Parte do Rio Grande do Sul já experimenta um quadro de estiagem com redução significativa da chuva por semanas e perdas na agricultura
De acordo com dados de estações automáticas do Instituto Nacional de Meteorologia, os acumulados de chuva nos últimos 30 dias somam apenas 16 mm em São Vicente do Sul, 18 mm em Santiago, 20 mm em Tupanciretã, 29 mm em São Borja, 36 mm em Santa Rosa, 44 mm em Palmeira das Missões e 45 mm em Santo Augusto.
Em contraste, cidades do Sul e do Leste do estado na sua grande maioria apresentaram acumulados próximos ou acima da média com marcas tão altas quanto 206 mm em Porto Alegre, 204 mm em Canela, 192 mm em Caxias do Sul, 171 mm em Campo Bom, 163 mm em Vacaria, 144 mm em Jaguarão, 140 mm em Serafina Corrêa e 130 mm em Passo Fundo
Evidencia-se, assim, um panorama radicalmente distinto entre o Oeste e o Leste do Rio Grande do Sul. Enquanto em cidades do Centro para o Oeste o Noroeste do estado há um significativo déficit de precipitação que se agrava a cada dia, no Sul e no Leste gaúcho as precipitações de dezembro e do começo deste mês oferecem um cenário hídrico muito mais confortável, mas que tende a se deteriorar.
Produtores rurais, especialmente do Noroeste do Rio Grande do Sul, já começam a sentir os efeitos da redução significativa da chuva e revisam as suas projeções de número de sacas que serão colhidas nesta safra de verão 2024-2025.
Conforme os relatos dos produtores, de forma pontual, começa a ser observada uma quebra nas culturas de soja de ciclo precoce e milho em suas propriedades com as perdas se agravando a cada dia à medida que as precipitações permanecem escassas.
Produtores das Missões e outros pontos do Noroeste destacam que em algumas áreas não há registro de chuva expressiva há mais de 30 dias, o que contribui para as perdas nas propriedades que se observa neste mês de janeiro.
PERDA DE UMIDADE DO SOLO SE ACELERA
O muito chuvoso ano de 2024 criou uma reserva hídrica que impede que o quadro atual seja mais grave no Rio Grande do Sul, mas com o calor e o tempo seco as reserva hídricas no solo começam a se reduzir considerável e rapidamente em parte do estado, em especial no Oeste e no Noroeste.
O mapacom os dados do GRACE da NASA mostra que há uma redução bastante considerável da umidade do solo no Oeste e em especial no Noroeste do Rio Grande do Sul com grande déficit de umidade superficial no solo em pontos do Noroeste.
Uma preocupação é justamente a perda de umidade do solo pela evapotranspiração. Os dias têm sido muito quentes no Oeste e no Noroeste do Rio Grande do Sul com marcas de 33ºC a 35ºC. A tendência para a semana que vem é o calor aumentar ainda mais com calor excessivo, reduzindo ainda mais a umidade no solo e aumentando o estresse das plantas, com a consequente piora da estiagem.
A evapotranspiração é o processo combinado de perda de água para a atmosfera, que ocorre tanto pela evaporação direta do solo quanto pela transpiração das plantas. Esse fenômeno desempenha um papel fundamental no ciclo hidrológico, influenciando o balanço hídrico e a disponibilidade de água para as culturas agrícolas.
SEM PERSPECTIVA DE CHUVA VOLUMOSA NO CURTO PRAZO
O cenário não é nada alentador para o Rio Grande do Sul, ao menos no curto prazo. A tendência, no geral, é de pouca chuva para a maioria das cidades gaúchas nos próximos dez dias e em algumas áreas, especialmente mais a Oeste, pode sequer chover.