Silicone x Amamentação: saiba o que é mito ou verdade e tire suas dúvidas

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Amamentação é um assunto que costuma gerar ansiedade. Mesmo parecendo um processo natural, algumas mães precisam de um pouco mais de tempo e cuidado para aprender. O caminho para
a decisão de colocar silicone também é cheio de questionamentos. Muitas mulheres querem fazer a cirurgia plástica, mas ficam em dúvida se poderão ou

Mas será que quem tem silicone não pode amamentar?

Na maioria dos casos, o silicone não causa problema, nem impede a amamentação porque não costuma alterar a estrutura da mama, apenas o tamanho e o formato. Isso, no entanto, se a prótese for colocada pela base da mama ou pela axila. Se ela for colocada pelas aréolas, os ductos mamários (canais que levam o leite das glândulas até o mamilo) podem ser atingidos. A cicatriz, formada ao longo do trajeto para colocação da prótese, atravessa a glândula mamária, alterando a continuidade dos ductos” Rodrigo Rosique, cirurgião plástico, pai de três filhos. Isso quer dizer que não afeta a produção de leite, mas a passagem dele das glândulas para o mamilo.

Colocar a prótese de silicone atrás da glândula mamária pode atrapalhar na amamentação?

Isso é um mito. A posição da prótese e o perfil (alto ou superalto, por exemplo) e o formato (cônico, redondo e oval) não interferem nos ductos mamários. Em contrapartida, um procedimento que precisa ser analisado com cuidado por quem tem vontade de amamentar é quando o silicone é associado à mastopexia (quando se retira o excesso de pele dos seios) ou à mamoplastia redutora (redução dos seios) porque eles alteram, sim, a estrutura da mama. “Haverá alteração da anatomia e integridade da glândula mamária, além de incisão ao redor da aréola para elevá-las”, afirma o especialista. Quando maior a redução do seio ou a retirada de pele, maior a transformação e as chances da amamentação ser prejudicada.

Lembre-se:

Mesmo as mulheres mais saudáveis podem ficar doentes e serem orientadas pelo médico a não amamentar durante este período. Em geral, esse impedimento é temporário, enquanto a amamentação pode continuar por meses ou até anos. Nesses casos, é muito importante que as mães continuem estimulando a produção de leite por meio da ordenha e armazenamento de leite para que, assim que se recuperar, a mãe possa amamentar seu bebê sem problema. Se parar com o estiimula, a mama vai deixando de produzir leite.

Para ficar de olho

Também é preciso ficar de olho no período entre a colocação da prótese e o aleitamento por conta das possíveis complicações. Infecção e acúmulo de sangue, seroma ou leite ao redor da prótese são problemas que podem ocorrer, geralmente, após seis meses de cirurgia. “O que reforça a orientação de não associar prótese e amamentação”, acrescenta o cirurgião plástico. A contratura, uma complicação decorrente das próteses de silicone, é uma das únicas que não aparecem nos seis primeiros meses depois da operação. É comum que nosso organismo forme uma espécie de casca em volta da prótese. “Essa cápsula pode, com o tempo, ficar grossa e vai encolhendo e causando deformidades no seio”, esclarece o cirurgião plástico Wendell Uguetto, pai de Paola e Pietra e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. É uma situação incômoda e pode dificultar a amamentação por conta da dor, mas não influencia na produção de leite.

Se algumas dessas complicações acontecer, quais são alternativas?

Caso você não consiga amamentar o seu filho, o mais indicado é oferecer as fórmulas de leite hidrolisado, segundo a nutricionista Maria Flávia Sgavioli, filha de Cecília e Tadeu. Os leites de vaca comuns possuem um teor de proteína que organismo do bebê ainda não consegue digerir e pode causar irritações de pele, cólica e refluxo. “A fórmula tem as proteínas do leite quebradas. Isso significa que elas já estão quase toda digeridas para facilitar o processo para o bebê”, explica a especialista da Estima Nutrição. A quantidade que a bebida será dada vai depender da orientação do pediatra e da disponibilidade da mãe. Alguns médicos indicam amamentação por livre demanda e outros recomendam que o bebê mame de 3 em 3 horas durante o dia e de 4 a 6 horas de madrugada.

