Dados recentes do IBGE mostram que a inflação acumulada em 12 meses até março foi de 5,48%. Apenas em março, o aumento foi de 0,56%
A inflação continua impactando o consumo das famílias brasileiras, principalmente no setor alimentício. Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada recentemente indica que 58% dos brasileiros reduziram a quantidade de alimentos adquiridos nos últimos meses devido ao aumento dos preços.
O estudo revela que 8 em cada 10 brasileiros adotaram alguma mudança de hábito em resposta à inflação. Entre as alterações mais comuns estão: diminuição das refeições fora de casa (61%), troca da marca de café por opções mais baratas (50%) e redução no consumo da bebida (49%). O levantamento foi realizado entre 1 e 3 de abril, com 3.054 entrevistados em 172 municípios de todas as regiões do país, com margem de erro de dois pontos percentuais.
Um em cada quatro brasileiros afirma não ter comida suficiente em casa, conforme dados recentes. Para 60% da população, os mantimentos atendem às necessidades, enquanto 13% dizem ter mais do que precisam. Esses percentuais permanecem praticamente inalterados desde março de 2023, dentro da margem de erro, sem mudanças relevantes desde o início do atual governo.
Quanto às estratégias para conter gastos, metade dos entrevistados mencionou a redução no consumo de água, energia elétrica e gás de cozinha. Outras táticas incluem a busca por fontes extras de renda (47%), redução na compra de remédios (36%), não pagamento de dívidas (32%) e impossibilidade de quitar despesas básicas do lar (26%).
A adesão a medidas de economia varia conforme orientação política: entrevistados mais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro apresentam maior proporção dos que adotaram alguma dessas estratégias, enquanto entre apoiadores do presidente Lula esse percentual é menor.
Para 54% da população, o governo atual tem grande responsabilidade pelo encarecimento dos alimentos nos últimos meses. Outros 29% acreditam que o governo tem parte da culpa, e apenas 14% isentam completamente o Planalto desse cenário. Mesmo entre eleitores de Lula, 72% afirmam que o presidente tem muita ou alguma culpa pelo problema.
O Datafolha aponta que 29% dos brasileiros avaliam o governo positivamente, um leve avanço em relação aos 24% registrados em dezembro. No entanto, o número de avaliações negativas permanece superior, atingindo 38%.
Para tentar conter a inflação dos alimentos, o governo anunciou medidas como a isenção do imposto de importação sobre alguns produtos, mas os efeitos práticos dessas ações ainda não foram sentidos significativamente.
Quanto aos fatores que mais influenciam na alta dos preços, foram citados o governo Lula, a crise climática, os conflitos internacionais, a situação econômica dos Estados Unidos e os produtores rurais. Em todos os grupos sociais, mais da metade dos entrevistados considera que o governo federal tem grande responsabilidade pelo aumento.
Entre pessoas com renda de até dois salários mínimos, os produtores rurais são vistos com o mesmo grau de responsabilidade que o governo: 55% apontam o Planalto e 54% o setor agropecuário – índice mais alto que o observado nas faixas de renda mais elevadas. Entre os que ganham acima de dez salários mínimos, apenas 41% culpam os produtores.
O grupo com maior poder aquisitivo tende a minimizar outros fatores: apenas 40% responsabilizam as guerras e 36% citam a crise econômica nos Estados Unidos, percentuais ligeiramente menores que os registrados entre os demais entrevistados (entre 39% e 48%).
Dados recentes do IBGE mostram que a inflação acumulada em 12 meses até março foi de 5,48%. Apenas em março, o aumento foi de 0,56%, puxado principalmente pela alta nos preços de alimentos e bebidas. Essa categoria teve aceleração, passando de 0,70% em fevereiro para 1,17% no mês seguinte.
Entre os itens com maiores altas estão o tomate (22,55%), o ovo de galinha (13,13%) e o café moído (8,14%). Em 12 meses, os aumentos acumulados desses produtos foram de 0,13%, 19,52% e 77,78%, respectivamente.