Agricultores reclamam da falta de assitência das subprefeituras para reparar os danos das chuvas em suas plantações

2015-04-10_190211
Um desmoronamento de terra caiu sobre estufa de tomates

Além das péssimas condições das estradas, o agricultor ainda sofre com a falta de ajuda para recuperar os estragos das últimas chuvas fortes que depredaram as plantações

Depois de fortes chuvas, os estragos geralmente aparecem nas estradas. Moradores do interior de Bento Gonçalves relatam, entretanto, que esses problemas não têm a ver apenas com o clima, mas também com as péssimas condições das vias. No último temporal, na semana retrasada, por exemplo, o produtor agrícola Roberto Parisotto fez um desabafo na sua rede social, após ter que ajudar um vizinho a retirar um desmoronamento de terra que caiu sobre sua estufa de tomates.
“Depois de dias de muitas chuva meu amigo, precisando de ajuda para tirar um desmoronamento de terra e salvar sua estufa de tomates pediu ajuda a prefeitura mas não teve resposta. O negócio foi fazer um pequeno mutirão,eu, com ajuda de vizinhos e resolver parcialmente o problema tiramos a lama. Pelo menos a união faz a força , pois se dependermos da prefeitura o interior esta morto”, escreveu na postagem.
Parisotto conversou com a reportagem da Gazeta e revelou que ele e mais dois vizinhos conseguiram desviar a água e salvar a estrutura, que estava comprometida. Ainda, ele disse que a prefeitura mandou ajuda apenas na quinta-feira (15), uma semana após o ocorrido.
De acordo com o agricultor, pelas estradas entre Tuiuty e Faria Lemos são escoados mais de 18 milhões de quilos de uva e cítricos. “Além dos carros dos moradores, as vans escolares ‘entram e saem’ (sic) mais de 16 vezes ao dia. É um terror para andar de carro: tem valeta entupida, água correndo na estrada. Quando chove é uma tristeza. As comunidades mais afetadas são de Veríssimo de Matos, Linha Ferri, São Valentim 96, Linha Atividade e Linha Demari”, lamenta.
Ele e os vizinhos se queixam do descaso da municipalidade com todo o interior. “Se tivesse manutenção ainda daria para fazer alguma coisa, mas não fazem nada. Não tem asfalto, isso é promessa de político faz tempo. Asfalto no interior não vem nunca, é sonhar com Papai Noel”, ironiza.
“Não precisamos de asfalto, e se tivesse estrada em boas condições já ajudaria, mas nem isso eles não fazem. Manutenção é uma vez por ano e olha lá, e a maioria das vezes é a gente que faz. Se nós queremos limpar uma valeta ou abrir, pedimos mas ninguém atende, então a gente pega e faz que é a melhor coisa que tem que fazer. Parece que a gente está mendigando um direito nosso”, reclama.
O agricultor conta também que um caminhão que recolhia lixo tombou em suas terras na quarta-feira (7) e que ficou atolado mais de uma semana até ser retirado. Outro morador descontente, M. M., também produtor agrícola, diz que as desculpas para não arrumarem as estradas são sempre as mesmas.
“É sempre a mesma história, o tempo tá bonito e é sempre a mesma desculpa. Um dia a máquina está estragada, outro dia não tem dinheiro. Disseram que vão arrumar, mas a gente não sabe quando”.
Para ele, a localidade deveria ser asfaltada, devido à carga de produção que eles precisam escoar. O agricultor ainda comenta que tentou abrir uma valeta e o seu trator ficou atolado. “A estrada está pura pedra, horrível. Dá pena de colocar o carro. Eu entendo que deu temporal, mas quando chove tem a desculpa que choveu.
E quando não chove? Eles arrumam onde está mais estragado e vão tampando com brita, mas não arrumam parelho. Querem que a gente fique na colônia. Mas não dão importância para nós, dão pouco valor para o agricultor. Parece que a vida é só na cidade”, conclui.