Bebendo pouco e barato brasileiro consome só dois litros de vinho por ano

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Comparado aos países europeus que em média consomem 50 litros anuais per capta, o Brasil tem muito vinho a consumir

Comparado a outros países produtores de vinho o Brasil tem muito que aprender a divulgar o vinho nacional. Além de ser um produto caro para o bolso do brasileiro médio, ovinho no Brasil tem muito chão pela frente para tirar a imagem pernóstica que foi imputada pelos esnobes e, porque não, pelos produtores de vinhos. Na Europa, onde o consumo de vinho não é tratado como produto elitizado, o vinho e seus derivamos têm custo benefício que cabe no bolso de todos. Não é raro ver pessoas consumindo o vinho em todos os momentos e não só em ocasiões especiais. Os míseros 2 litros por ano per capta – deixando de fora a região da serra gaúcha que se esforça muito para aumentar a média nacional de consumo – contrasta com os 62 litros por habitante por ano, seguido pelos 50 litros anuais per capta da França e os 44 da Itália

Os dados são de 2019 e marcam o consumo brasileiro de 2,13 litros de vinho por habitante (calculando apenas os maiores de 18 anos).Pelo menos venceu a barreira dos 2 litros, que há muitos anos estava assombrando a indústria vinícola nacional. Mas o que representam 2,3 litros per capta anual? 380,4 milhões de litros de vinhos finos e de mesa, destes somente 69% são rótulos nacionais, 31% são de importados que,na sua grande maioria entram no Brasil com incentivos inacreditáveis. Apesar de ser festejado pela empresa responsável pelo cálculo – Ideal Consulting -, já que a quebra da barreira da vergonha se deu num ano em que a economia nacional rastejou,a grande verdade é que agrande parte dos 69% de consumo de 2019 é de vinhos baratos.

Segundo a Ideal Consulting 25% das garrafas vendidas mal chegaram aos R$ 25. Outra análise feita pela empresa foi que “o valor médio do vinho importado, no ponto de venda, é de R$ 60. Se pensarmos em todos os custos que incidem sobre uma garrafa, como imposto de importação, frete, rótulos etc. e etc., estamos bebendo brancos e tintos que raramente superam o preço de US$ 2 na vinícola”. Outra análise da Ideal Consulting é que “o portfólio das empresas mostra a forte tendência em apresentar para o consumidor as opções mais básicas de cada vinícola, o que deve ganhar força neste ano. Assim como tendem a crescer os rótulos elaborados especialmente para o mercado brasileiro, não raro com um teor mais frutado e até adocicado”.

Vinho em lata e espumante no carrinho de picolé
Seduzir consumidores mais jovens é a nova ordem: rótulos modernos, parceria com influenciadores digitais com mais de 1 milhão de seguidores, presença em eventos descontraídos, embalagens em lata, espumantes vendidos na praia em carrinhos de picolé são algumas tentativas de democratizar o consumo. Mas nada adianta se o preço for inacessível ao consumidor médio. Primeiro de tudo o Brasil precisa de uma política de incentivos fiscais para as indústrias concorrerem com os importados que chegam no país a preço de banana, e segundo, e não menos importante que estes incentivos revertam em preço baixo na gôndola.