Testes insuficientes deixam Brasil no escuro para controlar pandemia

2015-04-10_190211
A testagem em massa, ao apontar as tendências da epidemia, deveria ser o instrumento para embasar a formulação de políticas de saúde

Índice oficial de testagem mostra país com taxa semelhante à Zâmbia

Mais de um ano depois do início da pandemia e no momento em que epidemiologistas alertam para risco de colapso no inverno, a testagem contra covid-19 no Brasil ainda é baixa e desorganizada. O Brasil faz 7.857 exames por 100 mil habitantes, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Com esse índice, o Brasil fica semelhante à Zâmbia, na posição 88 em ranking com 111 países, atrás da Índia e de vizinhos na América do Sul.

Mesmo com a vacinação contra covid iniciada, epidemiologistas apontam que a testagem em massa é essencial para apontar as tendências da epidemia e embasar decisões das autoridades de saúde para controlar surtos do vírus. A testagem em massa, ao apontar as tendências da epidemia, deveria ser o instrumento para embasar a formulação de políticas das autoridades de saúde para controlar a propagação da doença. Sem isso, o poder público pode agir atrasado ou antecipar medidas drásticas que poderiam não ser necessárias.

Esse é o alerta que epidemiologistas fazem desde a chegada do coronavírus. A diferença é que, no começo da pandemia, a baixa disponibilidade de testes fazia com que muitos países tivessem que guardá-los para situações específicas. No Brasil, a testagem não vem sendo usada para guiar as políticas, como diz o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (RS). “A testagem não é prioridade porque o Ministério da Saúde nunca entendeu por que que se testa. Parece que o Ministério da Saúde sempre achou que testagem é para contar caso, quando, na verdade, testagem é uma política de saúde para identificar precocemente os casos e evitar a transmissão da doença”, disse.