Yoga e meditação estão entre as 14 novas terapias alternativas incluídas ao SUS

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Young yoga instructor leading a class in stretching

Práticas já existem em Bento há muitos anos, mas agora, estendidas à PNPIC, poderão beneficiar uma número maior de pessoas

Na última terça-feira, o Diário oficial da União publicou uma portaria do Ministério da Saúde, que inclui 14 novas terapias alternativas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Um anúncio do governo em janeiro já citava a possibilidade desses procedimentos também serem oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas agora a expectativa se torna realidade.
A decisão de do governo, segundo o texto original, levou em consideração o fato de a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconizar o reconhecimento e incorporações das Medicinas Tradicionais e Complementares nos sistemas de saúde. Outro ponto que impulsionou a efetivação da medida foi o fato de que as mais diversas categorias profissionais de saúde no país já reconhecem essas práticas integrativas e complementares como abordagens de cuidado com pacientes.
A PNPIC foi criada em 2006, instituindo no SUS abordagens da medicina alternativa, como fitoterapia, acupuntura e homeopatia, dentre outras. Agora, essas abordagens passam a contar com as práticas de arteterapia, ayurveda, biodança, dança circular, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa e yoga.
Segundo a regulamentação, os municípios são responsáveis pela oferta desses serviços à população, junto às Unidades de Atenção Básica. Mas cada um deles tem autonomia para optar pelas práticas que tenham maior demanda por parte da população. Segundo informações do Ministério da Saúde, desde sua criação, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, levou mais de cinco mil estabelecimentos a oferecerem terapias alternativas através do SUS.

Terapias capazes de potencializar tratamentos e auxiliar processo de cura
Para o instrutor de yoga Alberto Lazzarotto, a regulamentação do Ministério da Saúde, reconhecendo e agregando essas práticas ao SUS, é altamente positiva. “Essa decisão se alinha com a postura de outros países que já adotaram essas práticas há algum tempo e comprovaram sua eficácia, na condição de processo de tratamento de muitas doenças, até mesmo as autoimunes e o câncer”, ressalta.
Para ele, um dos pontos importantes em relação a algumas das práticas – como a meditação e a yoga, que fazem parte de seu campo de atuação – é o contexto em que elas atuam, a atenção tanto à questão física quanto psíquica, emocional. “Fisicamente, essas práticas agem desintoxicando o corpo, e levando o indivíduo a uma melhora significativa, a um salto na qualidade de vida. Tanto pelo alongamento, quanto pela capacidade de consciência gerada pela respiração e pela auto-observação”, avalia.
Ele ressalta que a nossa medicina tradicional não busca tratar o paciente como um indivíduo completo, em sua totalidade. “As doenças são tratadas de forma segmentada, esquecendo esse olhar mais aprofundado em relação às verdadeiras causas das enfermidades. É como no caso de uma dor de estômago, que pode estar relacionada ao estresse, ansiedade, abuso de fármacos, intoxicação, e outros”, exemplifica.
Lazzarotto considera essa regulamentação um passo extremamente importante, que pode ajudar no tratamento de inúmeras doenças que atingem cada vez mais pessoas, ano após ano. Para o instrutor, a eficácia dessas práticas vem sendo percebida há muito tempo. E completa. “Tanto que existem diversas pesquisas que atestam seus benefícios, e mesmo Universidades (como a Unisul, em Santa Catarina) voltadas para o estudo, aprofundamento da compreensão de atuação dessas terapias alternativas”.
Para Lazzarotto, os cuidados com o corpo, com a alimentação, respiração e a tomada de consciência do próprio ser potencializam tratamentos e auxiliam de forma significativa o processo de cura. “Através dessa consciência, o indivíduo começa a mudar o padrão, e assim, essas terapias se tornam uma importante complementação para a reestruturação de sua saúde”, frisa.
Além da ioga e meditação, o instrutor chama a atenção para a acupuntura e a ayurveda. “Indicamos muito essas práticas, e dentro da medicina tradicional indiana, por exemplo, a ayurveda atua como uma tomada da verdadeira natureza do indivíduo, trazendo mais qualidade de vida”.
Por fim, ele destaca a visão do centro de ioga que coordena, onde atua juntamente com outro instrutor. “Sob essa ótica, começamos a compreender como não poderíamos reduzir a um patamar meramente físico o que entendemos por saúde, mas que nosso esforço (e desafio) deve ser no sentido de levar os benefícios da prática para além do bem estar pessoal”.
**Alberto Lazzarotto é idealizador do espaço Hridaya. Iniciou na prática em 2004 e os estudos de Yoga em 2005. Professor formado por instituição no Brasil de Hatha Yoga e Advaita Vedanta, com iniciação em Kriya Yoga de Babaji. Passou por estudos e viagens de aperfeiçoamento na Índia em 2013 e 2014, além de possuir formação em Terapias Quânticas pelo instituto QuantumBio – Prof. Inamoto (2015).

As novas práticas incluídas no SUS:

*Arteterapia: uso da arte como parte do processo terapêutico.
*Ayurveda: prática milenar que busca a cura para os males do corpo e da mente na natureza.
*Biodança: é uma prática de abordagem sistêmica inspirada nas origens mais primitivas da dança, que busca restabelecer as conexões do indivíduo consigo, com o outro e com o meio ambiente.
*Dança circular: é uma prática de dança em roda, tradicional e contemporânea.
*Yoga: é uma prática que combina posturas físicas, técnicas de respiração, meditação e relaxamento.
*Meditação: prática de concentração mental com o objetivo de harmonizar o estado de saúde.
*Musicoterapia: uso dos elementos da música – som, ritmo, melodia e harmonia – com propósito terapêutico.
*Naturopatia: uso de recursos naturais para recuperação da saúde.
*Osteopatia: terapia manual para problemas articulares e de tecidos.
*Quiropraxia: prática de diagnóstico e terapia manipulativa contra problemas do sistema neuro-músculo-esquelético.
*Reflexoterapia: prática que utiliza estímulos em uma parte do corpo afastada da lesão.
*Reiki: prática de imposição das mãos por meio de toque ou aproximação para estimular mecanismos naturais de recuperação da saúde.
*Shantala: massagem usada para aliviar dores e acalmar os bebês e crianças.
*Terapia comunitária integrativa: é desenvolvida em formato de roda, visando trabalhar a horizontalidade e a circularidade.

Fonte: site G1