Autoestima é mais elevada aos 60 anos, aponta estudo feito por cientistas suíços

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O auge da felicidade e bem estar não é atingido aos 17 ou 24 anos, mas sim aos 60 anos. Isso é o que afirmam cientistas da Universidade de Berna, na Suíça

O auge da felicidade e bem estar não é atingido aos 17 ou 24 anos, mas sim aos 60 anos. Isso é o que afirmam cientistas da Universidade de Berna, na Suíça, que recentemente concluíram um estudo que diz que a autoestima é mais elevada no início da terceira idade. E eles garantem: esse sentimento pode permanecer no auge por uma década inteira.
Com a pesquisa, os cientistas queriam investigar a trajetória da autoestima ao longo da vida. Eles descobriram que esse sentimento começa a se elevar entre 4 e 11 anos de idade, à medida que as crianças se desenvolvem social e cognitivamente – e ganham algum senso de independência. Os níveis, então, se estabilizam à medida que a adolescência começa, dos 11 aos 15 anos.
Isso é surpreendente, pois o senso comum afirma que a autoestima cai durante a adolescência. “Essa impressão acontece devido a mudanças na puberdade e maior ênfase na comparação social na escola”, diz Ulrich Orth, autor do estudo Mas, na prática, não é o que acontece.
Segundo os pesquisadores, a autoestima se mantém estável até a metade da adolescência. Depois disso, ela tende a aumentar significativamente até os 30 anos. Após a faixa dos 30 podem até existir oscilações, mas o sentimento de autoconfiança tende a crescer. Quando os 60 chegam, a autoestima alcança o seu auge – e permanece assim até os 70 anos.
Mas, quem tem a sorte de chegar até os 70 pode sentir sua autoestima baixar. Os pesquisadores afirmam que esse sentimento declina drasticamente dos 70 aos 90 anos. “Essa idade frequentemente envolve perda de papéis sociais e, possivelmente, viuvez, fatores que podem ameaçar a autoestima”, explica o autor. “Além disso, o envelhecimento muitas vezes leva a mudanças negativas em outras possíveis fontes de autoestima, como habilidades cognitivas e saúde.”
Toda essa análise se baseou em 191 artigos científicos sobre autoestima, que incluíam dados de quase 165 mil pessoas. Os cientistas conseguiram, com esse estudo, apresentar uma visão bem abrangente sobre como a essa auto percepção muda com a idade – por isso optaram por diferentes grupos demográficos e faixas etárias.
Na cultura de hoje, que é quase obcecada pela juventude, muitos temem o envelhecimento. Mas, segundo a pesquisa, uns aninhos a mais podem fazer bem para sua autopercepção.

Idosos que vivem mais
Em 2014 uma pesquisa que avaliou o bem-estar físico e mental de idosos sugeriu que pessoas mais velhas que são mais felizes conseguem desacelerar os sintomas de envelhecimento em comparação com aqueles que não estão passando por momentos positivos.
Na época os resultados foram publicados no periódico científico da Associação Médica Canadense, mostrando dados da análise feita com 3.199 homens e mulheres que vivem na Inglaterra, com idade mínima de 60 anos.
Os participantes foram acompanhados por pesquisadores da University College London por oito anos e foram divididos em três diferentes grupos de faixa etária: 60 a 69 anos, 70 a 79 anos e mais de 80 anos.
O estudo avaliou a satisfação de vida com a ajuda de quatro perguntas: “eu gosto das coisas que eu faço?”, “eu gosto de estar na companhia de outras pessoas?”, “quando faço uma retrospectiva da minha vida tenho sensação de felicidade?” e “me sinto cheio de energia nos dias de hoje?”.
As entrevistas ajudaram a determinar possíveis prejuízos físicos registrados pelos idosos em atividades diárias, como o ato de levantar da cama, vestir-se ou tomar banho sozinhos. Além disso, foi aferida a velocidade do andar dos participantes.

