronaldo Santini e o Secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Rio Grande do Sul, Ruy Irigaray, defendendo as necessidades de infraestrutura para a Serra Gaúcha e para o Estado, reforçando que o CIC-BG tem se dedicado a estreitar relacionamentos com governantes e parlamentares. “Precisamos participar ativamente das decisões, cobrando posturas corretas e rápidas na implementação de soluções para a melhora de todos”, comentou.