Ame seu trabalho, mas faça-o com moderação

2015-04-10_190211

Seu cansaço pode ser Síndrome de Burnout e ignorá-lo pode custar caro para a sua saúde mental

Todos já nos sentimos cansados com o trabalho em algum momento da vida e às vezes sentimos que a nossa lista de responsabilidades está maior do que a nossa capacidade de dar conta dela.
Quanto dura a sua jornada de trabalho? Calculando apenas as horas previstas em lei, eu diria que em torno de oito horas. Se somarmos todas essas horas ao longo da vida é provável que passemos em torno de oito ou nove anos trabalhando.
Já que o trabalho é uma atividade que ocupa grande parte do nosso dia e da nossa vida, que peso ele exerce sobre a nossa saúde mental? Por conta da pandemia, muitas pessoas têm sentido a pressão de mostrar aos seus chefes que estão conseguindo manter a performance, e para dar conta das novas demandas, muitas pessoas estenderam a jornada de trabalho.
Esse excesso de trabalho desequilibrou os limites entre a vida pessoal e a profissional, e quem sentiu os efeitos foi a saúde mental. O profissional entra num ciclo no qual passa a trabalhar mais e assim fica mais esgotado.
O cansaço faz com que ele renda menos e para suprir essa falta, ele passa a trabalhar mais. O que acontece quando juntamos esse funcionamento com o medo de ser mandado embora e um momento de crise mundial sem perspectivas de melhora?
Esse ciclo é um prato cheio para a Síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, que é um distúrbio que afeta cerca de 30% dos brasileiros e é tido como um problema de saúde pública no mundo todo.

O que é a Síndrome
de Burnout?
A síndrome de Burnout é um desgaste que prejudica os aspectos físicos e emocionais da pessoa, levando-a a um esgotamento profissional.
Apesar de ser mais recorrente no ambiente de trabalho, também é possível desenvolver a síndrome na faculdade e até mesmo em casa, porque o Burnout está relacionado com o esforço excessivo físico, mental ou emocional, seguido de poucos momentos de descanso ou descontração.
A síndrome se manifesta quando a relação com o trabalho se transforma em estresse, ansiedade e nervosismo intensos. O trabalhador é levado ao limite físico e emocional e se sente extremamente cansado, desmotivado e esgotado.
Além dos fatores no trabalho, problemas familiares, no relacionamento, a rigidez e dificuldade em tolerar frustração também podem influenciar no desencadeamento da síndrome.

Quais são os
sintomas?
Os sintomas da síndrome de Burnout envolvem esgotamento, cansaço físico e mental excessivo; dores de cabeça recorrentes; falta ou excesso de apetite; dificuldades de concentração; alterações na rotina do sono; sentimentos de fracasso, incompetência, incapacidade, derrota e insegurança; negatividade e desolação; alterações de humor repentinas e constantes; solidão, isolamento social, sensação de alienação e de ser uma presença desagradável; pressão alta; preocupação excessiva; dores musculares (principalmente nas regiões lombar e cervical); problemas de ordem gastrointestinal; ansiedade; alterações no ritmo cardíaco; perda de prazer; náuseas.
Os sintomas da síndrome se assemelham muito com os de outros problemas emocionais, como a depressão, por exemplo, por isso o diagnóstico só deve ser feito por um profissional.
Pessoas com a síndrome de Burnout costumam passar por três fases: primeiro um aumento brusco de produtividade, podendo ultrapassar as oito horas diárias de trabalho, passando mais tempo em função dessa atividade e menos nas outras que fazia antes.
Em seguida surgem os fatores ansiosos que são sentidos no corpo, como taquicardia, falta de ar, dores musculares frequentes, pensamento acelerado, que levam para a terceira fase.
Nela, ocorre a exaustão total após se cansar do ambiente estressor e desistir de reagir a ele.
Normalmente nessa fase o número de faltas no trabalho aumenta, bem como o descumprimento de prazos de entrega e mudanças de comportamento.
Se você se identificou com alguns dos sintomas o melhor a fazer é procurar um psicólogo, pois ele lhe ajudará a identificar qual condição está por trás dos seus sintomas.
É importante lembrar que as pessoas que possuem a síndrome de Burnout tem direito a licença médica, não ignore a sua saúde pelo medo de demissão.
Quando diagnosticada a síndrome, o primeiro passo é um afastamento da atividade que tem causado o esgotamento. É muito importante que se faça uma reflexão quanto a quantidade de trabalho que é executado e se o trabalho tem sido levado para casa.
A partir disso é possível iniciar estratégias para flexibilizar os horários ou diminuir o contato com questões urgentes do trabalho, avaliar a relação com os colegas, chefes e com o funcionamento da empresa. É necessário desenvolver estratégias de gerenciamento de estresse que sejam realmente eficientes, pois mesmo que melhore do Burnout, a pessoa pode voltar a ter contato com estressores que podem desencadear uma nova crise.
É essencial desenvolver limites saudáveis e estar atento as próprias necessidades pessoais de descanso, sono, espaço e reconhecimento.
É possível manter o comprometimento e responsabilidade enquanto são promovidas mudanças no ambiente de trabalho.

Estratégias de
prevenção do
esgotamento
profissional
Pratique exercícios físicos: já que a síndrome causa problemas físicos e tensão musculares que às vezes impedem a locomoção, nada melhor do que um exercício para liberar a tensão e criar uma rotina saudável. A atividade também é um momento de relaxamento e autocuidado.
Tenha momentos de lazer: eles são fundamentais para o descanso da mente e do corpo. Descansar é essencial para a prevenção e tratamento da síndrome. Momentos de lazer também são uma forma de autocuidado, você não precisa usar o tempo livre para ter mais trabalho.
Reveja suas cobranças: a autoexigência excessiva também é um desencadeador da síndrome. A busca pela perfeição leva as pessoas a níveis altos de estresse, entenda que erros podem ser cometidos e isso é normal.
Reorganize-se: às vezes uma atitude de reorganizar as tarefas e horários já ajuda a pegar mais leve e manter a calma, evitando a sobrecarga.
Mantenha bons relacionamentos: gentileza, cooperação e respeito não são características apenas de amizades profundas, é possível aplicar isso em qualquer ambiente. Já que conviver é necessário, que tal tentar fazer disso algo mais leve?
Estar esgotado é muito mais sério do que ter um dia ruim ou estar estressado. O esgotamento pode custar sua saúde, sua felicidade, suas realizações futuras e tem efeitos sérios a longo prazo, cuide-se.