Sucesso da uva sem semente da Embrapa supera a importada

2015-04-10_190211

Desenvolvida pela Embrapa Uva e Vinho, a uva sem reduz dependência da importação e é destaque em publicação nacional

Desde 2018, a uva sem semente domina as vendas brasileiras do primeiro semestre, posição que antes era dos produtos importados do Chile, de acordo com dados da Seção de Economia e Desenvolvimento da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), principal entreposto de comercialização da fruta no país.
Segundo a reportagem da Folha de São Paulo, o movimento ganhou força este ano, com a produção do vale do São Francisco bancando a demanda interna.
Segundo a reportagem o país ainda compra de Chile, Peru e Argentina, mas o volume caiu. Em 2011, importava 34 mil toneladas de uva fresca. Em 2018, importou só 19 mil toneladas; e neste ano, até setembro, 13,2 mil. Não há dados separados sobre uvas sem sementes, mas analistas dizem que elas acompanham esse comportamento.
A história da fruta nacional sem semente começou em 2012, com a BRS Vitória, desenvolvida pelo programa de melhoramento genético da Embrapa Uva e Vinho
Preta, doce, tolerante à chuva e com baixo custo de cultivo, a variedade se adaptou tanto ao clima temperado da Serra Gaúcha como ao semiárido do Nordeste.
Em Petrolina e Lagoa Grande (PE) e em Juazeiro, Casa Nova e Curaçá (BA), virou uma das uvas dominantes, com 1.500 hectares plantados.
Nos últimos cinco anos, os viticultores nordestinos substituíram as estrangeiras Crimson (vermelha) e Thompson (branca), pouco resistentes à chuva, pela Vitória.
Também intensificaram técnicas com química para forçar quebra da dormência e brotação da videira, o que deu a possibilidade de escolherem quando iniciar o ciclo produtivo, a depender da demanda, diz Gabriel Bitencourt, engenheiro agrônomo do Ceagesp.
O Chile, que ainda aposta na Crimson e na Thompson, só colhe de janeiro a abril.
Especialistas destacam outros dois movimentos: a consolidação da uva sem semente mesmo em época de crise financeira e a liderança disparada do Nordeste nesse setor.
De janeiro a junho deste ano, a participação de uvas sem sementes brasileiras foi de 6,5 mil toneladas; a de importadas, 2,1 mil. Em 2011, a relação era de 1,1 mil toneladas frente a 7 mil das estrangeiras.