Agência Nacional de Águas alerta que fenômenos como as enchentes de 2024 poderão ocorrer a cada dez anos em vez de a cada 50 anos
Um ano após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, iniciadas em 1º de maio de 2024, um estudo coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) revela dados preocupantes sobre o futuro climático da região Sul do Brasil.
A pesquisa, que contou com a participação de cientistas de 15 instituições, aponta que os eventos climáticos extremos, como as enchentes do ano passado, poderão se tornar até cinco vezes mais frequentes nas próximas décadas devido às mudanças climáticas.
O documento intitulado “As Enchentes no Rio Grande do Sul – Lições, Desafios e Caminhos para um Futuro Resiliente”, lançado em 30 de abril, indica que fenômenos antes esperados para ocorrer aproximadamente a cada 50 anos poderão se repetir a cada 10 anos.
Segundo o relatório, os rios gaúchos deverão experimentar um aumento de cerca de 20% na magnitude das vazões máximas, elevando significativamente o potencial de destruição durante períodos de cheias.
Para áreas urbanas como Porto Alegre, Guaíba e Pelotas, as projeções indicam que os níveis de água poderão subir até um metro acima do limite máximo de proteção atual. Na Serra Gaúcha, rios como o Taquari e o Jacuí poderão atingir níveis até três metros superiores aos limites atuais durante eventos extremos.
O estudo concluiu que as enchentes de 2024 constituíram o maior desastre natural da história do Rio Grande do Sul, com chuvas de duração, intensidade e abrangência territorial sem precedentes no Brasil.
Entre as recomendações apresentadas pelos pesquisadores estão a necessidade de adotar critérios hidrológicos mais rigorosos, implementar monitoramento mais robusto e desenvolver infraestrutura adaptada às novas realidades climáticas.
