Seu pet é bem-vindo – mudança de postura que agradou o consumidor

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Adesivo sinaliza estabelecimento onde pets são bem-vindos

O número de estabelecimentos que aceitam a presença de animais de estimação cresce a cada ano, movimenta a economia e gera satisfação por parte de clientes

O número de pessoas que possuem animais de estimação cresce dia a dia. Mas ainda hoje, os apaixonados por pets enfrentam um problema: diversos estabelecimentos ainda não aceitam ou não possuem estrutura adequada para receber clientes acompanhados por seus animais. Mas essa realidade está em franca transformação. Nos últimos anos, muitos empresários perceberam que adaptar-se a essa nova situação pode sim ser um ótimo negócio. Não só para fidelizar a clientela antiga, mas principalmente, para atrair novos consumidores, que não abrem mão de frequentar locais que acolham da melhor forma possível seus pets.
Que o diga a empresária Solange, 47 anos. Ela e a cadelinha Belinha são inseparáveis e esse o amor pelos animais – além da experiência de ter a pequinês de oito anos quase como uma filha – fez com que abrisse as portas (há anos) para os pets que acompanham seus clientes. “Eu levo ela em praticamente todos os locais que frequento. Do salão de beleza à casa de amigos, porque a Belinha faz parte da minha rotina”. E ressalta. “Como cliente, eu já procuro locais que ofereçam essa possibilidade”.

A labradora de Janete cresceu no salão de beleza, rodeado por clientes e amigos

Solange acredita que esse contato com os animais faz bem, até para a saúde das pessoas. “Eles nos dão mais amor do que nós a eles; é uma relação muito especial, um amor incondicional”, avalia. Para a empresária, essa mudança de postura por parte dos estabelecimentos, essa abertura, é muito importante. “Quando as pessoas saem de casa com seus pets, elas querem seguir sua rotina tranquilamente, sem precisar voltar para casa para deixar seu bichinho de estimação porque, porque acaba sendo um transtorno”, explica.
Na sua loja, no centro da cidade, um adesivo na porta deixa claro que lá, animais de estimação são muito bem-vindos. Ela afirma que pessoas adoram entrar no estabelecimento e encontrar os pets. “Inclusive a Belinha, que já se tornou parte do meu dia-a-dia de trabalho”, comenta.

Tamanho não é documento
A iniciativa de Solange é compartilhada por muitos empresários, como Janete, 37 anos, proprietária de um salão de beleza. Segundo ela, além da própria estrutura do estabelecimento estar apta para acomodar os bichinhos, o local abriga também um pátio onde os pets de maior porte podem ficar mais a vontade. “Acho que faz uns três ou quatro anos que iniciamos a campanha ‘Seu pet é bem vindo aqui’. Eu, inclusive, tenho um labrador que cresceu aqui no salão, com todos nós”, relembra.
Janete, afirma que ter um animal de estimação é algo muito especial. Mas ressalta que os donos também precisam ter bom senso, e certos cuidados. “Para nós, é muito bom receber o cliente acompanhado de seu pet. Mas a pessoa que chega precisa ter bom senso, saber preparar seu animal de estimação para frequentar os locais de forma tranquila, sem sobressaltos. Especialmente na questão de higiene, em relação às necessidades básicas”. E assegura. “Sabemos que corremos um risco, mas achamos que vale a pena”.

No salão de Janete , animais de estimação são recebidos junto com os clientes

A empresária explica que, sob o ponto de vista do negócio em si, é uma ótima maneira sim de impulsionar o movimento no estabelecimento. “Quero receber bem meu cliente, quero que ele venha até aqui e quanto menos empecilhos eu criar, melhor”, frisa. Mas ela destaca que essa postura está relacionada, principalmente, aos seus princípios, valores. E finaliza “Não teria como nos comportarmos de forma diferente”.

Parte da família
Essa maneira de perceber o animal de estimação como parte da família é algo que a administradora Juliana, de 39 anos, conhece bem. Mãe de três filhos, ela ainda reserva uma dose extra de amor para o vira lata Théo, de dez anos. “Ele participa ativamente da nossa rotina, dos programas familiares. Está sempre com a gente”, explica.
Para ela, essa mudança de atitude por parte dos estabelecimentos que se intensificou nos últimos anos é ótima. “Muitas pessoas acabam deixando de fazer algum programa, um café, ou uma viagem, por exemplo, porque não podem ficar juntos deles”. Mas frisa que sempre existe o outro lado. “Precisa ter bom senso, claro, porque existem pessoas que não gostam, e até tem medo dos animais. Acho que cabe ao dono conhecer seu pet para saber se o comportamento dele é aceitável em determinado estabelecimento ou não”, avalia.
A opinião é partilhada pela representante comercial Laurwi, 59 anos. Ela e sua collie Angela adoram viajar, mas o destino está sempre atrelado à possibilidade de os locais receberem ou não animais. “A dificuldade de se ter um cão de médio ou grande porte é justamente na hora de pegar a estrada. Ainda são poucos os locais que aceitam a presença dos pets, e às vezes, a única opção é deixa-los em hospedagem específica para animais”, lamenta.

Theo tem dez anos e é visto como parte da família da administradora Juliana

Lauri frisa que essa escolha, além de nem sempre ser econômica, pode causar estresse no animal. “Para nós, ele é parte da família, e demanda atenção e cuidados como tal. Por isso eu sempre procuro ir para lugares que possam receber ela (Angela), tanto em viagens quanto na minha rotina do dia-a-dia”, comenta. Mas destaca a importância da postura responsável do dono. “Não só na higiene, mas também no uso de coleira e guia em ambientes onde seja necessário esse uso por questões de segurança”.

Adaptação e responsabilidade
Atualmente, o setor hoteleiro da região vem se adaptando a essa nova realidade, e já existem muitos hotéis e pousadas que oferecem serviços especiais aos animais de estimação. Alguns estabelecimentos comerciais já possuem, inclusive, adesivos na entrada que indicam a receptividade aos pets (ver foto). A prática cunhou o termo “pet friendly” para indicar os locais onde os bichinhos são bem-vindos.
Mas a cobrança da sociedade para essa postura receptiva se estende também a restaurante, cafés e lanchonetes – que podem e devem se adaptar a esta nova exigência do mercado. No caso de locais ligados à alimentação, a principal questão envolve a existência de uma área externa que possa acomodar os pets. O motivo é que, segundo a legislação, animais não podem permanecer em locais onde alimentos são manipulados.
Mas indiscutível é a questão de responsabilidade, apontada por todos os entrevistados. O uso de coleira e guia em determinados ambientes (como shoppings e outros locais de circulação), os cuidados com a higiene em relação às necessidades básicas, e principalmente, o preparo do animal para a convivência pacífica e sadia em locais frequentados por outras pessoas são pontos importantíssimos. Observar esses critérios pode ajudar a garantir um passeio livre de aborrecimentos e com a certeza, de ótima companhia.