Posição para amamentar: muda pra quem tem silicone?

A enfermeira Soyama Brasileiro, mãe de Matheus, Lucas e Marina confirma: a posição adequada é aquela em que a mãe se sentir mais confortável! Seja no estilo cavalinho, com a mãe deitada ou sentada com o bebê de frente para a mama, o importante é se sentir bem. A especialista, coordenadora de Aleitamento da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, faz uma observação diferente em relação a cuidados específicos que a mulher deve ter no terceiro e no quarto dia após o nascimento do bebê. Nesse período, a produção de colostro, primeiro leite, aumenta. “Por isso, a mãe deve fazer um teste e tocar nas aréolas antes de amamentar. Elas devem estar macias para o bebê pegar”, ensina.

Quando você realmente não pode amamentar

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que as mães amamentem exclusivamente por 6 meses e, depois da introdução de outros alimentos, até os 2 anos ou mais, sem especificar limite. Mas algumas vezes a melhor opção pode ser não amamentar mesmo, como no caso de algumas doenças transmitidas pelo leite. Em outras situações, bem que você gostaria de dar de mamar, mas uma cirurgia plástica que rompeu os dutos frustra esse desejo. Veja as situações em que isso acontece.

HIV – Não pode

O vírus pode ser passado no leite materno para o bebê. É recomendado o uso de fórmula infantil, ou, preferencialmente, o leite humano pasteurizado, disponível em bancos de leite.

Hepatites – Melhor não

Na dúvida, é melhor não amamentar. Muitos especialistas dizem que não há problemas se a mãe têm Hepatite B e se a criança foi vacinada. E que, na Hepatite C, o aleitamento materno pode ser feito se não houver fissuras e sangramento nos seios da mãe. Mas, para a infectologista Ivelise Giarolla, mãe da Marina e da Lorena Mas, a médica infectologista Ivelise Giarolla, mãe de Marina e Lorena, a Hepatite B é transmitida pelo leite e que, mesmo com a criança vacinada, considera muito arriscado. No caso do vírus C, ela afirma (ao perguntar: “Como garantir que não haverá fissura? Acontece com muitas mulheres, comigo mesmo aconteceu nas duas vezes que amamentei”. Na dúvida, é melhor não arriscar.

Mastite – Pode

Essa dolorosa infecção na mama é tratada com antibióticos e com amamentação frequente e/ou retirada do leite materno por meio de ordenha. Além de dar de mamar, bebe bastante líquido, descanse e, se necessário, tome a medicação para a dor recomendada pelo seu médico.

Tuberculose – Depende

É possível amamentar, mas só se você estiver tomando a medicação apropriada para tratar a doença. Caso contrário, não deve nem mesmo entrar em contato direto com o recém-nascido até que comece o tratamento adequado e a fase infecciosa da doença já tenha passado.

A doença não é transmitida pelo leite materno e, sim, por gotículas de saliva contendo o agente infeccioso. As mães que ainda não estiverem em tratamento podem, portanto, começar a extrair seu leite logo após o parto e armazená-lo para oferecê-lo ao bebê até que possam amamentar diretamente.

Redução de mamas – Depende

A cirurgia para reduzir o tamanho dos seios apresenta mais chances de interferir na amamentação. Com ela, a mulher pode ter os bocais reposicionados, resultando no corte total dos canais de leite ou nervos. Mas essa não é a regra, muitas mulheres que passaram por esse procedimento conseguem amamentar. Quanto mais tempo se passar após a cirurgia, maior a probabilidade que o aleitamento materno, ou pelo menos a amamentação parcial, seja bem sucedido.