56 geólogos avaliam os 140 deslizamentos na zona rural de Bento Gonçalves

2015-04-10_190211

Núcleo de Riscos Geológicos mapeia os grandes deslizamentos corridos no dia 1º de maio nas localidades de Faria Lemos, Eulália, Vale Aurora e Rio das Antas

O Núcleo de Riscos Geológicos de Bento Gonçalves continua suas operações no Salão Nossa Senhora do Rosário, em Faria Lemos, detalhando as áreas afetadas pelos eventos climáticos do dia 1º de maio. O objetivo é determinar com precisão os riscos e suscetibilidades relacionados aos deslizamentos. No sábado (25), o local foi visitado pelo Governador Eduardo Leite.

De acordo com o geólogo Lucas Rafael Noremberg, a maioria dos deslizamentos de solo ocorreu entre as altitudes de 500 a 400 metros. Foram notificados cerca de 140 grandes deslizamentos entre 6h e 12h do dia 1º de maio, principalmente nas localidades de Faria Lemos, Eulália, Vale Aurora e Rio das Antas.

Foram registrados 84 bloqueios em estradas municipais, 13 em estaduais e 10 em federais. A reabertura das vias está sendo realizada em uma ação conjunta da Prefeitura e Unidos por Bento, com apoio de CIC, Aearv e ASCOM. Equipes trabalham em diversos locais, incluindo a ponte do Vale Aurora, Imaculada Conceição, ERS-431, Santa Lúcia, Linha Colussi, Santo Antoninho, Santo Isidoro, Eulália, Linha Alcântara, Salgado, Linha Buratti, KM2, São Pedro 71, Linha De Mari, São Luiz das Antas, Rosário, Linha Zemith, Vale dos Vinhedos, 40 da Graciema, São Valentin e outros pontos.

Além disso, o grupo está realizando análises geológicas das residências afetadas. Até agora, 230 cadastros de famílias foram realizados e o relatório das áreas está em andamento.

Cerca de 56 profissionais, incluindo engenheiros e geólogos, estão contribuindo com o trabalho do Núcleo. Entre os colaboradores estão servidores da Vale, CREA de Minas Gerais, GeroRio, Defesa Civil do Rio de Janeiro, Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro, GroundProbe, Hexagon, MecRoc – Mecânica de Rochas, Faculdade da Serra Gaúcha, Instituto de Geociências da USP, Estado do Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves e Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPURB).

Dois radares geotécnicos e seis instrumentos de monitoramento foram instalados nas quatro principais áreas de risco em parceria com as empresas GroundProbe e Hexagon. Os profissionais da Prefeitura foram treinados para continuar com o monitoramento.

“Trouxemos equipamentos com comunicação via satélite e tiltímetros que medem a inclinação do solo. Os dados são transmitidos remotamente, e qualquer movimentação do solo gera um alerta, permitindo inspeções visuais rápidas”, explica Leandro Roque da Fonseca, engenheiro civil da MecRoc.

Outro equipamento importante é o Water Pressure, que mede o nível da água no solo e será instalado em um ponto específico. “Viemos compartilhar nossa expertise em análises de riscos geológicos como voluntários e ajudar a equipe local a continuar os estudos”, afirma Inácio Diniz Carvalho, gerente de geotecnia da Vale.

Carvalho ainda deixa uma mensagem de perseverança para a população: “Aprendemos com esses eventos para evitar que se repitam. A implantação de monitoramento geotécnico e mapeamento das áreas de risco é crucial para prevenir futuros desastres.”

A engenheira geotécnica Juliana Ester Martins destaca que, apesar do impacto inicial, a equipe conseguiu identificar os pontos mais críticos. “Agora temos uma grande quantidade de informações relevantes e vemos uma movimentação intensa para melhorar os acessos, facilitando nosso trabalho.”

O geólogo Cristiano Alves Nogueira ressalta a importância do apoio comunitário, especialmente nas condições adversas de acesso e temperaturas baixas. “A comunidade nos forneceu toda a vestimenta necessária. Trabalhar em conjunto com a Prefeitura e Defesa Civil tem sido essencial.”