A descoberta levanta a possibilidade de uso legal da substância para fins medicinais, já que ela não tem componentes alucinógenos, como a cannabis
De acordo com Neto, quando se comercializa canabidiol, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impõe restrição na fórmula, que só pode ter 0,2% de THC.
— No caso da planta brasileira, isso não seria um problema, porque não existe nada de THC nela. Também não haveria a restrição jurídica de plantio, porque ela pode ser plantada à vontade. Na verdade, ela já está espalhada pelo Brasil inteiro. Seria uma fonte mais fácil e barata de obter o canabidiol — informado.
Efeito anti-inflamatório e analgesia
Por ser nativo, os pesquisadores afirmam que a espécie não precisa de lugar e condições específicas para ser cultivada. Inclusive, a Trema micrantha blume é bastante usada em áreas de reflorestamento. Por nunca ter sido estudado detalhadamente, ela ainda precisará passar por alguns processos de manipulação para que possa ser consumida como um medicamento fitoterápico.
— A pesquisa nada mais é que a descoberta de um novo fitoterápico. A espécie será mantida a processos de purificação, caracterização química e estrutural para, enfim, fazer um efeito farmacológico in vitro dividido em vários sistemas. Depois, em um segundo estágio, serão feitos testes em animais de laboratório — explica Neto. — Devido à similaridade com a Cannabis, o estudo medicinal é facilitado.
Tecnicamente, ainda não há estudos que apontem os tipos de doenças que podem ser tratadas com a planta. No entanto, as técnicas de medicamentos caseiros demonstram que a tem espécie de efeito anti-inflamatório e analgesia.
Químicos, biólogos, geneticistas e botânicos estão mapeando os métodos mais eficazes de análise e herança do canabidiol da planta. Segundo o professor, em seis meses começarão os processos in vitro, quando será analisado se o componente tem a mesma atividade que o canabidiol extraído da Cannabis sativa.
A pesquisa conta com R$ 500 mil de recursos, obtidos por meio do edital de Ciências Agrárias, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo do estado .