Duas escolas devem concluir o ano letivo apenas em janeiro

2015-04-10_190211

Greve dos professores acarretou na perda de horas de aula, e alunos terminarão o ano letivo apenas em 2018

Após mais de 70 dias de greve dos professores estaduais, na próxima semana, ao que tudo indica, deve ser decidido pelo fim das paralizações. A informação é da diretora do 12º Núcleo do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers), Juçara de Fátima Borges. “A greve ainda não terminou, e na próxima semana deve ter outra assembleia em Porto Alegre. A expectativa é de terminar o movimento na próxima semana, mas vamos continuar cobrando do governo, as negociações irão continuar”, afirma.
A paralização das aulas acarretou no atraso de conteúdo, e para recuperar horas de aula perdida, as escolas estão realizando recuperações. O Colégio Estadual Dona Isabel estenderá o período letivo até a primeira semana de janeiro, quando mais de cem alunos do terceiro ano noturno e da Educação de Jovens e Adultos (Eja) terão que recuperar aulas. Segundo informações da supervisão do Dona Isabel, apesar de não ter perdido dias letivos, a recuperação é referente à cargas horária e começou há duas semanas.
Outra escola que também entrou em greve no decorrer do ano foi o Colégio Mestre Santa Bárbara. De acordo com a direção, aproximadamente 1050 alunos estão recuperando aulas nos sábados. O período letivo, no entanto, deve terminar no dia 27 de dezembro. Já a Escola Estadual General Bento Gonçalves da Silva também deverá estender o ano letivo para a turma da noite até o dia 8 de janeiro.

Atos em Porto Alegre
Se em Bento Gonçalves a paralisação focou em dois atos isolados, em Porto Alegre integrantes do Cpers participam semanalmente de manifestações na praça da Matriz, em frente à Assembleia Legislativa do Estado. A classe reivindica o término de parcelamento de salários, escolas sucateadas, fechamentos de turmas, insegurança entre educadores, projeto para privatização de escolas públicas, redução de turnos e mudança curricular, além também de outras medidas adotadas pelo Governo Estadual, como a a extinção de onze órgãos estatais (tais como Fundação de Economia e Estatística, Fundação Zoobotânica e Fundação Piratini).

Greve em Bento
No dia 5 de setembro, ao menos sete escolas estaduais aderiram à greve dos professores no município. Naquele mês, os funcionários públicos tiveram seu 21° parcelamento em menos de três anos, decidindo paralisar depois de receberem uma parcela de R$350, definidas por eles como revoltante. Na ocasião, Juçara comentou que historicamente Bento Gonçalves não adere à manifestações, mas em virtude da gravidade da situação, os professores começaram a apoiar o movimento.
A classe se reuniu para dois atos em setembro. Um em frente à 16ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE) e o segundo em frente à Prefeitura Municipal. Em ambas, os professores seguraram faixas que demonstravam o descontentamento com a situação.

O que diz o Governo
O governo do Rio Grande do Sul encaminhou na tarde desta terça-feira (14) ao CPERS, um documento avisando que suspendeu as negociações com a categoria até que a greve seja encerrada, segundo um comunicado da Secretaria da Educação.
Ainda de acordo com a nota, mesmo durante o período de greve o diálogo com os professores continuará sendo feito por meio das Coordenadorias Regionais de Educação (CREs). “O compromisso de preservar o diálogo sobre a qualidade da educação está mantido, mas neste momento temos de retomar a normalidade das aulas”, afirmou o secretário da Educação, Ronald Krummenauer.
No documento remetido, o governo diz que a mesa de negociação com o CPERS será reaberta quando todas as escolas estiverem em funcionamento. Cálculos do Piratini apontavam nesta segunda (13) que mais de 500 escolas já retomaram as atividades parcialmente, e 39 seguiam com as atividades interrompidas.
“Em pouco mais de dois meses de paralisação, mantivemos sempre um diálogo franco. Expusemos com transparência a real situação financeira do Estado.
Recebemos inúmeras vezes o comando de greve, tanto na Secretaria da Educação, quanto no Palácio Piratini”, diz trecho do ofício assinado pelo secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Branco, e pelo secretário de Educação, Ronald Krummenauer.

Contraproposta rejeitada
Na última sexta-feira (10), os professores decidiram manter a greve após receberem uma contraproposta do governo durante uma reunião. O sindicato exigia que nenhum servidor em greve fosse punido, o que a Seduc já garantiu que não vai acontecer. Outro pedido da categoria era que fosse retirada a urgência de votação do projeto que trata da reestruturação do Instituto da Previdência Estadual (IPE) na Assembleia Legislativa, também aceito pelo governo.
Por outro lado, a Secretaria de Educação não concordou com o pedido dos professores de que os 45 dias de férias da categoria fossem em janeiro e fevereiro. O governo já determinou um calendário para a recuperação das aulas, que devem terminar até janeiro do ano que vem. Já em relação aos pedidos para terminar com o atraso dos salários e o pagamento do 13º até o dia 20 de dezembro, a secretaria disse que ainda está buscando medidas administrativas e legislativas para fazer os pagamentos.