Mais alegria, mais tempo de vida
Segundo o estudo, idosos com mais qualidade de vida eram aqueles com maior nível socioeconômico, mais estudados ou que eram casados. Idosos com baixa satisfação com a vida tiveram doenças cardíacas, diabetes, artrite ou depressão.
De acordo com Andrew Steptoe, um dos autores da investigação científica, pessoas mais velhas com mais autoestima estão propensas a desenvolver menos deficiências em atividades básicas diárias (como tomar banho sozinho), além de não registrar declínios na velocidade de caminhada.
“Nossos resultados fornecem evidências de que o gozo pela vida é relevante para ter informações sobre o futuro da mobilidade e deficiência de pessoas idosas. Os esforços para melhorar o bem-estar de idosos pode beneficiar a sociedade e os sistemas de saúde”, explicam os autores.

Dicas para idosos viverem mais
Além da sabedoria e dos cabelos grisalhos, o avançar da idade pode trazer muitas outras consequências à vida dos idosos. Por isso é fundamental construir hábitos que favoreçam a qualidade de vida na terceira idade.
Ter a saúde física e mental debilitadas são, infelizmente, bastante comuns nessa época da vida. Para ajudar o idoso a viver essa fase com mais plenitude, a Gazeta reuniu sete dicas simples e práticas que farão muita diferença para a qualidade de vida na terceira idade. Confira.

Praticar atividades físicas
Caminhar e praticar outras atividades físicas faz bem para o coração e para as pernas, além de fortalecer os músculos e ajudar a prevenir a depressão. Realizar caminhadas leves e diárias, com duração indicada entre 30 minutos a 1 hora, já trará ótimos resultados. Além disso, as academias ao ar livre são também uma excelente opção para fazer exercícios sem custo.

Comer peixes, frutas e legumes
Aumentar a frequência dos peixes e frutos do mar no cardápio é uma ótima pedida: eles são ricos em ácidos graxos ômega-3, que reduzem o os riscos de hipertensão arterial e doenças cardíacas. Além disso, colorir o prato com saladas e legumes garante a ingestão de vitaminas, fibras e nutrientes que aumentam a imunidade e previnem muitas doenças. Substituir doces por frutas na sobremesa fecha o menu com chave de ouro e traz ainda mais qualidade de vida na terceira idade.

Consumir bastante líquido
Beber diariamente de seis a oito copos de água e/ou sucos naturais de frutas mantém o corpo hidratado e limpo de impurezas. A grande dica é sempre coar ou peneirar os sucos, evitando engasgamentos e afogamentos.

Tomar sol
Os raios solares repõem os níveis de vitamina D, que é muito importante para fortalecer os ossos e os dentes. Por isso, banhos de sol com duração de 15 a 45 minutos por dia é muito benéfico para a qualidade de vida dos idosos. No entanto, é muito importante lembrar de utilizar protetor solar e respeitar os melhores horários para o banho de sol (antes das 10h e após às 16h).

Manter o cérebro ativo
Exercitar frequentemente o cérebro com jogos de cartas e palavras cruzadas é divertido e nos deixa mais inteligentes. Porém, o grande ganho é que esta prática ajuda a evitar ou retardar o aparecimento de doenças neurológicas – grandes vilãs na terceira idade. Portanto, é muito positivo que o idoso pratique atividades que estimulem a sua mente.

Socializar
Manter contato com bons amigos garante bem-estar e qualidade de vida na terceira idade. Segundo uma pesquisa realizada em Harvard, pessoas que se relacionam e possuem contato com boas amizades são mais felizes. Fora isso, manter convívio social mantém o cérebro ativo e ajuda a prevenir demência. Participar de excursões para a terceira idade, de grupos de dança (ou outras atividades) para idosos ou simplesmente cultivar o hábito de reunir os amigos em casa para uma refeição especial e um bom bate-papo são excelentes alternativas para fortalecer os laços.

Evitar os riscos
A maioria dos acidentes com idosos ocorrem no ambiente doméstico. Nesta fase da vida, pequenas lesões ou fraturas podem ocasionar grandes problemas. Por isso, prevenir-se garantindo que a casa deles esteja livre de riscos – como objetos soltos, tapetes ou calçados escorregadios, degraus, entre outros – é de extrema importância.
Para oferecer e incentivar esses hábitos que garantem qualidade de vida na terceira idade, estar presente e próximo no dia a dia dos idosos é fundamental. Afinal, o afeto esegurança emocionaltambém são fatores importantíssimos para um envelhecimento saudável e feliz.
Porém, muitas vezes a dedicação exclusiva é impossível. Nesses casos, já é possível contar com uma série de recursos tecnológicos que auxiliarão nos cuidados enquanto você não puder estar presente.