Na manhã deste sábado, a Serra Gaúcha foi palco de um fenômeno raro. Sob uma densa camada de fumaça proveniente do Norte da América do Sul, nuvens carregadas se formaram, resultando em descargas elétricas nuvem-solo em Bento Gonçalves e outras localidades da região.
A instabilidade foi causada pela entrada de ar mais quente na Metade Norte do Rio Grande do Sul, que encontrou a atmosfera fria, responsável por temperaturas abaixo de zero nos Campos de Cima da Serra no dia anterior.
Esse choque entre o ar quente e o ar frio, semelhante a uma frente quente, gerou nuvens pesadas, provocando raios em várias cidades da Serra.
Apesar da instabilidade, os volumes de chuva foram baixos, e em algumas áreas os raios ocorreram sem precipitação, cortando o céu enfumaçado da manhã. Afumaça, trazida por correntes de vento do Norte, pelo interior da América do Sul, a leste da Cordilheira dos Andes, também trouxe ar quente para o Sul do Brasil, elevando as temperaturas neste fim de semana.
Raios sob corredor de fumaça
Imagens de satélite do GOES-16 da NOAA/NASA, capturadas no início da manhã deste sábado, confirmaram a presença do corredor de fumaça, como previsto pela MetSul Meteorologia, após dois dias de céu limpo devido à atuação de uma massa de ar frio.
ESTUDOS MOSTRAM EFEITO DE FUMAÇA EM RAIOS – Há muito é sabido que grandes incêndios florestais podem criar o seu próprio tempo com raios na área afetada pelo fogo, embora não seja este o caso desta manhã no Rio Grande do Sul porque o fogo que traz a fumaça está milhares de quilômetros distante. A fumaça que percorre longas distâncias, entretanto, também pode interferir na ocorrência de descargas elétricas atmosféricas, conforme vários estudos. Isso porque o material particulado acaba por interferir na eletricidade das tempestades.