As doenças que chegam com o outono

2015-04-10_190211
No outono, a incidência de doenças respiratórias, inflamatórias e alérgicas aumenta significativamente

Características do clima propiciam o surgimento de problemas respiratórios, inflamatórios e alérgicos

Já cantava Tom Jobim “São as águas de março fechando o verão”. E a música exemplifica bem o comecinho dessa estação. Marcado por muita chuva, temperaturas mais frias e ar seco, o outono que teve início no último dia 20 chega trazendo algumas enfermidades comuns nesse período – as chamadas doenças sazonais, que surgem com certa frequência em uma determinada estação do ano.
Segundo especialistas, características do clima típicas da estação acabam aumentando a incidência de doenças respiratórias, inflamatórias e alérgicas, como resfriado, gripe, laringite, sinusite, rinite, asma, bronquite, pneumonia e bronquiolite, dentre outras. Além disso, existe uma alteração comportamental no outono que costuma agravar o cenário.

Fatores climáticos e comportamentais agravam a incidência
Mas por que a estação favorece tanto a incidência dessas doenças? Profissionais da área de saúde apontam a combinação de mudanças bruscas de temperatura, ar seco e a queda na imunidade (menor gasto de energia em virtude da adaptação às temperaturas mais baixas) como alguns dos principais fatores que criam condições favoráveis ao surgimento dessas patologias.
Segundo o otorrinolaringologista Jaime Arrarte, com a temperatura caindo, as pessoas acabam ficando mais tempo em ambiente fechados, o que leva a uma tendência de concentração de poluentes/vírus no ar atmosférico. “Quando inalamos é que ocorre ou o contágio (no caso dos vírus) ou a reação alérgicas (no caso do pó”).
Em relação às doenças do trato respiratório, são as condições do clima, típicas da estação, que favorecem a multiplicação dos agentes causadores das mesmas. E esse é outro ponto destacado pelo especialista. “A atividade de alguns vírus aumenta com as baixas temperaturas e isso, somado à baixa imunidade, dispara o número de casos”, explica.

IVTRs , rinites alérgicas e asma
O médico destaca as duas principais situações em relação ao frio que se aproxima. Uma delas é o aumento da frequência das chamadas IVTR – ou infecções virais do trato respiratório – como o resfriado comum (causado por uma série de vírus) e também a gripe (causada pelo vírus influenza e seus subtipos, cuja prevenção só ocorre através da vacina específica).
A outra diz respeito às rinites alérgicas (e não alérgicas) e asma. “Elas aumentam no outono/inverno e estão relacionadas com a temperatura do ar e ao aumento dos alérgenos no ambiente (especialmente pó e fungos). Mas isto é uma reação individual – cada pessoa reage de maneira diferente, não sendo transmissível de pessoa a pessoa”, pontua.
Arrarte chama a atenção para o fato de que uma rinite e um resfriado leve são facilmente confundíveis pelo doente.
“Inclusive podendo haver sobreposição, porém o tratamento pode variar de um para o outro”, explica. No caso das chamadas IVTR, algumas medidas podem ajudar a impedir o contágio. “Evitar aglomerações, ambientes fechados, o contato próximo com pessoas doentes e realizar a higiene frequente das mãos”, recomenda.

Os mais vulneráveis
Em relação à população de risco, o otorrinolaringologista frisa que tanto as IVTRS quanto a rinite/asma são muito democráticas. “Não escolhem sexo, cor ou idade, mas em crianças pequenas e idosos, há uma tendência maior de complicações, por isso a ênfase nas campanhas de prevenção através de vacina e tratamento precoce da asma”, explica.
No entanto, também são muito vulneráveis pacientes que fazem uso de medicamentos que deprimem a imunidade (como quimioterápicos e corticoides) e fumantes – nesse caso, a agressão às vias aéreas pode comprometer as defesas e ampliar os riscos para as doenças típicas da estação.
E é nessa época do ano que costuma crescer o número de casos nas emergências dos hospitais, relacionados às crises intensas de alergia e pneumonia.
“Existe até um pânico infundado por parte dos pacientes, mas a maioria dos episódios evolui bem”, afirma o especialista. Mas Arrarte frisa a importância do diagnóstico como base do tratamento. “Normalmente o paciente sempre inicia com a automedicação e procura o médico somente quando não há uma boa evolução”, avalia.

Alguns cuidados para fugir das doenças típicas de outono:

– Evite ambientes fechados e com muita gente.

– Mantenha as janelas de caso ou do ambiente de trabalho abertas, pelo menos, por algum tempo, mesmo em dias frios. Assim, diminui os riscos de contaminação e infecção.

– Limpe diariamente sua casa, utilizando pano úmido e aspirador.

– Evite utilizar produtos de limpeza com fragrâncias muito fortes.

– Na hora do banho, evite a mudança brusca de temperatura, fechando as janelas e mantendo a água do chuveiro amena.

– Alimente-se de forma saudável, ingerindo alimentos de todos os grupos, em especial, frutas, legumes e verduras.

– Beba muito líquido, principalmente água e sucos que contenham vitamina C.

– Mantenha hábitos eficazes de higiene, incluindo lavar as mãos com frequência, evitar levar as mãos “sujas” aos olhos, boca e nariz e utilizar lenços descartáveis para limpar e assoar o nariz.

– Use roupas adequadas à temperatura – quando os termômetros baixarem, agasalhe-se melhor.

– Ao apresentar sintomas, como tosse, febre, falta de ar e corrimento nasal, procure o serviço médico para tratamento e orientação, evitando assim a disseminação.

– Busque a vacinação contra a gripe, principalmente se estiver no grupo de risco – assim você reduz a chance de desenvolver a doença.