O Sindicato dos Servidores Municipais de Bento Gonçalves (Sindiserp-BG) acusou o prefeito Diogo Sgabenazzi (PSDB) de apresentar informações falsas em sua resposta oficial ao Judiciário. O posicionamento do Executivo foi exigido pelo Ministério Público após denúncias sobre a falta de diálogo com a categoria e retirada de direitos dos servidores municipais.
Em manifestações públicas divulgadas nas redes sociais, o sindicato contestou veementemente três pontos específicos da defesa apresentada pela Prefeitura, classificando as declarações como “mentirosas” e “inverídicas”.
Diálogo inexistente gera maior indignação
A afirmação de que existiria canal de diálogo aberto com o sindicato provocou forte reação da entidade. Na resposta judicial, o prefeito e o secretário de Administração mencionaram uma reunião ocorrida em fevereiro de 2025 com a diretoria do sindicato, supostamente registrada pela imprensa regional.
“A afirmação de diálogo é completamente falsa”, rebateu Neilene Lunelli, presidente do Sindiserp-BG. “Fomos recebidos uma única vez, mas nenhum debate sobre os projetos de retirada de direitos foi realizado. O encontro serviu apenas para promessas de agendamento de uma nova audiência, que jamais aconteceu”, afirmou.
Segundo Lunelli, o Executivo tenta criar uma falsa impressão de negociação. “O prefeito quer passar à sociedade uma imagem de diálogo que simplesmente não existiu em nenhum momento do processo”, destacou.
Vale-alimentação: lei estabelece data de pagamento
Outro ponto de discordância envolve o pagamento do vale-alimentação. Enquanto a Prefeitura alegou não haver previsão legal para data fixa de pagamento, o sindicato apresentou a lei municipal nº 3.262, que estabelece a quitação até o dia 15 de cada mês.
“O Executivo mente ou demonstra desconhecimento das próprias leis”, enfatizou Lunelli. “O pagamento realizado no dia 20 de janeiro de 2025 descumpriu claramente a legislação municipal vigente.”
Acusação sobre licença considerada falsa
Em resposta ao Judiciário, o Executivo municipal alegou que a atual presidente do Sindiserp, quando vereadora, teria feito uso indevido de licença para interesses particulares durante exercício do mandato parlamentar.
“É uma afirmação completamente falsa”, contestou Neilene Lunelli. “No meu primeiro mandato como vereadora, continuei dando aulas normalmente. No segundo, já estava aposentada do serviço público municipal.”
A dirigente sindical acrescentou que, caso houvesse necessidade de afastamento, o instrumento correto seria a Licença para Exercício de Mandato Eletivo, e não a modalidade alegada pela prefeitura. “O Executivo mente ao afirmar isso em juízo, o que revela uma tentativa de desviar o foco do verdadeiro debate: a retirada de direitos dos servidores e a falta de diálogo efetivo com a categoria”, declarou.
Cargos comissionados vs. servidores concursados
A tensão entre o sindicato e a prefeitura se intensificou nos últimos meses com as denúncias de que o prefeito estaria reduzindo direitos históricos dos servidores concursados enquanto amplia benefícios e funções gratificadas (FGs) para cargos de confiança.
“Enquanto retira direitos dos servidores efetivos, a administração atual aumenta as regalias e funções gratificadas para não concursados, os chamados CCs. É uma política deliberada de desvalorização do servidor de carreira em benefício de aliados políticos”, denunciou a presidente do sindicato.
Ameaça de greve no horizonte
Com o acirramento do conflito e a falta de avanços nas negociações, os servidores municipais começam a articular uma possível greve. “Todas as nossas tentativas de negociação foram frustradas até o momento”, explicou Lunelli. “Estamos cobrando reposição de perdas salariais, regularidade no pagamento de benefícios e abertura para o diálogo, mas o prefeito se recusa a atender nossas reivindicações.”
O sindicato aguarda agora o posicionamento do Judiciário sobre o caso, mas já mobiliza a categoria para possíveis ações futuras, incluindo paralisação das atividades.