O Sindicato dos Servidores Municipais de Bento Gonçalves (Sindiserp-BG) intensificou, nas últimas semanas, a denúncia pública contra a administração municipal, acusando o Executivo de omitir informações, distorcer fatos e promover a retirada sistemática de direitos da categoria. A relação entre o sindicato e o prefeito Diogo Siqueira (PSDB) atingiu um novo patamar de tensão após o envio de respostas da Prefeitura à Justiça em processos que tratam de reajustes salariais, benefícios trabalhistas e condições de trabalho dos servidores.
Sindicato rebate
acusações e expõe
insatisfação
Entre os principais pontos contestados pelo Sindiserp-BG está a alegação de que há diálogo efetivo entre a gestão municipal e o sindicato. Embora a Prefeitura afirme que reuniões ocorreram, a entidade sindical nega que tenha havido debate real sobre projetos que envolvem a retirada de direitos, classificando como “falsas” as afirmações do Executivo. Segundo o sindicato, as tentativas de negociação têm sido ignoradas, e as reuniões se limitaram a promessas não cumpridas de novas audiências.
O sindicato também rebateu acusações pessoais contra sua presidente, apontando que a Prefeitura tenta desviar o foco das discussões centrais .
Além disso, os servidores denunciam reajustes insuficientes e perdas salariais acumuladas. Segundo relatos, há anos os trabalhadores recebem apenas a reposição da inflação, o que não cobre o aumento do custo de vida. O valor do vale-alimentação, atualmente em R$ 26,00, é considerado o menor da região, e a defasagem salarial tem levado a categoria a protestos e mobilizações por valorização.
Estado de greve
e ameaça de
paralisação
Diante do impasse, o sindicato oficializou o estado de greve e estabeleceu prazo para que a Prefeitura apresente propostas concretas de reajuste salarial e aumento do vale-alimentação. Caso as demandas não sejam atendidas, a categoria pode deflagrar uma greve geral, o que impactaria diretamente os serviços públicos essenciais do município.
A presidente do Sindiserp-BG, Neilene Lunelli, reforça que a principal reivindicação é o reajuste salarial com ganho real , reajuste do vale- alimentação e a revisão de direitos recentemente retirados por meio de projetos aprovados na Câmara de Vereadores. Ela também denuncia a falta de servidores em setores essenciais como saúde e educação, desconstituição de nomeações , exonerações de servidores , enquanto vários servidores seguem recebendo gratificações elevadas.
Falta de diálogo
e mobilização
O sindicato critica a postura intransigente do Executivo, que, segundo a entidade, se recusa a negociar e ignora as tentativas de diálogo. A mobilização dos servidores conta com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS) , Femergs ( Federação dos Municipários do Rio Grande do Sul) e de parte do Legislativo municipal, que se posiciona contra a retirada de direitos.
A Prefeitura, por sua vez, não tem se manifestado publicamente sobre as denúncias e as reivindicações do sindicato, aumentando a insatisfação da categoria e a pressão por respostas concretas.
Novo contrato
do IPE
Novo contrato do IPE Saúde torna plano insustentável para servidores de menor renda
Reajustes do IPE
O reajuste no valor do IPE Saúde está causando grande preocupação entre os servidores municipais de menor renda, que terão dificuldades para manter-se no plano.
O sindicato cita um exemplo de um servidor hoje o custo do IPE é de R$ 270,37, mas com o novo contrato, esse valor saltará para R$ 908,22. Somado à previdência, o gasto mensal com essas despesas será de R$ 1.019,80, restando apenas R$ 762,13 para todas as demais necessidades financeiras do mês.
Enquanto muitas prefeituras do estado já garantiram algum tipo de apoio, chegando a cobrir 100% do plano em alguns municípios, a administração local segue sem informar se haverá qualquer participação no custeio do benefício. O silêncio do Executivo tem gerado indignação entre os servidores.
Campanha
O sindicato da categoria, diante dessa situação, lançou uma campanha publicitária para expor a realidade dos servidores mais afetados pelo reajuste. Além disso, enviou um documento à Frente Parlamentar do Servidor Público, se colocando à disposição para integrá-la, reforçando seu papel como entidade legalmente constituída perante o Ministério do Trabalho para representar os servidores municipais.
Cobranças
A entidade sindical segue cobrando um posicionamento do Executivo desde fevereiro, mas não obteve nenhuma resposta até o momento. Diante da incerteza, cresce a preocupação sobre como os servidores conseguirão manter o acesso à saúde sem uma solução viável por parte do governo municipal. O Sindicato também gestiona uma audiência junto ao IPE em Porto Alegre, além de enviar inúmeros documentos denunciando esta situação e a precariedade nos atendimentos.
Desgaste
A denúncia do Sindiserp-BG expõe um cenário de desgaste nas relações entre servidores e administração municipal, marcado pela retirada de direitos, descumprimento de leis e ausência de diálogo. O movimento sindical alerta para o risco de paralisação dos serviços públicos e cobra do Executivo uma postura transparente e negociadora para garantir a valorização e o respeito aos trabalhadores do município.





