O Secretário da Saúde, Diogo Siqueira, afirma que o atendimento na unidade do Centro é considerado bom. A principal carência, segundo ele, era de medicamentos, mas, garante estar suprido
Os atendimentos médicos da Unidade de Saúde Central, localizado na rua Júlio de Castilhos, têm um dos históricos mais complicados da cidade. Algumas pessoas relatam ter esperado mais de cinco horas para conseguir atendimento. A fila começa às cinco da manhã, mas são poucos os que conseguem uma consulta. Aqueles que não conseguem ficha para atendimento, arriscam ficar na fila para tentar vaga para na parte da tarde.
O motorista Adelar Pires Rodrigues, de 35 anos, diz precisar do serviço médico duas vezes ao mês, em média. Indignado com a demora no atendimento, Rodrigues desabafou sobre o sistema público de saúde. “Tem que vir às 8h30,9h da manhã para conseguir uma ficha. Para a nossa população é uma pouca vergonha, por causa dos impostos que pagamos. As pessoas de idade muitas precisam esperar na fila, e muitas vezes passando frio”, critica.
Rodrigues disse ainda que já teve que ficar de madrugada na fila, na esperança de ser atendido ainda pela manhã. “Já faltou medicamento, a farmácia pública é uma vergonha. Teve uns meses atrás que foi uma calamidade pública. Já fiquei cinco, seis horas para pegar uma ficha. Se a pessoa quer ser atendida pela manhã, ela precisa chegar em torno das 4 horas”, lamenta.
O depoimento do motorista é semelhante ao da dona de casa Marcia Santos, de 40 anos. “Um dia cheguei às 13h30 e saí por volta das 17h45, mas já tinha horário marcado. Hoje sei que vou sair em torno das 16h30. O médico não fica mais de cinco minutos te consultando, está bem ruim mesmo, eles não se preocupam com a pessoa”, desabafa.
A aposentada Dileta Castoldi, 60 anos, diz que já sofreu com a falta de medicamentos. “Eu, particularmente, não venho nessa unidade. Estou aqui porque foi encaminhada uma consulta com um especialista. Lá perto de casa, no Postinho do Zatt, o atendimento é muito bom, e como sou idosa facilitou bastante. Já faltou medicamento, mas em todas as unidades estava em falta”, diz.
Já para aposentada Maria Odete, de 64 anos, o fato de ser aposentada é um ponto positivo para conseguir ficha. “Eu já sou idosa, nunca fico na fila. Venho só para pegar remédios no SUS a cada quatro, seis meses. Geralmente o atendimento é rápido, mas mesmo assim, tem dias que é demorado, diz.
Soeli Tricks, operária de 51 anos esperava há mais de duas horas na fila, na esperança de conseguir atendimento. “Estou esperando desde às 11 horas, e vou pegar a ficha somente às 13h30. Depois disso vou almoçar, para depois voltar mais no final da tarde e ser atendida”, contou. Alguns médicos chegam a atender em apenas dois minutos, sem prestar atenção no que a gente diz”, queixou-se. O agricultor Vanderlei Opencoski, de 36 anos reclamou das poucas fichas disponibilizadas. “Estou desde às sete da manhã e só tem quatro fichas, de manhã cheguei mas não tinha mais ficha. É sempre demorado, saí do trabalho para vir. Falta de tudo, na UPA 24h falta de tudo também. Vim aqui porque onde moro, na Linha Alcântara, tá sem atendimento. A gente sofre na colônia e na cidade. É muito sofrimento”, desabafa.
Falta de médicos
Na porta do posto do Centro a falta de médicos está estampada nos cartazes. No dia em que a equipe realizou a reportagem, havia apenas quatro consultas pediátricas e quatro para clínica geral . Não há dentistas para atendimento. Outro cartaz improvisado informa:“devido à falta de médicos nas unidades do interior, Maria Goretti, Cohab e Municipal, comunicamos que a Unidade Central somente agendará idosos e portadores de deficiência destas unidades. Hipertensos e diabéticos deverão entrar na fila para consultas. Pacientes do Maria Goretti e Cohab devem deixar na UBS Central suas solicitações de exames para agendamento”.
A enfermeira Geisa Moroni da unidade Central, contradizendo os cartazes e os depoimentos dos usuários afirmou que não há falta de médicos, nem demora no atendimento. “Não temos poucos médicos, inclusive essa semana começou um médico na unidade da Cohab. É difícil dizer, mas ninguém fica mais de duas horas esperando por uma consulta” garantiu.
A afirmação de enfermeira é criticada pelos usuários que afirmam ficar mais de cinco horas para esperar por uma consulta. Geisa Moroni orientou que os idosos e crianças com menos de dois anos podem agendar consulta, enquanto que a população em geral, abaixo de 60 anos, deve esperar na fila para tentar uma ficha médica.
Secretário admite falta de médicos
Na opinião do Secretário da Saúde, Diogo Siqueira, o atendimento na unidade do Centro é considerado bom. A principal carência, segundo ele, era de medicamentos, mas diz que foi suprido nos últimos meses.
O Secretário de Saúde admite, no entanto, que existe déficit no quadro médico. “Conseguimos, gradualmente, resolver este desafio. Já investimos neste primeiro semestre mais do que em 2016 inteiro para medicamentos. Outro desafio é o número de médicos e a permanência destes na municipalidade. Estamos contratando médicos, alterando nossas leis para podermos mantê-los em nosso quadro de funcionários.”
Questionado sobre o número de pessoas nas filas sem atendimento, Siqueira prometeu solução, sem definir data. “Com a contratação de mais médicos, com novas farmácias completas nas ESF (iremos iniciar no Conceição e Licorsul até setembro), iremos, gradualmente, diminuir as filas”, prometeu sem dizer quando.
Diogo Siqueira se esforçou em buscar um número para fazer bonito e afirmou que “são em torno de 250 atendimentos ao dia na UBS, levando em consideração todos procedimentos” e não só consultas.
Interior
15 da Graciema
Abre segundas, quartas e quinta-feiras o dia todo, entretanto as consultas são realizadas somente nas segunda-feiras à tarde, por um clínico geral que atende 14 fichas e urgência.
Tuiuty
Segundas-feiras e quarta-feiras de manhã 7 fichas por dia.
São Valentim
Quarta de tarde, com sete fichas para clinico geral, podendo ser retiradas a partir das 13h.
As demais UBSs do interior não atenderam as ligações realizadas pela equipe de reportagem.
