Site de hospedagem aponta Bento como a 4ª cidade mais hospitaleira do país

2015-04-10_190211

Pesquisa realizada pelo Airbnb aponta o município na 4ª posição, e locatários contam sobre a experiência de alugar imóveis e os desafios de engajar novos hospedes

A segunda maior cidade da Serra Gaúcha e uma das principais do Brasil, Bento Gonçalves é a 4ª cidade brasileira mais hospitaleira, de acordo com aplicativo Airbnb, que disponibiliza imóveis para serem alugados por diárias. São João del Rei (MG), Penha (SC) e Teresópolis (RJ) lideram o ranking.
Completam a lista, Piumhi (MG), Florianópolis (SC), Resende (RJ), Vitória (ES), São José (SP) e Caxias do Sul (RS), nesta ordem de colocação no ranking do aplicativo. A plataforma que aluga a diária de imóveis e quartos analisou os 10 destinos mais acolhedores com base nas avaliações dos usuários em relação aos seus anfitriões nos últimos 12 meses. Atualmente mais de 140 pessoas disponibilizam seus imóveis para locação através do Airbnb em Bento.
A atriz de teatro, Mahrcia Carraro, afirma que começou a alugar em janeiro de 2016, ainda quando o Airbnb não era popular no município. “É bem legal a experiência de alugar porque conheço várias pessoas. No início foi difícil, mas como as avaliações foram positivas comecei a alugar mais frequentemente”, conta. Com preço média de R$ 75 por diária, Mahrcia afirma que o lucro é relativo, dependendo da época do ano.
“Em janeiro deste ano lucrei R$ 1500 e posso dizer que foi o mês mais lucrativo, porque geralmente ganho em torno de R$ 350 por mês”, conta. Ainda de acordo com a atriz, turistas de diversas partes do país já se hospedaram em seu apartamento. “Já veio gente do nordeste, Bahia, Uruguai. Tem muita gente também de São Paulo que vem”, afirma.
Investir num apartamento e dedicar tempo com os hospedes exige paciência, dedicação e planejamento. É dessa forma que pensa Anelise, que aluga desde março do último ano. “É preciso levar a sério. Eu, por exemplo, tenho uma planilha de custos e controlo cada rolo de papel que compro. E o que mais ocorre é de os hóspedes dizerem que vão chegar num horário e chegarem horas depois. E tu tem de estar à disposição”, explica. Anelise também recebe hospedes de diversas regiões do país e, de acordo com ela, uma das melhores experiências de alugar é a oportunidade de realizar contatos.
“Recebo muitas pessoas de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, até mesmo do Amazonas e do Acre. Essas meninas acreanas me trouxeram castanha e teve uma ocasião em que uma mineira me trouxe doce de leite. Então essa é a parte que amo, que é a de conhecer pessoas. A minha primeira hóspede foi do Rio. Quando eu ia para lá entrei em contato e ela se dispôs a ser minha guia”, conta.
Alugar um imóvel, no entanto, tem pontos negativos, exigindo um pouco mais de cuidado por parte do proprietário. “Tem alguns clientes que estragam as coisas e não dizem. Quem tem esse tipo de trabalho tem de ficar 24h cuidando whats. É preciso ter tempo para se dedicar”, ressalta.
A rotina corrida, alinhada com a falta de tempo, faz Anelise pensar em deixar de alugar. Segundo ela, em 2018 não deve mais trabalhar com isso. “Pelo trabalho e por ter diminuído muito a lucratividade não devo mais alugar no próximo ano. A diferença não compensa tanto trabalho na média dos meses”, lamenta.

