Curso irá abordar as noções básicas, teóricas e práticas sobre a produção de vinho e suco de uva
A Embrapa Uva e Vinho há quase 30 anos trabalha com curso básico de elaboração de vinho. A instituição foi criada em 1975, mas antes disso a arte de elaborar vinho já fazia parte do embrião da Unidade, com o Laboratório Central de Enologia, criado em 1937. Desde então, orientações de como produzir uma boa bebida são demandas recorrentes de técnicos, viticultores, apaixonados e interessados em conhecer melhor o processo de transformar uvas.
O ensino básico dos processos de vinificação acontece desde o começo da Unidade, mas os pequenos produtores ganharam uma atenção especial a partir de 1985, quando o pesquisador aposentado Luiz Antenor Rizzon retornou do seu doutorado na Universidade de Bordeaux, na França.
A partir de 1990, com o aumento da procura, ele passou a ministrar regularmente os cursos básicos de elaboração de vinho, que são sucesso até hoje. Desde então, os treinamentos têm atraído grande público, sempre com as turmas lotadas.
Segundo a analista Magda Beatriz Gatto, que atua na Unidade desde 1976 e trabalhou diretamente com Luiz Antenor Rizzon, o pesquisador sempre estava orientando ou dando dicas valiosas para os pequenos produtores. “Ele era incansável e sempre era muito procurado pelos agricultores familiares, que queriam melhorar o seu vinho ou começar a produzí-lo”, relembra.
Magda conta que os treinamentos eram muito especiais, e vários participantes enviavam cartas de agradecimento ao pesquisador. Mesmo com a aposentadoria de Rizzon em 2009, a Unidade manteve a capacitação e a tarefa foi assumida por outros pesquisadores e técnicos, sempre agregando novidades, como aspectos legais ou novos equipamentos, a exemplo do suquificador integral. Na última edição, em fevereiro, mais 60 pessoas foram treinadas em Bento Gonçalves.
O perfil dos participantes dos cursos é bastante diversificado. Muitos são pequenos produtores de uva que querem começar a elaborar seu vinho para incrementar a renda da família. Outros, como é o caso do casal Gabriel e Bruna Carapeba, têm o objetivo de produzir o próprio vinho. Eles vieram de Presidente Prudente, interior de São Paulo, para o treinamento. “Foi tudo muito bem explicado na teoria e mostrado na prática. Queremos comprar a uva gaúcha e trazer em caminhões refrigerados para garantir a qualidade”, afirma Gabriel, que planeja começar o empreendimento na próxima safra.
Segundo Alexandre Hoffmann, as tecnologias disponíveis, como vídeos e cursos online, poderiam diminuir o público do curso presencial, mas os participantes gostam de vir até a Embrapa e, em especial, participar da parte prática e esclarecer dúvidas de perto. “Além dos pequenos produtores de uva da Serra Gaúcha, temos recebido participantes de todo o Brasil. Nesta última edição tivemos até um interessado de Manaus. Com certeza elaborar o próprio vinho é o sonho de todo enófilo e, como essa paixão está aumentando ano a ano, acreditamos que o curso vai ter vida longa, pois a Embrapa é referência nesta arte”, avalia.