Apesar da desaceleração na inflação, consumidor não sente efeito no bolso

2015-04-10_190211
Consumidores reclamam que a desaceleração na inflação não chegou nas prateleiras do supermercado

Números oficiais indicam queda de 0,45% no preço dos alimentos, mas em Bento, população não vê melhora na hora de pagar a conta do supermercado

A notícia parece animadora: “Preços continuam a cair, reduzindo o custo de vida do brasileiro”. A afirmação se baseia no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do País. Segundo esses dados, fevereiro fechou em 0,33% (no menor patamar para o mês desde 2000), apontando queda de 0,45% no preço de alimentos e bebidas. Mas, pelo menos aqui na região, os consumidores ainda não sentiram a tão esperada redução no custo de vida.
Analistas de Índices de Preços do IBGE afirmam que os alimentos compensaram a alta nos gastos com educação. O argumento é que a alimentação tem um peso muito grande no orçamento das famílias e na composição do IPCA. De acordo com os pesquisadores, a queda nos preços dos alimentos é explicada pela safra de grãos, que foi mais favorável – uma vez que as chuvas desse ano mais bem distribuídas, otimizaram a produção das lavouras.
Entre os alimentos que – segundo os dados do IPCA – ficaram mais baratos no mês, está o feijão-carioca, o feijão preto, o alho, a batata inglesa e a cebola. Mas o resultado – abaixo do esperado por

Sobre o custo dos alimentos, Dona Neli desabafa. “Não tem melhora, está cada vez pior”

analistas do mercado financeiro, que previam uma alta de 0,38% em fevereiro, de acordo com pesquisa divulgada pelo Banco Central (BC) – parece não estar atingindo o bolso do consumidor na hora de pagar a conta do supermercado.
É o que afirma a dona de casa Salete Maria Menon Carraro, de 57 anos. Para ela, a situação real parece contrária. “A impressão que tenho é que cada vez compro menos coisas e gasto mais”, desabafa. Mesmo entre os itens considerados líderes na baixa de preço, ela não vê melhora na hora de pagar a conta do supermercado. “Até tentamos fazer pesquisa de preços, mas não vemos essa baixa que eles afirmam existir, nem de longe”, explica.
A opinião é compartilhada por Neli Bonassina, 66 anos. Pensionista, ele dá faz malabarismos para chegar ao final do mês com o orçamento que dispõe.
“Criei cinco filhos, sempre com muito esforço. Hoje, dois deles ainda moram comigo e quem tem família sabe quanto custa colocar comida na mesa. Para mim, não tem melhora, acho que está cada vez pior”, afirma. E conclui. “É só puxar dinheiro do bolso! Baixa nos preços? Onde? Aqui em casa, não percebemos nenhuma melhora”.
Para março, existe a expectativa de que inflação sofra o impacto dos reajustes nas tarifas de energia elétrica em todas as regiões do país e os números podem não ser muito animadores.
Ao consumidor resta esperar: não só a baixa significativa no custo de vida, mas principalmente a concretização das previsões otimistas – não apenas nos dados oficiais, mas no bolso, ao final de cada mês.

O que é IPCA

O IPCA mede a inflação oficial do País (desde 1980). Para o cálculo do índice deste mês foram comparados os preços coletados no período de 31 de janeiro a 24 de fevereiro de 2017 (referência) com os preços vigentes no período de 30 de dezembro de 2016 a 30 de janeiro 2017 (base).