Trabalhadores se tornam menos produtivos e sentem maior esgotamento mental quando escutam músicas que não fazem parte das suas preferências. É o que indica uma nova pesquisa
A música ambiente de lojas e outros pontos comerciais pode prejudicar o humor e o desempenho dos funcionários. É o que diz um novo estudo, publicado na revista Journal of Applied Psychology, que revela que a longa exposição aos sons podem afetar o comportamento e o psicológico de quem trabalha.
Normalmente, locais com música de fundo costumam ser escolhidas para agradar ao cliente. O resultado? Nem sempre é o que os funcionários escolheriam escutar.
Com o estudo, a equipe descobriu que os funcionários podem se sentir mais fatigados e menos concentrados diante de um desajuste musical. Isso faz com que eles não queiram estar no trabalho e prejudica sua organização. A situação se torna ainda mais visível entre pessoas que não conseguem bloquear o som ambiente, e são obrigados a trabalhar ouvindo música a todo momento.
“Músicas quem não atendem às necessidades que funcionários têm de se sentirem energizados, controlar emoções e se concentrar em tarefas podem ter um impacto realmente negativo”, disse Kathleen Keeler, coautora do estudo, em comunicado.
Como a pesquisa foi feita
A pesquisa foi dividida em dois experimentos. No primeiro, 166 trabalhadores tinham que classificar quais eram as características necessárias em uma música que os agradava, considerando volume, velocidade, complexidade e intensidade.
Então, os pesquisadores colocaram os participantes para cumprirem uma tarefa de trabalho enquanto ouviam duas playlists. Uma das listas de músicas era pop, alegre e animada, enquanto a outra tocava sons baixos, lentos e mais tristes. Depois de terminar a atividade proposta, os participantes tinham que avaliar o quanto as músicas atendiam as suas preferências.
Deu a lógica: se a preferência da pessoa não estava alinhada com o que estava tocando, as emoções que as músicas causavam eram menos gradáveis. O desajuste musical causava sentimentos de esgotamento e exaustão mental. Isso vou mais intenso para pessoas conhecidas como “não-screeners” — que têm dificuldade em focar em uma única tarefa e não conseguem ignorar a música enquanto a realizam.
“Os efeitos ruins da música são piores para aqueles que são não-screeners”, afirma Keeler. “Eles têm dificuldade em ignorar a música e, portanto, sentem menos emoções positivas e se sentem mais esgotados depois de ouvir uma música diferente daquela que precisavam ouvir.”
No segundo estudo, foram coletadas informações de 68 funcionários que trabalham em lojas de varejo, consultórios de saúde e refeitórios – todos ambientes com música de fundo. Todos os dias, durante três semanas, os participantes tinham que responder a três questionários por e-mail. As perguntas abordavam suas preferências musicais e como as playlists do cotidiano afetavam seu humor, seu esgotamento mental e seu desempenho no trabalho.
Quando não se sentiam em sincronia com a música, os funcionários eram menos produtivos. Isso envolve, trabalhar mais devagar, falar mal do local de trabalho e até mesmo furtar suprimentos da empresa.
“Isso pode afetar os resultados financeiros das empresas se seus funcionários não estiverem sendo produtivos porque estão sendo drenados e distraídos pela música que ouvem o dia todo”, explica Keeler. “O desempenho deles fica prejudicado”.
Conclusões
Para os pesquisadores envolvidos no estudo, os resultados abrem questionamentos sobre a necessidade das empresas considerarem também as preferências musicais do funcionário na hora de escolherem sua música ambiente.
“Os empregadores devem tentar encontrar um equilíbrio entre garantir que sua música agrade tanto aos clientes quanto aos funcionários, porque isso não é uma questão trivial”, reflete Keeler. “Se seus funcionários não estiverem felizes, isso não será bom para os negócios.”
“Sei que alguns gerentes relutam em permitir que os funcionários ouçam suas próprias músicas, mas nossa pesquisa sugere que há muitos benefícios, incluindo produtividade, engajamento e bem-estar”, finaliza Keeler.