Terreiras de culto africano denunciam a Pasin perseguição política e religiosa

2015-04-10_190211
Depois de ouvir os representantes e advogados, Pasin declarou-se supreso de tal denúncia, pois admitiu - durante a audência que foi registrada em vídeo pelos participantes - ser frequentador de terreira e admirador do culto africano

Depois de duas notificações fiscais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Município exigindo criação de empresa e outra de licença ambiental, a Mãe Lisi de Iemanjá acompanhada de outros Pais de Santo, advogado e da representante da Frente Parlamentar da Assembléia Legislativa em Defesa dos Povos Tradicionais de Matriz Africana pediu audência com o prefeito Pasin para denunciar perseguição religiosa e política, já que é sua terreira é única das mais de 300 existentes no município a precisar de tais documentações, segundo relatório fornecido pela assessoria de Comunicação do próprio Pasin.
Na audiência, na última terça-feira, Pasin foi informado das leis que amparam terreiras de Culto de Matriz Africana que desobrigam de qualquer licenciamento ou alvarás.
Depois de ouvir os representantes e advogado, Pasin declarou-se supreso de tal procedimento, pois até admitiu – durante a audência que foi registrada em vídeo pelos participantes – ser frequentador de terreira e admirador do culto africano.
Depois de mais de uma hora de audiência e ânimos acalmados, Pasin garantiu que nenhuma Casa de Santo precisa ou precisará de alvará ou licenciamento ambiental no município. Guilherme Pasin se comprometeu, ainda, de criar um núcleo, dentro da Secretaria de Cultura, que tratará especificamente das Casas de Culto de Matriz Africana Bento Gonçalves.

Intolerância Religiosa

A Mãe de Santo, Lisi de Yemanjá, que sentiu-se perseguida e desencadeou este movimento comemora o desfecho. “ Depois de quatro meses de perseguição, preconceito e ameaças de vizinhos evangélicos, além duas notificações da fiscalização da Secretaria de Desenvolvimento, até tentei me enquadrar e abri uma empresa, me adequei ao PPCI, e mesmo, assim as denúncias não paravam. Resolvi, então, buscar ajuda e esclarecimento com o núcleo do CIDREMA , também com o advogado especializado em causas africanas, Roberto Seitenfus, Pai Tiago De Bará Onilú, Mãe Dídùn Oyn Osùn e a representante da Frente Parlamentar da Assembléia Legislativa em Defesa dos Povos Tradicionais de Matriz Africana, Elis Regina Gomes de Vargas”, revela a Mãe de Santo

Legislação específica
O advogado Roberto Seipemfus esclareceu ao Prefeito Guilherme Pasin e ao secretário Silvio Pasin, que a sacralização do Povo de Matriz Africana, além de ser regular e constitucional, é uma questão que envolve tradição de um povo, por essa razão deve ser respeitada. “A tradição faz parte, não meramente do abate e sacrifício, como é exposto muitas vezes, mas de uma questão tradicional de um povo, inclusive, existem legislações que respeitam esses cultos”, afirma.
Já Elis Regina, que estava em nome da Assembleia Legislativa do RS, destacou que a intolerância acontece de forma acentuada e contínua, e em muitos casos, envolve briga entre vizinhos. “Estamos acompanhando, pela Assembleia, assim como fizemos em todos os lugares onde somos chamados. Nós ajudamos a tomar as medidas cabíveis e nesse caso sobre quem fez a denúncia e porque só esta terreira foi notificada entre as 300 existentes no município. Nós entendemos que esse caso se trata de uma perseguição religiosa”, anfatiza.
Por sua vez, o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Silvio Pasin, mesmo com uma gravação telefônica comprovando que estava ciente da primeira e segunda notificação entregue por fiscal de sua secretaria, desconversou alegando que não sabia da segunda notificação à mãe de santo, e que “esta administração não compactua com atos de intolerância ou perseguição religiosa”. “Estamos primeiramente num país laico- reforçou o secretário, que foi chamado à reunião às pressas – onde todas raças e credos são aceitos em todo o país. Nunca tivemos problema nenhum com isso e nossa preocupação foi dar um caminho para que as cosias se resolvessem de forma rápida. Muitas vezes pra nós é difícil executar a lei. Eu sou uma pessoa extremamente aberta”, pontuou. O secretário disse ainda que sua secretaria assim como a atual administração estácomprometida em criar o núcleo para melhor atender essa demanda.

Depois de ouvir os representantes e advogados, Pasin declarou-se supreso de tal denúncia, pois admitiu – durante a audência que foi registrada em vídeo pelos participantes – ser frequentador de terreira e admirador do culto africano

Depois de ouvir os representantes e advogados, Pasin declarou-se supreso de tal denúncia, pois admitiu – durante a audência que foi registrada em vídeo pelos participantes – ser frequentador de terreira e admirador do culto africano

 

“ Depois de quatro meses de perseguição, preconceito e ameaças de vizinhos evangélicos, além de duas notificações da fiscalização, até tentei me enquadrar e abri uma empresa, me adequei ao PPCI, e mesmo, assim as denúncias não paravam. Resolvi buscar ajuda e esclarecimento”, revela a Mãe de Santo Lisi de Iemanjá