Sirvam nossas façanhas de modelo ao patriarcado

2015-04-10_190211

VANESSA DALPONTE | Advogada, pós-graduada, especialista em direito das mulheres e práticas feministas. Pesquisadora integrante do Grupo de Estudos de Gênero da UFRRJ

 

As olimpíadas de Tóquio tem chamado atenção pelas ações que promovem a igualdade de gênero, especialmente pelo apoio do Comitê internacional Olímpico (COI)..
Pela primeira vez na história dos Jogos, o número total de atletas é igual entre homens e mulheres.
Ainda não podemos dizer que as disparidades tenham sido completamente superadas, mas as distâncias dimininuíram.
A prova dos desafios fica bem estampada na mudança do vestuário que gerou multa a seleção Norueguesa de Handebol de Praia, por jogarem de shorts semelhante aos que os homens usam.
A equipe de ginástica da Alemanha, também trocou os collants, por macacões, nos treinos na fase qualificatória, dando força a esse movimento igualitário contra a sexualização do corpo feminino.
Para as brasileiras a Olimpíada japonesa ficará na história como um ponto de virada, as mulheres ja quebraram o recorde de medalhas conquistadas em uma edição dos Jogos sendo que, até agora, das quatro medalhas de ouro três são delas – Ana Marcela, na maratona, Rebeca Andrade na ginástica e a dupla de velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze.
Entretanto, foi a medalha de prata no Skate, vinda Rayssa Leal de apenas 13 anos, que fez o Brasil parar.
Já imaginaram a quantidade de skatistas extraordinárias que deixamos de conhecer porque foram desistimuladas a praticar um esporte até então masculino?
Quantas meninas tiverem negado o acesso ao skate, futebol, artes marciais, bateria, guitarra e outras tantas possibilidades que não condiziam com a educação binária sexista que é imposta a maioria das mulheres?

Esporte não tem
gênero, mas
meritocracia.
O desempenho das mulheres pode ajudar o Brasil a superar seu recorde em uma edição das Olimpíadas, mas também deve servir para aniquilar de vez por todas as desigualdade de gênero no esporte profissional.