Pesquisadores da Unesp desenvolveram um teste químico capaz de detectar a presença de metanol em bebidas alcoólicas e combustíveis. O kit custa apenas R$ 10 e oferece resultado em até 15 minutos. Apesar da patente registrada desde 2022, nenhuma empresa iniciou a produção. Enquanto isso, o número de vítimas por intoxicação segue aumentando.
A química Larissa Alves de Mello Modesto liderou a pesquisa no Instituto de Química da Unesp. Desde então, ela alerta para o risco ignorado pelas autoridades. Por causa da negligência, o teste segue fora do mercado, mesmo após três anos de espera. Além disso, a ausência de fiscalização contribui para a crise atual.
“A patente está aberta. Qualquer empresa pode fabricar o kit. A tragédia poderia ter sido evitada”, afirma Larissa.
Como o teste funciona
O teste ocorre em dois passos:
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O operador adiciona um sal à amostra. Se houver metanol, ele se transforma em formol.
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Em seguida, um ácido revela a contaminação por meio da mudança de cor.
A cor indica a gravidade da adulteração:
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Verde: sem metanol.
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Verde amarronzado: até 0,4%.
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Marrom: até 0,9%.
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Roxo: de 1% a 20%.
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Azul-marinho: acima de 50%.
Por outro lado, bebidas com açúcar podem interferir no resultado. O teste reage com o açúcar e apresenta uma cor marrom, o que dificulta a quantificação. Apesar disso, o método é confiável em bebidas puras.
Tecnologia acessível e validada
Ao contrário dos testes tradicionais, que exigem laboratório e custam até R$ 500, o kit da Unesp opera com materiais simples. Com isso, qualquer pessoa pode usar o teste com treinamento básico. Além disso, ele segue a RDC 166 da Anvisa, que garante a validade científica dos resultados.
Aplicação prática para bares e eventos
Comerciantes, organizadores de eventos e distribuidores de bebidas podem usar o teste preventivamente. Dessa forma, eles evitam intoxicações e protegem os clientes.
“O comerciante precisa garantir a segurança da bebida. O teste resolve isso rapidamente”, diz Larissa.
Além disso, o baixo custo torna o kit ideal para uso rotineiro. Por esse motivo, a pesquisadora reforça a urgência da fabricação e distribuição em larga escala.
Risco do metanol e omissão do mercado
O metanol custa pouco e não sofre taxação. Golpistas usam a substância para aumentar o volume de bebidas e combustíveis. No entanto, o consumo pode causar cegueira e até a morte.
Mesmo com alertas emitidos em 2022, ninguém levou a tecnologia adiante. Agora, após mais de 120 intoxicações, a solução criada pela Unesp surge como resposta imediata. A pesquisadora insiste na adoção do teste por órgãos públicos e empresas privadas.
“A tecnologia está pronta. Falta alguém assumir a responsabilidade”, conclui Larissa.