A experiência internacional
Mauro César Noskowski começou a alugar pelo Airbnb em novembro do último ano. “Meus primeiros hospedes foram de Portugal e Bélgica. Fiquei impressionado como pessoas de tão longe encontraram minha casa no interior da cidade. Em maio eles retornaram a se hospedar e viraram meus amigos”, comemora.
Após a experiência de alugar uma casa de campo, Noskowski alugou o apartamento em Bento. Segundo ele o investimento consistiu em reformar e mobiliar o apartamento. Além do aluguel do próprio imóvel, ele também administra a residência da mãe, que também colocou no Airbnb.
“Pelo Airbnb nossas residências aparecem nos 190 países que ele alcança. Nos dá tranquilidade, pois os hospedes precisam se cadastrar e podemos aceitá-los ou não, dependendo dos comentários de outros anfitriões. Além de que, não nos envolvemos com a questão financeira. O Airbnb cobra dos hospedes e nos paga 24hs após a hospedagem dos hospedes. Outro fator importante é que declaramos no Imposto de Renda todos os rendimentos recebidos através do Airbnb”, explica.
Noskowski diz estar satisfeito com os aluguéis e investe para gerar novos negócios. “Passei a oferecer, bem como ar condicionado, principalmente para o frio.TV Smart para poderem assistir via Netflix. Wi-fi é obrigação. Alem de todos os itens de cozinha, cama e banho”, afirma.
O anfitrião ainda conta que ja participou das atividades de hóspedes. “Fui mostrar o pôr do sol no alto de um morro e eles curtiram demais. Se o hóspede quer interagir, dentro do possível, participo”, comenta.
Na avaliação dele, hóspedes nas residências resultam em dinheiro circulando no comérico, “pelos bairros, na padaria,no açougue,no mercado, na feira, no ônibus. É um modo dos turistas vivenciarem o local. Eles compram produtos locais e preparam suas refeições, já que em hotéis não é oferecido este serviço. Disponibilizo material de turismo da cidade, telefone de mecânico, de táxi”, acrescenta.
No entanto, Noskowski se queixa que o transporte público deixa a desejar. “Uma pena que nas paradas de ônibus, não são oferecidas indicações de linhas, com informações como para onde os ônibus vão? Quais os horários?”.
Ele finaliza dizendo que o mês de setembro foi “péssimo” para os negócios, mas que os demais foram excelentes. “Julho, supera sempre, os hotéis lotam e sobra para nós também”, conclui.

Diferenças entre tipos de hospedagens
Resort
Nos resorts, há toda uma infraestrutura voltada para o lazer e entretenimento, com espaços dedicados ainda a tratamentos estéticos, recreação e atividades ao ar livre. Ao se hospedar em um resort, o turista pode tranquilamente passar o dia todo sem sair do estabelecimento. Além das categorias variarem entre 4 e 5 estrelas, os resorts podem ser caracterizados por outro padrão: o all inclusive, que significa que hóspede não vai pagar nada a mais além do valor cobrado pela diária.
Hotel
Hotéis são os lugares onde os hóspedes são acomodados em quartos mobiliados e desfrutam de serviços como café da manhã, internet, telefone, banheiro privativo, estacionamento e outras facilidades que podem ou não estar inclusas na diária. Os hotéis são classificados por estrelas, sendo aqueles com 1 estrela os mais simples e econômicos, e os de 5 estrelas os mais sofisticados e refinados, com serviços exclusivos.
Hotel Fazenda
Os hotéis fazenda aliam as atividades ao ar livre dos resorts, mas com uma diferença mais que acolhedora: os ares rústicos e campestres de suas instalações. Sempre instalados em ambientes rurais, o foco é a exploração agropecuária, proporcionando assim uma vivência única em meio a cenários típicos do campo.
Pousada
Os serviços das pousadas incluem recepção, alimentação e alojamento. As categorias vão de 1 a 5 estrelas.
Flat ou Apart Hotel
Os apartamentos contam com dormitório, banheiro, sala e cozinha equipada, com a incrível vantagem de uma administração muito parecida com a de um hotel.
Há serviços de recepção, limpeza e arrumação em estabelecimentos classificados de 3 a 5 estrelas. As diárias costumam ser caras, mas é possível alugar por longas temporadas, sem o que o valor final seja tão encarecido como acontece em hotéis.
Hostel ou Albergue
Hostel é o termo estrangeiro traduzido para o português como albergue. Neste meio de hospedagem, as diárias são mais convidativas e os quartos, geralmente, são coletivos. Os hóspedes são, na maioria, jovens que querem economizar com a estadia e que estão em busca de novos contatos. Atualmente, já é possível encontrar hostels com quartos duplos ou com suítes para casais.
Airbnb
No início, era um site em que pessoas alugavam apenas quartos na sua casa. Mas deu certo, e hoje disponibiliza apartamentos e residências inteiras para a locação, deixando o hóspede mais à vontade, além de ser mais viável economicamente.