Produto desenvolvido no Ital e na Alemanha é rico em proteínas, sustentável e pode ajudar no combate à fome
Uma carne vegana feita a partir de farinha de semente de girassol, rica em proteínas e minerais, foi desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), em Campinas, e do Instituto Fraunhofer IVV, na Alemanha. O alimento, moldado em formato de mini-hambúrguer, tem textura crocante, sabor suave e pode ajudar a combater a fome e reduzir impactos ambientais.
Farinha de semente de girassol é base de carne vegetal sustentável
A farinha de semente de girassol é um subproduto da extração do óleo da planta — geralmente descartado pela indústria — que foi reaproveitado como fonte proteica. O produto foi enriquecido com óleos vegetais e especiarias, tornando-se uma alternativa saudável e sustentável à carne animal. O girassol é a quinta principal oleaginosa produtora de óleo do mundo.
Com alto teor de ferro, zinco, magnésio e aminoácidos essenciais, a nova formulação oferece um perfil nutricional equilibrado e atributos sensoriais agradáveis. O estudo foi publicado em maio deste ano na revista Science e é apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Pesquisa reforça alerta da ONU sobre escassez de proteína animal
A pesquisadora Maria Teresa Bertoldo destacou que a iniciativa busca alternativas à carne animal, reforçando o alerta da ONU sobre a futura escassez de proteínas de origem animal. Diferentemente da soja, o farelo de girassol não é alergênico nem geneticamente modificado, o que amplia seu potencial de aceitação no mercado global.
Segundo Bertoldo, o ingrediente contém aminoácidos de cadeia ramificada, importantes para a construção e recuperação muscular, e pode ser combinado a outras fontes proteicas para atender às necessidades nutricionais da população.
Formulações com proteína texturizada de girassol
Duas formulações foram desenvolvidas a partir da farinha de semente de girassol enriquecida com tomate em pó, alho, cebola, páprica defumada e salsa. Uma delas utilizou a proteína texturizada de girassol, com mais crocância, e outra incorporou grãos de girassol torrados.
A proteína texturizada se destacou na avaliação sensorial por sua textura superior e sabor mais agradável, tornando-se a base para a continuidade das pesquisas. A expectativa é que, com ajustes, o produto alcance o mercado como uma carne vegetal nutritiva e atrativa.
Avaliação sensorial da farinha de semente de girassol
O estudo avaliou sabor, textura, aroma e aparência de diferentes formulações com a farinha de semente de girassol. Participaram 82 consumidores, entre homens e mulheres, que analisaram os produtos quanto à aceitabilidade global. O resultado mostrou boa aceitação e potencial de consumo.
Para o consumo humano, as cascas e compostos fenólicos foram removidos antes do processamento, o que melhora a digestibilidade e evita coloração escura. O avanço reforça o papel da pesquisa brasileira na busca por soluções alimentares mais sustentáveis e seguras.
#Ciência, #Sustentabilidade, #FarinhaDeGirassol, #CarneVegana, #Fapesp, #Ital




