Economia colaborativa cresce no Brasil e é alternativa para jovens que aderem à ideia de reaproveitamento

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Compartilhar é o conceito que deve permear os mercados nos próximos anos, incluindo o imobiliário, da moda, entre outros. A cada dia mais espaços e serviços de compartilhamento aparecem, criando grupos de pessoas que se reúnem física ou virtualmente por um interesse em comum. São coworkings (espaços compartilhados). Coworking é uma modalidade de trabalho em que a pessoa divide o mesmo ambiente de trabalho com outras pessoas. Apesar do termo estar na moda, compartilhar ambiente de trabalho não é novidade. No Brasil, desde os anos 90, existem empresas que alugam salas privativas para diferentes clientes, e compartilham os outros ambientes, como banheiros, salas de reunião, copa e etc. Outro exemplo interessante sobre coworking são as clínicas médicas, onde profissionais da saúde compartilham os consultórios de acordo com a sua necessidade.
De 2016 para 2017, o número de escritórios compartilhados mais que dobrou: passou de 378 para 810, um crescimento de 114%, segundo o Censo Coworking Brasil. Do total, 40% estão localizados no Estado de São Paulo.
Em 2005, surgiu pelo mundo o termo coworking, para definir um ambiente onde vários profissionais, de diferentes áreas, trabalham e compartilham opiniões e ideias. Com isso, foram abertos vários espaços de coworking, onde a proposta era muito mais interagir no ambiente de trabalho do que compartilhar apenas o ambiente.
Existem espaços com diversos estilos, tanto para pessoas mais despojadas como para pessoas mais formais. Estima-se que no Brasil já existam mais de 240 empresas que oferecem o serviço de coworking, e a cada ano esse número aumenta exponencialmente.
Com o passar do tempo, os clientes desses espaços começaram a sentir falta de uma estrutura mais profissional, e que atendesse às suas necessidades. A internet Wireless oferecida já não era mais suficiente para garantir estabilidade no trabalho on-line. O telefone Voip também não completava as ligações e, com isso, os clientes dos espaços de coworking começaram a querer cada vez mais serviços que facilitassem a sua vida operacional. Foi aí que os coworkings começaram a se profissionalizar, para atender a essas diferentes demandas. A CWK foi pioneira no Brasil em profissionalizar o serviço de coworking.

Guarda-roupa compartilhado
Novas formas de consumo de moda começam a ganhar espaço no Brasil. Projetos que estimulam troca, aluguel e compartilhamento de roupas e acessórios, assim como a compra de peças sob medida se tornaram a nova febre entre fashionistas e novos empreendedores.
Nesse modelo de divisão de roupas, está por trás o conceito da inovação disruptiva, uma profunda mudança que introduz novos benefícios ao mercado, muitas vezes a um menor custo. Rompendo paradigmas, desacomoda modelos consolidados. Um exemplo é o efeito gerado pelo uso da internet nos hábitos de consumo, o que gerou um novo canal de comercialização para as empresas, a custos mais baixos. Esse Boletim de Tendências apresenta como o compartilhamento de roupas é uma opção de negócio ao empresário da moda e varejo.
Algumas iniciativas de consumo consciente de vestuário surgiram recentemente no Brasil e estão começando a mudar os padrões de consumo dos brasileiros. Uma delas é a Blimo – Biblioteca de Moda, uma loja paulistana da Vila Madalena que usa o conceito de compartilhamento de roupas.
A ideia não é vender, mas alugar peças por meio de uma assinatura mensal no valor de R$ 130. O acesso ao acervo é praticamente ilimitado. Estão disponíveis grifes como Cantão, Carmim, Farm, Missinclof, Gucci e Versace. Apenas bolsas, sapatos e acessórios não entram na assinatura e, nesses casos, o aluguel é cobrado à parte. Essa ideia de compartilhar produtos faz com que seja possível expandir ao máximo a capacidade de seu uso. Assim é possível aproveitar aquela roupa que está ociosa, atendendo a necessidade de mais pessoas e evitando a extração desnecessária de recursos naturais para a produção de novos itens.
Outra loja que usa o mesmo conceito é a Roupateca, em Pinheiros, também na capital paulista. As clientes podem fazer assinaturas mensais alugando roupas de estilistas como Adriana Barra, Cris Barros, Flavia Aranha, Insecta e Gilda Midani. Por R$100, R$200 ou R$300 por mês, é possível levar 1, 3 ou 6 peças para casa por vez (incluindo também sapatos e acessórios). A consumidora pode ficar até 10 dias com as roupas e, em caso de perdas ou danos irreparáveis, é exigido o pagamento do valor total da peça. As proprietárias já pensam em ampliar o acervo para roupas masculinas também.

