Teste de farmácia para HIV chega no final de julho em Bento

2015-04-10_190211
O autoteste aprovado pela Anvisa demonstrou sensibilidade e efetividade de 99,9%

O resultado aparece na forma de linhas que indicam se há ou não presença do anticorpo do vírus HIV

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou em maio o primeiro autoteste para triagem do HIV no Brasil. O produto é destinado ao público em geral e poderá ser vendido em farmácias e drogarias. A partir do final deste mês, farmácias de Bento Gonçalves começam a oferecer o produto, mas o processo deve ser lento.
Para a farmacêutica Priscila Bortolini, a novidade é importante para quem ainda tem receio de realizar o exame. “Muita gente não faz o exame por medo do laboratório ficar sabendo da doença, e assim dessa forma é melhor, porque é um auto teste, a pessoa pode fazer em casa. A vergonha, infelizmente, muitas vezes impossibilita a pessoa de realizar o teste”, explica.
Na opinião da farmacêutica de outra farmácia consultada, ainda não há uma data para colocar o produto à venda, mas é possível que ainda neste mês já esteja disponível. “Tudo vai depender da procura, estamos esperando as pessoas virem pedir o medicamento. Mas temos a informação de que uma das nossas representantes já disse que o produto já está na listagem para chegar ao estabelecimento”, afirma.
De acordo com a coordenadora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, Adriana Cirolini, a opção do autoexame é algo positivo. “Será um ponto positivo pelo fato do acesso livre, porém ao ter resultado reagente deve-se procurar serviço de saúde”, diz.
Segundo Adriana, todos os serviços de saúde pública, incluindo o Centro de Testagem e Aconselhamento, do município, possuem testes rápidos com acesso facilitado. “Eu reforço para que as pessoas procurem e realizem os testes rápidos de HIV, SÍFILIS, HEPATITE B e C”, reforça.
Como funciona o teste
De acordo com a documentação do processo de registro do produto, o teste funciona com a coleta de gotas de sangue, semelhante aos testes já existentes para medição de glicose por diabéticos.
O resultado aparece na forma de linhas que indicam se há ou não presença do anticorpo do vírus HIV. A presença do anticorpo mostra que a pessoa foi exposta ao vírus que provoca a Aids. O resultado leva de 15 a 20 minutos para ficar pronto. O teste funciona para os dois subtipos do vírus que provocam a Aids.

Eficácia
O autoteste aprovado pela Anvisa demonstrou sensibilidade e efetividade de 99,9%. Porém, o produto só é capaz de indicar a presença do HIV 30 dias depois da exposição.
Esse período de um mês é o tempo que o organismo precisa para produzir anticorpos em níveis que o autoteste consegue detectar. Se uma nova situação acontecer após esse período, um novo teste precisa ser feito, respeitando o prazo necessário para detecção e as confirmações necessárias.
Se o resultado for negativo, a recomendação é que o teste seja repetido 30 dias depois do primeiro teste e outra vez depois de mais 30 até completar 120 dias após a primeira exposição.
Se o resultado for positivo, o paciente deve procurar um serviço de saúde para confirmação do resultado com testes laboratoriais e encaminhamento para o tratamento gratuito adequado, se for necessário.

Regulamentação
A possibilidade do registro de autoteste para o HIV surgiu em 2015, quando a Anvisa regulou o tema. De acordo com a regra, esse tipo de teste deve trazer nas suas instruções de uso a indicação de um canal de comunicação para atendimento dos usuários que funcione 24 horas por dia e o número do Disque Saúde 136.
O preço do produto será definido pelo mercado, já que no Brasil não existe regulação de preços para produtos de saúde e a Anvisa, por lei, não pode fixar esse valor. O teste de farmácia para Aids não poderá ser utilizado na seleção de doadores de sangue, já que, para isso, existem outros procedimentos.