É sempre constrangedor se aproximar da pessoa enlutada neste momento de dor e saber o que dizer e, principalmente, o que não dizer e expressões comuns podem ser prejudiciais
Ao tentar confortar alguém que perdeu um ente querido, muitas pessoas recorrem a frases feitas que, apesar da boa intenção, podem invalidar a dor e atrapalhar o processo do luto. O apoio adequado exige escuta e respeito ao sofrimento individual.
Frases que minimizam a dor
Expressões como “O tempo cura tudo” ou “A vida continua” devem ser evitadas. Segundo especialistas em psicanálise, essas frases pressionam a pessoa a superar a dor em um ritmo que não é o seu. O luto não tem um cronograma definido e cada indivíduo reage de uma forma única.
Tentativas de justificar a perda
Afirmações como “Foi melhor assim” ou “Deus quis assim” são problemáticas. Elas impõem uma crença ou uma perspectiva que pode não ser compartilhada por quem está sofrendo. Para especialistas, tentar encontrar um lado positivo na morte pode soar como uma anulação da tristeza e da saudade que a pessoa sente.
Comparações e falsas empatias
Dizer “Eu sei como você se sente” raramente é verdade. Cada experiência de luto é singular e, ao fazer essa afirmação, corre-se o risco de diminuir a experiência do outro. Da mesma forma, a frase “Você precisa ser forte” reprime a expressão de sentimentos, sugerindo que demonstrar tristeza é um sinal de fraqueza, quando, na verdade, é uma reação natural e necessária.
O que fazer em vez disso
A recomendação de especialistas é oferecer uma presença silenciosa e uma escuta ativa. Frases como “Sinto muito pela sua perda” e “Estou aqui se precisar de algo” são mais eficazes, pois validam o sentimento da pessoa e oferecem apoio prático sem impor interpretações ou apressar o processo de luto.
Apoiar alguém que enfrenta o luto vai além de enviar mensagens de pêsames. Ações concretas e a disposição para ouvir são as formas mais eficazes de oferecer suporte, segundo psicólogos. Ajudar com tarefas cotidianas e respeitar o tempo da pessoa são atitudes fundamentais no processo.
1. Ofereça ajuda prática e específica
Em vez de dizer “se precisar de algo, me avise”, tome a iniciativa com ofertas diretas. Pergunte: “Posso levar o jantar para você na quinta-feira?” ou “Precisa de ajuda para buscar as crianças na escola?”. Tarefas como ir ao supermercado, cuidar de animais de estimação ou ajudar com a burocracia aliviam um fardo imenso de quem está sofrendo.
2. Seja um bom ouvinte, sem dar conselhos
A principal necessidade de quem está enlutado é ser ouvido. Permita que a pessoa fale sobre sua dor, sobre a pessoa que partiu e sobre suas memórias, sem interromper ou tentar “consertar” o sentimento dela. O objetivo não é apresentar soluções, mas oferecer um espaço seguro para a expressão da dor.
3. Valide os sentimentos e a perda
Não tenha receio de mencionar o nome da pessoa que faleceu ou de reconhecer a tristeza do momento. Frases como “Imagino que esteja sendo muito difícil” ou “Sinto muito que você esteja passando por isso” validam a dor do outro. Evitar o assunto pode passar a impressão de que o sofrimento da pessoa é um incômodo.
4. Mantenha a presença a longo prazo
O luto não termina após o funeral. O apoio da rede de amigos e familiares é crucial nas semanas e meses seguintes, quando a maioria das pessoas volta à sua rotina. Continue a ligar, enviar mensagens e convidar a pessoa para atividades simples, mesmo que ela recuse. A simples lembrança de que não está sozinha já é reconfortante.
5. Incentive a busca por apoio profissional
Se perceber que o luto está se tornando incapacitante, com isolamento social extremo ou sintomas depressivos, sugira de forma gentil a busca por ajuda especializada.
Velório: O que dizer (e evitar) no cumprimento
O momento de cumprimentar a família em um velório é delicado e gera dúvidas. O receio de dizer algo inadequado é comum, mas o silêncio total deve ser evitado. Guias de etiqueta e psicólogos são unânimes: a melhor abordagem é ser simples, sincero e breve, focando em gestos de apoio.
O que fazer: A força da simplicidade
- Use frases curtas e consagradas: Expressões como “Meus sentimentos” ou “Sinto muito pela sua perda” são sempre adequadas. Elas demonstram respeito sem serem invasivas.
- Ofereça um gesto de conforto: Um abraço, um aperto de mão ou um toque no ombro podem transmitir mais apoio do que muitas palavras.
- Seja solidário: Dizer “Conte comigo” ou “Estou aqui para o que precisar” mostra que seu apoio continua após a cerimônia.
- Compartilhe uma memória positiva (com muita cautela se você for muito próximo): Se você conhecia bem a pessoa falecida, pode compartilhar uma lembrança breve e feliz. Algo como “Vou sempre me lembrar da alegria dele(a)” pode trazer um breve consolo.
O que evitar: Frases que podem magoar
- Evite a todo custo clichês : Evite frases como “Ele(a) está em um lugar melhor”, “Foi melhor assim” ou “Pelo menos não está mais sofrendo”. Essas afirmações podem invalidar a dor de quem ficou.
- Perguntas invasivas: Nunca pergunte detalhes sobre a causa da morte e nem detalhes (jamais). É um momento para confortar, não para satisfazer curiosidades.
- Comparações ou conselhos não solicitados: Frases como “Eu sei o que você está sentindo” ou “Você precisa ser forte” devem ser riscadas do repertório. A dor é individual e a pessoa tem o direito de vivenciar seus sentimentos sem pressão.
- Conversas altas ou inadequadas: O velório é um local de respeito. Evite risadas, conversas em voz alta ou reencontros efusivos com conhecidos. Se não souber o que dizer, o silêncio respeitoso é sempre preferível a um comentário infeliz.




