Taxistas exigem em manifestação que aplicativo Uber deixe de operar em Bento Gonçalves

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Representante do Sindicato dos Taxistas, Maria Alice da Silva, diz que categoria perdeu de 70 a 80% de faturamento nos últimos meses

Mais de 50 taxistas participaram de ato na Via del Vino na manhã desta quinta-feira,13, afirmando que empresa multinacional atua de forma irregular no município

Os taxistas de Bento Gonçalves paralisaram o trânsito da Rua Marechal Deodoro, bairro Centro, por pelo menos uma hora nesta quinta-feira, 13. Mais de 50 motoristas participaram do protesto contra o funcionamento da empresa UBER em Bento. Segundo a representante do Sindicato dos Taxistas, Maria Alice da Silva, a categoria (que conta com 92 carros) é contra o funcionamento irregular do Uber na cidade.
“Nós queremos que o aplicativo Uber seja regularizado, e que tenha um número X de motoristas, do contrário pedimos que proíbam que o aplicativo funcione”, protesta. Desde que a empresa multinacional começou a atuar no município, no início do ano, os taxistas da cidade começaram a perder clientes, ao menos é o que afirma Maria.
“Nosso faturamento caiu de 70 a 80%, principalmente no período noturno. Enfrentamos problemas nos finais de semana porque vem gente de outras cidades para trabalhar com o aplicativo e sabemos que no final das corridas os motoristas entregam um cartão particular, prometendo descontos, e isso é ilegal”, desabafa.
Ainda segundo a taxista, há pelo menos dois meses a categoria está cobrando uma posição do governo municipal. “O prefeito disse que depende da Câmara de Vereadores e procuradoria, mas queremos que isso seja resolvido o mais rápido possível, e que eles paguem os impostos, como nós pagamos”, exige.
O Secretário de Mobilidade Urbana, Amarildo Lucatelli garantiu, em entrevista, que na próxima segunda-feira, 17, haverá uma audiência com o prefeito para analisar a questão. “Já atendemos um grupo na última semana e o prefeito pediu para o jurídico trabalhar nisso o mais breve possível”, garante.
Ao ser questionado sobre a atuação dos motoristas Uber, Lucatelli, concordou com os taxistas de que a classe está sendo prejudicada. “Temos a informação de que alguns motoristas do Uber ocupam até mesmo os pontos dos taxistas. Queremos que essa situação seja resolvida o mais rápido possível, porque da forma que está é ilegal”, enfatiza.
As manifestações da população no Facebook, no entanto, não são favoráveis aos taxistas. Marlene Walecheski, uma das internautas, se posicionou a favor do Uber. “Não conseguem viver se não for abaixo das custas do governo, é bom comprar o carro pra trabalhar bem baratinho, não estão satisfeitos, passem pro UBER, é muito melhor”, disse na postagem. Gian Bressaneli também se posicionou contra a classe dos taxistas.
“Uber é muito melhor, em todas as questões. Enquanto os taxis estão protestando, os Uber estão trabalhando. Eu acho que tem espaço para todos e o cliente tem o direito de escolher o que melhor lhe serve”, disse. Já Adeildo Nogueira se limitou a dizer que “Bento não está com vocês nesse protesto”.

Uber em Bento
Em 2014 o aplicativo Uber começou a funcionar no Brasil, e em novembro de 2015 os primeiros motoristas atuavam em Porto Alegre. Na Serra Gaúcha, Caxias do Sul foi a primeira cidade a aderir ao aplicativo, que chegou ao município em outubro do último ano. Em Bento Gonçalves o movimento foi mais lento, e apenas em fevereiro deste ano começaram a trabalhar os primeiros motoristas Uber.
Em abril, após mais de dois meses de serviço, mais de 40 motoristas estavam cadastrados no aplicativo. Na época a equipe da Gazeta fez uma reportagem especial, e constatou, em entrevistas, que alguns motoristas chegavam a trabalhar 12 horas por dia, fazendo uma média de 40 corridas diárias. Alguns motoristas garantiram que ganhavam mais de R$ 3 mil ao mês.