Com redução de atendimento nas UBS, pacientes enfrentam mais de sete horas por atendimento

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Pacientes chegam a esperar mais de sete horas por atendimento que muitas vezes não dura mais que dez minutos

Com dívida de mais de oito milhões de reais,, redução de pessoal e de horários de atendimentos em UBs e sem investimentos da atual administração, a Saúde de Bento Gonçalves passa por seu pior momento, com pacientes dormindo nas cadeiras, problemas na escala de médicos e falta de medicamentos expondo a deficiência da saúde pública no município

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Botafogo recebe pacientes de todo o município e com a diminuição de horários de atendimento em UBSs, e número reduzido de funcionários o aumento da procura pelo atendimento na UPA 24 horas chega a mais de 300 pessoas ao dia, segundo números do Secretário de saúde Diogo Siqueira. A demora nos atendimentos e falta de medicamentos, no entanto, são pontos criticados pela população.
“Se o paciente não estiver com nada grave, ele poderá esperar até quatro horas para ser atendido, nesse caso ele estará identificado com um adesivo azul, que indica que não é nada grave. Se for algo mais urgente, em uma hora certamente será atendido”, explica uma funcionária de plantão neste final de semana.
O que a reportagem apurou foi que havia somente dois médicos atendendo, apesar da funcionária garantir que outros dois médicos estavam em horário de almoço e um quinto não havia comparecido ao trabalho no sábado.

Haitiano Diêu Linh

Entre sábado, 11, e domingo, 12, a gazeta esteve por três oportunidades na UPA. Em cada uma das ocasiões foram constatados diferentes situações. Às 13 horas de sábado cerca de 30 pessoas aguardavam atendimento, algumas esperando há mais de seis horas, outras, exaustadas, dormiam nas cadeiras esperando atendimento.
“Eu cheguei aqui umas 10 horas e ainda não nos atenderam. Minha mulher está mal, com febre e ainda estamos esperando pelo médico”, afirmou o haitiano Diêu Linh, que esperava há três horas atendimento para a esposa. Linh, que mora há seis meses na cidade, diz revela que um amigo seu, também do Haiti, também já passou por uma situação semelhante.
“O atendimento às vezes demoram muito, e meu amigo outro dia chegou às 15 horas e era 21 horas e ainda não tinham atendido ele. Naquele dia não havia médico pra ele. Ele não foi atendido e foi embora com dor e sem atendimento. E muitas vezes é assim, com falta de médicos e medicamentos”, lamenta desolado
Na mesma tarde do sábado, uma jovem também estava na mesma situação de Linh. Sentada numa cadeira, a jovem amparava em seus braços dois rapazes que estavam adormecidos. Segurando um em cada lado. Com expressão de angústia e desolação declarou ao repórter: “ficar esperando mais de quatro horas para ser atendido é um absurdo, estou aqui com meus irmãos que estão passando mal, e ainda não foram chamados. Eu não sei o que eles têm, mas estão muito mal”.

Upa 24 horas atende cerca de 300 pessoas ao dia

No início da tarde do domingo cerca de dez pessoas entre crianças, jovens e idosos esperavam atendimento, sem esperança de sair dali antes de cinco horas de espera.
“Tem gente que vem aqui e espera horas e não são atendidos. Temos que ficar aguardando sem ter a certeza se um médico vai nos atender. Isso é bem indignante. Se tu não tiver nada grave ficará até umas cinco horas aguardando um médico”, desabafou uma senhora que não quis se identificar.

A explicação de Siqueira
O Secretário da Saúde, Diogo Siqueira, disse que não é normal um paciente aguardar quatro horas por atendimento, e que são cinco médicos trabalhando ao dia, e não quatro, como foi afirmado pela funcionária da UPA.
“Ocasionalmente acontece esse tipo de falha de escala, mas a situação está melhorando”, garante. A falta de medicamentos, tópico criticado incisivamente pelos pacientes entrevistados, está sendo resolvido, ao menos é o que afirma Siqueira. “Ainda estamos com falta de medicamentos controlados, de algumas marcas de antidepressivos, mas todos antibióticos chegaram e estamos aguardando mais medicamentos”, garante.
Siqueira explicou ainda sobre a polêmica do fechamento da UBS de São Pedro. De acordo com ele, o posto (que a princípio seria fechado), vai funcionar um turno por semana. “Eu conversei com o sub prefeito e tivemos uma conversa para explicar para população a situação econômica que vive o país. Chegamos num acordo de tentar repor um turno e essa semana vou organizar tudo para transferir um médico pra lá”, disse.
Ainda segundo Siqueira, nenhuma UBS fechou. “Vai acontecer redução de turnos do posto da Cohab, São Pedro, Maria Goretti, Espaço do Idoso e Unidade Móvel. Gradualmente vamos repondo os médicos”, promete.