Estudo aponta que mulheres ficam menos tempo no cargo de chefia do que homens

Estudo global mostra diferença entre homens e mulheres em cargos de chefia

O índice aponta ainda que as mulheres em cargos mais altos têm risco 33% maior de demissão

A pesquisa “Índice Global de Rotatividade de Executivos”, da consultoria Russell Reynolds, indica que as poucas mulheres que alcançam cargos de chefia permanecem, em média, três anos a menos no cargo que os homens. Enquanto os executivos permanecem na presidência por aproximadamente oito anos, as mulheres ficam cerca de cinco anos. Os dados são de 2018 até hoje.

O índice mostra ainda que mulheres em cargos altos têm risco 33% maior de demissão. Além disso, a alta rotatividade delas é destaque mesmo quando o desempenho da empresa é positivo. Isso mostra que as causas do desligamento são culturais e estruturais, explica a consultora Aline Benvengo Larangeira.

“Quando o negócio vai bem, as chances de um homem em cargo de chefia ser demitido são muito menores”, afirma a especialista. Ela acrescenta que o julgamento do conselho costuma ser mais rigoroso com mulheres. Enquanto a maioria dos homens deixa o cargo por aposentadoria (31%), entre as mulheres, a demissão (32%) é o motivo mais comum.


🔹 Permanência média das mulheres em cargos de chefia

Além de serem minoria em um mercado masculino, as poucas mulheres que chegam a cargos de chefia permanecem menos tempo que os homens. Em média, ficam três anos a menos no topo da gestão.

O estudo analisou profissionais de 25 países, incluindo o Brasil. As informações, lançadas em julho, envolvem 1.142 transições de gestores e gestoras em empresas de capital aberto nos últimos sete anos.

No primeiro semestre de 2025, as mulheres representaram apenas 9% das nomeações para cargos de chefia. Em 2024, contabilizaram 11% entre os presidentes nomeados. Os homens, quando nomeados, permanecem em média oito anos, enquanto mulheres permanecem cerca de cinco anos desde 2018.


🔹 Riscos de demissão e causas estruturais

Entre 2018 e 2024, 32% das mulheres em cargos de chefia deixaram o cargo – por decisão própria ou do conselho. Entre os homens, o mesmo ocorreu com 24%. Portanto, a alta rotatividade das mulheres é consistente, mesmo com desempenho positivo das empresas.

“Quando o negócio vai bem, as chances de um homem ser demitido são menores. Já as mulheres enfrentam julgamento mais rigoroso”, explica Larangeira. Ela afirma ainda que a rotatividade feminina aumenta quando há planejamento sucessório, pois a empresa já prevê a substituição e a executiva precisa se movimentar.

O estudo também indica que mulheres têm menos acesso a cargos estratégicos. Funções como diretoria financeira (CFO) ou de operações (COO) são trampolins para cargos de chefia. Como 76% dos chefes são promovidos internamente, isso representa barreiras adicionais para mulheres.


🔹 Barreiras sutis e trajetórias individuais

Os motivos para sair do cargo de chefia variam entre homens e mulheres. Entre os homens, 31% saem por aposentadoria, 24% por demissão, 14% mudam para outro cargo interno, 11% seguem plano de sucessão e 9% por causas desconhecidas. Entre as mulheres, 32% saem por demissão, 16% por plano de sucessão, 13% por motivos pessoais, 13% por aposentadoria e 10% por oportunidades externas.

Larangeira destaca que responsabilidades pessoais pesam mais para mulheres que para homens. Funções familiares e maternidade podem afetar a estabilidade da carreira e levar a demissões.

Cintia Moreira, promovida à presidência da Dengo Chocolates neste ano, observa nuances sutis que diferenciam experiências de homens e mulheres em cargos de chefia. Ela cita interpretações de comportamentos e expectativas sociais como fatores relevantes.

A executiva Patrícia Lima, fundadora da Simple Organic e chefe desde 2017, reforça que políticas de valorização da liderança feminina contribuíram para sua estabilidade, mesmo após a aquisição da empresa pela Hypera Pharma em 2020.

Além disso, ambas destacam que mentoria, rede de apoio e equilíbrio entre vida pessoal e profissional são fundamentais para reduzir o desequilíbrio de gênero na alta liderança.

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