Venda de vinhos brasileiros se mantém no primeiro semestre

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A comercialização somada de vinhos e espumantes tiveram recuo de 0,79%, considerado baixo. Já o suco de uva 100% apresentou alta de 32,7% em comparação ao mesmo período no ano passado

Para o setor produtivo de espumantes apresentou um resultado positivo de 9,75% com a comercialização de 4,3 milhões de litros, já a venda de vinhos tranquilos representa o maior volume comercializado, que totalizou 88,4 milhões de litros, tendo uma pequena retração de 0,93%. Os sucos de uva 100% prontos para consumo recuperaram o ritmo de crescimento, ampliando a venda em 32,7% e somando 60,1 milhões de litros. Contabilizando os resultados dos demais produtos processados a partir da uva, de janeiro a junho desse ano, o setor atingiu 173,3 milhões de litros, com resultado positivo global de 9,27%.
“Tivemos dois anos com as vendas estabilizadas, devido a uma série de fatores, como a quebra histórica da safra 2016 e a crise econômica brasileira. Tínhamos uma expectativa de melhoria das comercializações, mas isso está ocorrendo de forma bastante gradual. Há alguns nichos com bom desempenho, como os espumantes, em especial os moscatéis, mas estamos cautelosos devido à estagnação da venda de vinhos tranquilos”, explica o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) Oscar Ló. O dirigente ressaltou também o excelente desempenho obtido pelo suco de uva, carro-chefe do setor, que retomou aos patamares de comercialização dos anos anteriores. Atualmente, o produto absorve 50% das uvas processadas no Rio Grande do Sul.
O vice-presidente da entidade, o viticultor Marcio Ferrari, acredita que a repercussão da alta qualidade da safra de uva possa auxiliar no incremento das vendas no segundo semestre, já que parte dos rótulos elaborados com a matéria-prima deste ano, como os vinhos tintos jovens e brancos, estão chegando agora aos consumidores. “As condições climáticas colaboraram para que a safra de 2018 tivesse uma qualidade excepcional, sendo considerada uma das melhores da história, e as pessoas estão esperando por esses vinhos e espumantes” reiterou.

A substituição tributária prejudica a competitividade
Mesmo com os dados de venda sendo positivos em determinadas categorias, o conselheiro do Ibravin pela União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Deunir Argenta, explica que o setor está temeroso quanto à rentabilização dos elos produtivos. “Os números expressam as vendas dos volumes para o mercado, mas não está havendo a rentabilização das empresas. Para muitas, essas dados refletem apenas escoamento da produção. Estão vendendo com margens apertadíssimas, quase sem lucro, para não perdermos a venda e também abrir espaço para a safra que virá na sequência”, observa o dirigente.
Argenta explica também que a carga de impostos de cobrança no Brasil coloca o setor em grande desvantagem frente aos produtos importados. “Temos uma carga tributária fora do comum, além do sistema de Substituição Tributária (ST) que cria uma concorrência desleal em relação aos vinhos que ingressam no país. Estamos trabalhando em todos os níveis, no Estado, mostrando que está havendo perda de arrecadação com a ST, e junto ao Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), para a retirada dessa cobrança antecipada. Assim, teremos uma melhoria na nossa condição de concorrência”.
A participação dos rótulos importados no mercado brasileiro também ficou positiva em 5,27% nos primeiros seis meses do ano. De janeiro a junho, ingressaram no país cerca de 53 milhões de litros de vinhos e espumantes, representando alta de 5,32%. Os sucos tiveram recuo de 16% com a entrada de 100,6 mil litros. Segundo estudo do Ibravin, 30% das importações foram feitas de forma direta pelos supermercados. “A tributação do vinho brasileiro é bastante alta. O vinho importado chega ao país com subsídio. Eles pagam tributos sobre o valor declarado na entrada, que é inferior ao praticado na ponta, na venda ao consumidor, e não precisam adiantar os impostos. Essa sistemática é diferente para os vinhos brasileiros. A indústria paga antecipadamente sobre a projeção do valor final de venda. Precisamos mudar isso antes de perdermos ainda mais espaço. Não queremos vantagem frente ao produto de outros países, mas precisamos que a ST não seja cobrada de forma antecipada do setor vinícola brasileiro, pois isso nos tira a competitividade perante o importado”, explica o conselheiro do Ibravin pela Associação Gaúcha Vinicultores (Agavi) João Carlos Zanotto.

 

Desempenho comercial do setor vitivinícola – Janeiro a junho de 2018

** Incluindo vinagres, destilados e outras bebidas derivadas da uva
Fonte: Cadastro Vinícola, mantido em parceria entre Ibravin, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi/RS). Números referentes as vinícolas gaúchas, em litros.

 

Importações – Janeiro a junho de 2018