O Censo Demográfico 2022 contabilizou uma quantidade menor de óbitos que o registrado pelo Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde , mostra a pesquisa “Composição domiciliar e óbitos informados”, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (25).
No período de agosto de 2021 a julho de 2022 , o total de óbitos no país foi de 1.326.138 óbitos, de acordo com o Censo Demográfico 2022. O número corresponde a 84% daquele registrado no sistema do ministério da Saúde.
“É preciso ter cautela com o número de óbitos pelo Censo Demográfico. É possível haver erros de memória das pessoas entrevistadas, de confundir um dado, e também de perda nos domicílios unipessoais, em que só vive uma pessoa. Isso é esperado em uma pesquisa domiciliar”, afirma a gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Izabel Marri.
Apesar disso, diz, os dados do Censo são uma fonte alternativa para compreender os óbitos no país e traz informações complementares para ajudar em estudos demográficos. “No Brasil, a distribuição de sexo e idade da população é muito próxima ao que se vê em outros registros, no período do Censo. […] Isso se repete também nas unidades da federação”, afirma Marri, que regular que o mesmo pode não se repetir no caso de outras desagregações, como por cidades.
Por conta do impacto da pandemia nos óbitos do país, a equipe do IBGE decidiu ampliar as perguntas sobre óbitos para além do período tradicional dos 12 meses anteriores ao dos dados de referência do Censo, que foi 1º de agosto de 2022. Foram treinados outros dois períodos: agosto de 2020 a julho de 2021; e agosto de 2019 a julho de 2020. O número de óbitos nesses períodos foi de 1.206 milhões e 930 mil, respectivamente.
Marri defende, no entanto, que não é possível “inferir qualquer análise sobre o efeito de mortes por covid” a partir dos dados do Censo Demográfico, mesmo do período mais recente, de agosto de 2021 a julho de 2022.
“A tentativa foi de expandir esse tempo [de estudo dos óbitos] para trás, para coletar a informação. Mas quanto mais volta no tempo, maiores são os erros de memória. Seriam meses afetados pela covid. Isso poderia trazer diferenças não constantes ou características. A pandemia veio e bagunçou o total de óbitos no país, assim como ter mais óbitos em um lugar que outro. Não dá para comparar”, diz.
Todas as informações sobre óbitos do Censo, segundo ela, precisam de tratamento estatístico para serem usadas pelos pesquisadores. “A informação de óbito é muito rara, então pode ser que haja alguma diferença, ainda que a distribuição do perfil da população para o Brasil e para as unidades da federação esteja ok”, diz.
O gerente do IBGE minimizou a possibilidade de diferenças entre o número de óbitos contabilizados pelo Censo Demográfico 2022 e os de outros registros sendo consequências das dificuldades no período de coleta, como falta de recursos: “Creio que não, não diferencialmente”.