Produtores da Cooperativa Garibaldi participam de seminário de produção orgânica

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Programação teve apresentação de pesquisa inédita e palestra sobre calendário astronômico

A produção sustentável faz parte das crenças da Cooperativa Vinícola Garibaldi como negócio, e os produtos feitos a partir de uvas orgânicas e biodinâmicas cumprem um papel importante – e em constante crescimento – neste objetivo.  Os cooperados que mantêm o cultivo voltado as práticas orgânicas, participaram da sétima edição do Seminário de Produção Orgânica, na sede da cooperativa, tendo acesso a uma pesquisa inédita, além de novos esclarecimentos a respeito do uso do calendário astronômico nas práticas agrícolas. O encontro ocorreu no dia 04 de julho.

O professor Tadeu Tiecher, do IFRS de Restinga, e o mestrando em Ciência do Solo na UFSM Allan Kokkonen mostraram os resultados de uma pesquisa sem precedentes não apenas para a Serra como para o Brasil. Depois de quatro anos de análises, eles explicitaram os efeitos da adubação com composto e vermicomposto de bagaço de uva e sua combinação com fertilizantes minerais sobre a nutrição de videiras, a produtividade e qualidade de uvas e o estoque de carbono no solo. “Nosso objetivo foi o de buscar informações na pesquisa para melhorar e para embasar as práticas técnicas da vitivinicultura orgânica na Serra”, disse Kokkonen.

O estudo foi aplicado em duas áreas produtivas, com diferentes cultivares, em dois municípios. Em Garibaldi, a opção foi em observar o comportamento da prática na variedade Chardonnay, enquanto em Veranópolis, além dessa casta, o estudo foi aplicado para a uva Isabel. Em cada um dos lugares, Kokkonen chegou a distintas conclusões.

Em Veranópolis, a adição de composto e vermicomposto não apresentou diferença significativa na produtividade, apesar de ter aumentado, e houve outros ganhos. “Verificamos no solo uma maior disponibilidade de nutrientes e também uma melhor nutrição das videiras. Isso pode ser explicado porque a planta pode estar absorvendo os nutrientes oriundos dos adubos orgânicos e convertendo isso em estoque de nutrientes”, disse o pesquisador. Por outro lado, em Garibaldi, houve um expressivo aumento da produtividade. “Em alguns casos, de até 50% nas videiras adubadas com composto orgânico. Com o vermicomposto, não”, concluiu Kokkonen.

Para ele, em suma, quando os adubos orgânicos foram combinados com adubos minerais, eles trouxeram resultados positivos para os cultivares. “Essa adubação pode ser vista como uma alternativa para suprir as demandas nutricionais das plantas, sem perder a qualidade dos frutos, o que foi também uma coisa que a gente observou”, destacou Kokkonen sobre a pesquisa demandada pelos próprios produtores. “Ficamos mais seguros na universidade em pesquisar algo que vem do setor produtivo, da cadeia da vitivinicultura orgânica, para a universidade, e não o contrário”, observou. O pesquisador também destacou que esse estudo seguirá adiante. “Essa pesquisa é muito importante, porque não havia pesquisa científica para embasar os dados. Da mesma forma, não existe muito uma recomendação técnica formal, assim como a gente tem para o manual, para esses tipos de resíduos específicos para a cultura da videira em sistemas de produção orgânica. Já temos um novo projeto que estamos realizando em parceria com as cooperativas, um experimento maior com 160 pontos espalhados por Garibaldi, Farroupilha, Bento, Veranópolis, Antônio Prado, Nova Pádua, extrapolando para uma área muito maior e com muito mais certeza”, comemora Kokkonen.

Outra parte do seminário destacou o uso do calendário astronômico como apoio às práticas agrícolas. O material indica, por meio do estudo da astronomia, os períodos mais favoráveis para a poda e enxertia no inverno, por exemplo. Também destaca os melhores dias para as roçadas, tendo em vista a rebrota, e para a enxertia verde, nos meses de novembro e dezembro.

Através dele, além de identificar os melhores períodos para os serviços, é possível saber qual época, por exemplo, é indicada para trazer qualidade e estimular o vigor da planta ou para reduzir o vigor e estimular a qualidade, entre outras situações. “O calendário é um ajuste fino, é importante para o produtor ter a informação para usar a favor dos cultivos”, disse o palestrante Mauricio Viganó, responsável pelos cálculos astronômicos dos calendários biodinâmicos.