Crianças também trocam roupas usadas
Duas lojas online se especializaram em compra e venda de roupas e calçados usados infantis. Uma delas é a Retroca. As roupinhas do bebê não servem mais? Basta solicitar à loja uma sacola para despachar esses itens. A equipe do site faz a inspeção dessas peças e realiza o pagamento de todas elas, conforme uma tabela de preços enviada antecipadamente. Já, para quem quiser comprar roupas infantis, há vários produtos em bom estado de marcas inclusive importadas como Baby Gap e Ralph Lauren. Os preços podem chegar ter até 70% de desconto com relação ao valor das mesmas peças novas.
Outro exemplo é a Ficou Pequeno. Funciona como uma plataforma virtual, onde cada pessoa pode criar sua própria lojinha virtual para divulgar seus produtos que quer vender. As peças devem ser novas ou seminovas. O portal oferece os meios de pagamento ao comprador e faz a intermediação financeira. Depois que ela é confirmada, o site repassa o pagamento para a conta bancária do dono da lojinha, com um desconto de 20% que se refere à uma comissão, parte em que o site ganha por oferecer a plataforma.

Quais são os principais conceitos da economia colaborativa?
No Uber, você entra no carro de um estranho. Alguém que nunca viu na vida — e você só confia porque o aplicativo mostra quanta estrelas aquele motorista tem. O mesmo acontece com o Airbnb: você cederia a sua casa para uma pessoa que nunca viu na vida? Muita gente tem feito isso, baseado apenas nos critérios da plataforma. Essa é a tal economia da reputação.
Outro indicativo desse movimento são pesquisas que mostram o hábito de consumidores: 90% das pessoas que compram online são influenciadas pelas avaliações de outros sobre os produtos, segundo uma pesquisa da Dimensional Research. Isso também vale para outros mercados, como o de negócios: não é novidade recrutadores darem uma boa olhada no seu perfil do Facebook antes de te contratarem. Tudo é parte da economia da reputação.
Além dessa reputação pessoal que interfere nos serviços, há a reputação de empresas. A economia da reputação tem implicações para pessoas e organizações. Esqueça aquela história do “estagiário que cuida das redes sociais”. Para Daniel Burrus, futurista e colunista do Huffington Post, o futuro indica um caminho em que a reputação é tão importante quanto o capital de uma empresa.
E isso já acontece — e muito — aqui no Brasil. Em abril de 2016, por exemplo, um homem contou uma história no Facebook: de como ele havia tentado consertar o seu iPhone e, depois de passar por uma loja que disse que a troca de peças sairia por R$ 180, acabou indo em outra que foi honesta e disse que o celular só precisava de uma limpeza — e ainda não cobrou nada pelo serviço. A postagem no Facebook recebeu 323 mil likes e 72 mil compartilhamentos. O resultado? Aumento de 900% no número do clientes para a empresa que foi verdadeira com o seu cliente.

Sistemas de redistribuição
Os Sistemas de redistribuição se baseiam em produtos usados ou semi-novos. Serviços como o Enjoei, em que pessoas podem montar suas próprias lojas com roupas ou outros itens que não usam mais entram nessa categoria. Outro exemplo de mercado de redistribuição é o Comprei e Não Vou, em que usuários tentam revender ingressos de eventos que não poderão mais comparecer.
Diferente de serviços como o Mercado Livre, essas plataformas dão um tom mais pessoal à venda, o que pode ajudar na hora de vender e comprar.

Crowdfunding
Também chamado de financiamento coletivo, o crowdfunding é um modelo de arrecadação de dinheiro em que um grande número de pessoas contribui para um objetivo em comum. É bastante utilizado para financiar novos produtos e projetos nas mais variadas áreas.
As plataformas mais renomadas são o IndieGoGo (lançado em 2008) e o Kickstarter(lançado em 2009). Também há outros como o GoFundMe. No Brasil, os mais famosos são o Catarse, Kickante, Benfeitoria e o Vakinha. Esse último é mais voltado a ajudas com despesas médicas, casamentos, festas, viagens e outras arrecadações mais pessoais.
Em sites como o Kickstarter, IndieGoGo e Catarse, o projeto ou produto financiado oferece recompensas para quem investir dinheiro na ideia. O dono do projeto seleciona os valores e a recompensa designada para cada valor e cada um contribui com o valor que deseja ou a partir do que vai receber em troca.

Crowdsourcing
Crowdsourcing é, em sua essência, a união de pessoas com um objetivo em comum. Ou seja, plataformas colaborativas que visam um bem maior e utilizam a inteligência e a contribuição de cada indivíduo para alcançar a meta. Entre as empresas que utilizam o crowdsourcing como modelo estão a Wikipedia, o iStock e o Waze. Todos utilizam a força da colaboração de milhares de pessoas para melhorar a plataforma.