As videiras foram mortas por pesticida, na propriedade de 16 ha cultivados da família Cobalchini, que produz 600 mil quilos entre uvas comuns, viníferas e de mesa, no interior de Bento Gonçalves
Na última sexta-feira, o agricultor Fernando Cobalchini, de Bento Gonçalves, relatou um grave ato de vandalismo em sua propriedade no distrito de São Valentin. Segundo ele, sinais folhas murchas e queimadas no parreiral começaram há cerca de oito dias, quando notou que uma parte específica das videiras apresentava sintomas de intoxicação. “Na sexta pela manhã, tínhamos certeza de que havia algo errado e chamamos o agrônomo que nos dá assisntência para uma análise”, disse Cobalchini. O agrônomo colheu amostras de folhas, cachos iniciando a floração, já secos e ramos para exames laboratoriais.
Os danos atingiram cerca de 700 pés de parreiras de uvas de mesa Rainha Itália, Benitaca, Brasil, Rubi e Red Glob, além da vinífera Niágara, que estavam entre o final da floração e o início da formação dos grãos.
A suspeita é que os herbicidas foram aplicados de forma intencional . “Não foi um erro de dosagem do nosso manejo. Se fossem, todas as parreiras tratadas naquele dia teriam sido afetadas, já que os produtos foram dosados de uma vez só no dia, Garante o agricultor. “ Trabalhamos com isto há mais de 50 anos, e nunca aconteceu de superdosagem”, explicou o agricultor, pois “se fosse o agroquímoco que usamos, não mataria as plantas”.
A propriedade da família Cobalchini, que tem como sócios Fernando, de 61 anos e o irmão Carlos Alberto de 63 anos, tem ao total 16 hectares dedicados ao cultivo de uvas comuns, viníferas e de mesa e produz anualmente entre 500 mil e 600 mil quilos de uvas destinadas a vinhos e sucos, além de 10 a 20 mil quilos de uvas de mesa vendidos diretamente aos turista. A área atingida representa cerca de 50% da produção de uvas de mesa, gerando um prejuízo estimado em R$ 100 mil apenas pela perda dos 10 mil quilos previstos para esta safra.
Segundo Carlos Alberto Cobalchini, o custo total, incluindo a reimplantação das videiras e os três anos necessários para a retomada da produção, pode ultrapassar R$ 300 mil de prejuízo.
“A gente perde o amor de ir trabalhar, dói o coração ver uma planta linda morrendo depois de anos de dedicação”, desabafou Fernando Cobalchini.
A família registrou boletim de ocorrência e conversou com vizinhos para tentar localizar câmeras de segurança que poderiam ter captado alguma atividade suspeita. “Quem entrou na nossa terra pode ter usado um aterro próximo, onde está o estacionamento para turistas” concluiu Cobalchini. Os resultados dos exames laboratoriais, que devem ficar prontos em cerca de 7 a 15 dias, serão fundamentais para confirmar a natureza do herbicida utilizado.